30/04/2013

O último segundo da triste história de Ana Júlia.

Em reverência à hipocrisia.

Ela nunca imaginou que chegaria a este ponto, querer dar cabo da própria vida, mas é o que entendeu ser a única saída. 
Nem nos pensamentos mais absurdos, Ana Júlia considerou que um dia pudesse pensar nisso. A vida toda acreditou piamente que, por mais difícil que fosse a situação, o suicídio jamais ela cometeria. Oportunamente se manifestava contra a atitude mesquinha das pessoas fracas de espírito: em hipótese alguma uma pessoa poderia cometer um ato tão pequeno contra si próprio, isso é coisa de quem não tem Jesus no coração.
Ana Júlia, aos trinta e oito anos, casada desde os dezenove, fiel ao marido, educando as duas filhas com o maior fervor da fé cristã, envolveu-se com outro homem.
Jacinto, o galante dono da maior funerária da cidade, foi um canalha  da maior estirpe. A iludiu, a fez de gato e sapato, sob juras de amor eterno, lisonjeiras aos extremos, dilacerando seu coração e o corpo sublime por entre os caixões vazios da agência da Rua XV de Novembro.
Por ele, pela atenção recebida de tão nobre cavalheiro, Ana Júlia deixou de lado todas as convicções de mulher séria, bem casada e mãe de família. 
Somente agora soube o que ele pretendia - ganhar a aposta que fizera com os amigos do bar. O vídeo bombou na Internet, foi parar no You Tube com mais de um milhão de viewers, maculando definitivamente sua reputação.
Lhe restava, portanto, o desaparecimento, simples e direto e do alto da montanha, por entre as rochas, Ana Júlia se atirou.

28/04/2013

A violência do Estado


QUEM É QUEM NESSA HISTÓRIA?
 

