03/03/2013

Atividade Paranormal dos convíctos.

A razão é vendida mais porque é fresca ou é fresca porque é mais vendida? 
Eu não sei dizer. Saber que o contrário existe e tentar compreende-lo deixa o sujeito mais sereno, eu acho. Reconhecer que o oposto faz parte da harmonia dá ao equilíbrio o destaque que ele merece. Subjugar posições contrárias a ponto de perder o sono me parece ilógico, nos leva ao rancor. O rancoroso corre à parte, ou, aos medrosos, juntam-se em pequenos grupos. Identificamos um sujeito com esse perfil de imediato, acho que todos nós identificamos um convícto, menos os próprios se identificam, se quer, enxergam-se. Tarjam os contrários como se fossem assim ou assado, um mal a ser exterminado e caem de pau em cima deles e o cair de pau, pra mim,  é embriaguez pura. 
Identificar e ponderar é sinal de saúde intelectual, não respeitar posições contrárias é doença e me parece das mais graves.
O sujeito parcial tem opinião sólida e faz questão de mostrar ao mundo sua solidez de reflexão, como se isso fosse sinal de caráter incontestável de idoneidade, prefere morrer que arredar o pé e crê, do fundo da alma, com a certeza de neurônios em abundância, que veio ao mundo dotado de uma percepção sobre-humana. Tenta a qualquer custo convencer que você não consegue ver o que ele está vendo. Se vê como um verdadeiro deus ou deusa a serviço dos homens e mulheres na terra. Geralmente se sentem reprimidos e incompreendidos e assim reagem com muita intolerância.
Mas também o parcial pode ser um comprado, um submetido a interesses terceiros. Difícil compreende-los qual a razão para agirem assim.
Razão é uma palavrinha tão comum na língua portuguesa, só tem seis dígitos e a usamos normalmente. Ela se expressa em grau aumentativo. Razão me lembra coisa rasa em extensão, não faço ideia da origem morfológica, mas toda vez que penso nela lembro de outra palavrinha: convicção. A convicção de se estar com a razão o tempo todo é pra mim o xis da questão e para quem julga sempre tê-la como prioridade de vida, está com sérios problemas. O sentido da razão pode estar em posição oposta ao sentido da convicção, ambas são mutantes e se adaptam à cada situação de acordo com os ventos que, ora vêm do noroeste, ora do sudeste, diferente dos parciais. Sabe-se lá delas com exatidão, o que penso ser muito legal.
Tenho duas convicções: uma é não ter convicção alguma e outra é ter convicção de que posso mudar de convicção a qualquer momento. E que se dane a anterior.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ou não, como não diria Caetano, embora haja convictos de que ele disse, sim.

Romeu disse...

Boa!