O primeiro sentimento quando nos deparamos com fatos como o ocorrido esta semana em São Bernardo do Campo, onde uma pessoa de bem foi queimada viva em seu próprio ambiente de trabalho por ter apenas trinta reais na conta bancária, é dos mais primitivos possíveis. 
Por alguns instantes, não sei precisar por quanto tempo exatamente, vem um desejo insaciável de pegar com as próprias mãos a pessoa ou as pessoas que cometeram a desumanidade e aplicar nelas duas ou mais vezes a mesma dor que elas provocaram na vítima incauta. Bem devagarinho, olhando no fundo dos olhos delas, de preferência em praça pública, diante de milhares de pessoas gritando vai-vai, mata-mata, para que elas sintam na pele toda nossa repulsa pela sua existência equivocada. Esquartejá-las em seguida dando os restos de seus corpos ensanguentados aos cachorros famintos.
O tamanho do ódio que explode dentro de nós é tão grande ou maior, quanto o mal que essas pessoas representam por estarem, simplesmente, vivas.
É natural esse sentimento, afinal, somos humanos e ninguém é de ferro, pô! Há reações eletro-químicas em nossos corpos que disparam energias muito além do nosso controle e quanto maior for a crueldade constatada, maiores serão essas reações. Elas são impulsivas. 
É sinal de saúde, eu acho, desde que esse sentimento não se estenda para além do efeito da adrenalina. Depois disso penso tratar-se da mesma anomalia que o delinquente carrega dentro de si vinte e quatro horas por dia.
O duro é que não se trata de um episódio isolado esse de São Bernardo, um do tipo que aconteceria a cada cem anos. Convivemos com a violência e não é de hoje. Aliás, ela está cada vez maior, ramificada, estruturada e cada vez mais próxima da gente.
Diariamente nos deparamos com notícias da mesma natureza e a cada crime os requintes de brutalidade aplicados pelos marginais se intensificam. E o pior, sabemos o quanto essa barbárie pode nos alcançar, o risco parece eminente.
Claro que a violência não está somente em São Paulo, na grande São Paulo ou no Brasil, o planeta está saturado, mas este é o país onde vivemos e é nele onde criamos nossos filhos e depositamos nossas esperanças e bem sabemos como são as coisas por aqui. Passa o tempo e nada muda pra melhor é só blá-blá-blá de fulano A, B ou C.
Para não embarcar no mesmo ódio, penso que devemos dizer um não bem grande à pena de morte para casos de extrema crueldade. Vale mesmo a estes, uma bela pena-de-vida-reclusa ao torturador. Prisão perpétua aos caras do mal, lá não sei aonde, bem longe de nós. Sem direitos humanos, esses de apologia que não se alinham à perspectiva da realidade da perversidade. 
Seriam vistos pela sociedade como aberrações, independente da idade que tenham, nítidas formas de vida mal explicadas, experiências genéticas mal sucedidas, ou coisa assim. Ficariam disponíveis para experimentos científicos substituindo os ratos de laboratórios.  
Bom seria se perdessem definitivamente a identidade civil. Seus nomes deixariam de constar dos registros de cartórios, apagando também qualquer vestígio de que um dia pudessem ter existido como cidadãos comuns. 
Nas prisões federais, locais de controle absoluto, eles seriam identificados através de códigos de barras, tatuados em vermelho cor de sangue pela testa e pelas costas ou em micro chips implantados em suas carnes na região lombar do corpo. Seriam submetidos a criteriosos e objetivos trabalhos forçados na produção de bens de consumo para a sociedade, assim custeando a operação carcerária e laboratorial para as suas existências confinadas. 
Nem mesmo direito a visitas eles teriam, seja lá de quem fosse, já que, se penalizados, como querem alguns, de forma capital, por injeções letais, por cadeiras elétricas, forca, guilhotina ou câmara de gás, seus parentes e amigos jamais os veriam novamente. Essa seria a lógica, tratá-los como meras aberrações desprovidas de qualquer tipo de rastro humano. Assim como  vermes e bactérias.
Parece duro demais, não é mesmo? Eu sei, também achei cruel o que escrevi. A adrenalina segue a mil por hora nas minhas veias. Repito, se ao menos estivéssemos diante de um fato isolado, um daqueles que acontecessem a cada cem ou duzentos anos, daria outra dimensão ao fato. 
Mais duro ainda é que nem bem assimilamos cada ocorrência, outras tantas chegam na mesma velocidade, fazendo-nos esquecer das anteriores muito rapidamente, numa sucessão angústias. 
A violência impera hoje em dia no país, acho que muito mais que ontem. Quem nos garante que nas próximas vezes, nossos nomes não estarão estampados nas primeiras páginas dos jornais, com nossas fotos grampeadas do Facebook, escancarando os sites e programas de TV sensacionalistas. Só de pensar dá calafrio.
Li uma frase de efeito outro dia dizendo que um escravo que tem dois donos não é um escravo, mas sim, um homem livre. O contexto descrevia o “duplo comando" nas relações humanas, nas empresas e na sociedade como um todo, argumentando que nessa condição, a operação fica fragilizada e o homem acaba não atendendo nem a grego e nem troiano comprometendo a produção e possibilitando a sua fuga.
Sim e não. Penso que, quando um escravo passa a ter dois donos, ele não vive por muito tempo, fatalmente será vítima de um desses donos ou de ambos ao mesmo tempo em consequência da luta pelo seu controle. 
É mais ou menos como vejo a situação do Brasil especificamente, muito intenso na criminalidade, mesmo considerando que há violência no mundo todo. Estamos nós, pobres mortais, entre a bandidagem das ruas e a bandidagem dos palácios, sem ter para onde correr. Se ficamos o bicho nos pega nos faróis, nos cruzamentos ou nos consultórios dentários, se corrermos o bicho nos come vivos dentro das linhas da lei. Uma nação que tem duplo comando tem o povo  vivendo sob o caos. É um absoluto estado de desorganização instituída. A ordem e o progresso vão para o espaço, perto das estrelas.
Duas coisas precisamos fazer urgentemente para mudarmos essa condição: darmos um não bem grande às drogas, de qualquer natureza, pois elas alimentam o crescimento e a organização da bandidagem e na mesma proporção, um outro não enorme, aos políticos, governantes e afins que costumam se apresentar como revolucionários, pois estes se alimentam dos bandidos produzidos pelo próprio sistema.
Sabe aquela história do gato que corre atrás do rato em volta de uma mesa redonda? Pois é, chega uma hora que a gente não sabe mais quem persegue quem e nem muito menos, quem é quem do gato ou rato, até que um deles avance sobre a gente do nada tentando nos devorar.
Portanto, o ódio tem de ficar de lado. Vale mesmo estarmos atentos, lúcidos e dispostos a mudar tudo o que for preciso, com coragem e sem idolatrias, vale para pequenas ações do cotidiano. Devolva o troco quando, por engano, lhe derem a mais, por exemplo e não aceite do estado, esmolas disfarçadas de direitos adquiridos. (de nenhum dos dois estados).
Acho que dessa forma teremos alguma chance.

26/04/2013

Eu no Castelo do Lalau.

Estive recentemente num local que se tornou emblemático na cidade de São Paulo. Um claustrofóbico edifício de muitos andares, mais de vinte eu acho. De arquitetura robusta e tendenciosa ao modernismo. Lá foram centralizados os julgamentos das ações trabalhistas da cidade, local onde empregados e empregadores, acompanhados de advogados e representantes, diante do juiz ou juiza põe a boca pra quebrar. O circo é lá.

Do meu celular
Fui ao Tribunal Regional do Trabalho - TRE/SP convocado pela empresa onde trabalho como testemunha numa ação trabalhista movida por um antigo funcionário.
Essas coisas são muito chatas, encontrar um colega de trabalho numa situação constrangedora não é nada fácil, mas senti que o colega reclamante estava mais constrangido do que eu. Eu, na verdade, não me sentia assim, estava mais para surpreso com tudo o que via e, naturalmente, um pouco incomodado. Sabemos que não é nada pessoal. Naturalmente ele se viu no direito de pleitear alguma coisa e recorreu à justiça. Nada demais isso.
Mas a questão não é essa. O que me chamou mesmo a atenção foi o edifício em si. Um monumento de concreto e vidro cuja arquitetura destoa dos antigos prédios vizinhos na Barra Funda.

Tratava-se como disse do TRE/SP, edifício cuja obra deu o que falar. Para sua construção foram repassados pelo Ministério da Justiça a soma de R$ 223,9 milhões  e desse montante foram desviados cerca de R$ 169,5 milhões e, pasmém, o mentor do desvio nada mais nada menos que um juiz Seu nome: Nicolau dos Santos Neto, o homem presidia a comissão de obras da construção do TRE/SP.
Em Miami onde comprou uma enorme mansão e desfilava com carros luxuosos, esbanjando gorjetas de até 500 dólares se tornando o rei da cocada preta entre os latinos E gringos da cidade.
Um verdadeiro escândalo que foi descoberto e, pasmém ainda, a justiça brasileira, caiu de pau no gato. Prenderam o sujeito através de deduragens, pelo dinheiro mal repartido entre os bandidos ou coisas assim. Soltaram o homem e o prenderam de novo e depois, pelas entre-linhas das leis o fizeram cumprir a pena em sua própria residência, aliás, outra mansão luxuosa que fica no Morumbi, bairro nobre de São Paulo. Aquele que é cercado de favelas por quase todos os lados. E por final, recentemente, o prenderam de novo, agora em regime fechado. Mesmo idoso, com mais de 80 anos e com a  saúde fragilizada, o velho Lalau, como ficou conhecido, foi parar atrás das grades. A lei da bandidagem é bastante severa, não perdoa, bem diferente da nossa.
Parte do dinheiro retornou aos cofres públicos, a outra, nem sabemos onde foi parar, provavelmente revertida nos bens que foram adquiridos pelo ex magistrado, na condição de suprema de corrupto e nas mãos de outros tantos envolvidos. Enfim, pulverizou-se.

Entrando no edifício de pronto me senti agoniado, a energia era tão negativa que cheguei a perceber fantasmas me rodeando, sem exageros, senti de verdade. Quem sabe, fantasmas de trabalhadores que já se foram deste mundo sem mesmo ter resolvido pendências pleiteadas enquanto vivos. E a presença dos vivos, os advogados, advogadas, reclamantes e reclamados, os seguranças me incomodaram também. O clima é péssimo para quem tem ojeriza disso tudo.
O Edifício do Lalau é representativo. Grandioso, exagerado e inescrupuloso. Foi construído com exuberância com intenção de centralizar os diversos fóruns que existiam no passado, mas nitidamente, nada funcional. Ouvi dizer por lá que se estuda distribuir fóruns pela cidade novamente. Afinal o estado tem de plantação de dinheiro, pra ele fica mais fácil essas decisões.
O TRE/SP é sem dúvida mais um monumento ao modo brasileiro de gerir recursos públicos, uma reverência à  formação do país que é rico em histórias de escândalos. Um país do verde das matas e dos verdes dos dólares acumulados nas mãos de poucos. Talvez por isso haja tanta corrupção.


Sai fora Satanás! Cai fora fantasma do cacete. Vai para o raio que o parta onde está o Lalau, agora tomando mingau.

25/04/2013

Marketing errado

Por mais que eu me esforce, por mais que eu tente me empolgar, me envolver com o ufanismo de grande nação, não dá, não consigo, realmente está além das minhas forças.

Ontem perdi meu tempo assistindo futebol pela TV, uma partida daquelas que poderia ser das boas, bem gostosas, com direito a hino nacional e tudo de direito. Uma com seleção brasileira vibrante, rica em talentos, uma do escrequete canarinho que sempre remetem aos bons tempos e mais uma vez restou a decepção.
Ainda mais, ouvindo um narrador e dois comentaristas mais preocupados em atenuar o espetáculo vexatório que se escancarava pela tela high tech, chegou a ser patético. E põe patético nisso.
Dava gosto mesmo era ver as tomadas aéreas do Mineirão, por helicóptero e câmera HD, talvez se fosse durante o dia o efeito não teria sido o mesmo. Na verdade a tecnologia camuflava uma grande mentira, a Copa do Mundo no Brasil. Tem muito dinheiro envolvido nisso tudo.
Continuo acreditando que foi precipitado trazer o evento para cá. Além das lambanças na ordem de bilhões, a única herança das tantas prometidas será mesmo um monte de estádios a La Europeus, onde alguns, se quer, terá times para se apresentar. 
Nas redes sociais, fenômeno contemporâneo, as pessoas contestavam a narrativa de Galvão Bueno sobre o acesso ao Mineirão, do quanto estava fácil das pessoas chegarem ao estádio reinaugurado. Muitos dizendo que o trânsito na cidade estava um caos. Lembrando que se tratava somente de uma partida treino, para avaliações de alguns novos convocados, nada mais que isso. 
Para mim a sensação foi de me deparar com um sujeito que não toma banho por mais de uma semana vestido com um elegante Armani. Bonito, chique, porém, mal cheiroso.
Se tivéssemos o tempo de mais umas dez copas do mundo pela frente, talvez fosse  possível apresentarmos ao mundo um espetáculo de organização sem que pagássemos tanto por tão pouco.
A seleção? Nada de novo. Individualmente, um mais talentoso que o outro, mas o conjunto, nem sinal dos bons e velhos tempos quando não existia, ao menos na proporção de hoje, tanta gana pela grana.
Tá certo isso, Arnaldo?



23/04/2013

Azedo

Ando meio azedo. De vez em quando a gente muda o humor sem que nada de grave tivesse acontecido, simplesmente acordamos e pronto, nos tocamos de que não estamos pra muita prosa. O pior é que não se trata de um único dia de mal humor, faz dias que ando assim, semanas, talvez. De saco cheio mesmo, bem cheio e nem sei direito do que.

Me dei conta do mal humor no domingo passado quando voltava pra São Paulo, no caminho percebi meu azedume e não era por estar na véspera da segunda feira, que nada, faz pelo menos duas semanas que venho me sentindo cansado, enjoado dessa rotina maçante que me deixa com os cabelos que me restam em pé.
Será que o tal do Saturno desalinhou-se com Plutão invadindo o campo de Marte provocando dias tensos e mal acabados? Sei lá, essa pindaiba de horóscopo deve ser como Deus, esse de barba que castiga os não crentes, ambos inventados como tranquilizantes aos desacorsoados.
Portanto, paro por aqui. Quanto mais eu escrevo mais eu me irrito e ninguém tem nada a ver com isso.

19/04/2013

Mais cem anos de solidão


SEGUNDO ME CONTARAM. (Eu não acredito, por isso espero por mais cem anos, se for preciso)

Segundo alguns, não há crescimento na inflação na economia brasileira. Está tudo sob controle.
Segundo alguns, não há desemprego e o nível de ofertas de trabalho está cada vez maior. É fruto de um governo trabalhista obstinado a manter-se às suas origens.
Segundo alguns  o sistema de saúde está se restabelecendo e em tão pouco tempo, dez anos apenas, está se recuperando de forma aceleradíssima, situação nunca vista antes. 
Segundo alguns a educação está recebendo a atenção e investimentos cada vez maiores. Ensino, básico, fundamental e superior reorganizados. Professores e profissionais da área aumentam em número e qualificação. Um verdadeiro espetáculo. 
Segundo alguns não há a menor possibilidade de ter havido maracutaia nas eleições na Venezuela. A recontagem dos votos seria pura especulação e as manifestações de cerca de 50% do país seria uma tentativa de golpe de estado arquitetada pelo imperialismo americano. (O passarinho voltou a contar ao novo presidente). 
Segundo alguns, a violência desenfreada e sem controle pelo estado em São Paulo é o resultado do desgoverno tucano que há vinte anos se instalou por aqui. 
Segundo alguns o novo prefeito está impingindo um novo modelo de governo municipal. Mais aberto, claro e transparente. Sempre disponível aos apelos dos manifestantes espontaneamente reunidos.
Segundo alguns o país está cada vez melhor. Novos horizontes estão despontando, o sol brilha renovando as esperanças. Faremos a melhor Copa do Mundo do mundo. A imprensa velha mente, está sob controle da oligarquia e omite a verdade. 

Segundo outros, há inflação na economia brasileira, o caso do tomate a R$ 150,00 a caixa espelha bem isso. 
Segundo outros, a economia descontrolada impõe a informalidade na relação de trabalho. O governo que se apresenta trabalhista é uma farsa. 
Segundo outros, o sistema de saúde único está cada vez pior. Mais gente morre nas filas de espera de rins, mais médicos despreparados, menos remédios disponíveis nas prateleiras dos postos de saúde.
Segundo outros, o nível de ensino do brasileiro está reduzidíssimo. Professores mal pagos e profissionais da educação que julgam ter salários pequenos, devem procurar remunerações maiores no ensino privado.
Segundo outros, melhor seria fazer a recontagem dos votos na Venezuela. Somente para todos se certificarem da regularidade da eleição. Que mal teria isso?
Segundo outros a violência em São Paulo é resultado da política federal que não apoia com recursos o desmantelamento das facções criminosas cada vez mais poderosas. E o estado tem controle sim, não é bem assim.
Segundo outros o novo prefeito é mais um marqueteiro. Excelente na retórica, mas de pouca ação. Mais um petista corrupto que ilude a população.
Segundos outros, o Brasil tem solução sim, é só deixar nas mãos deles que tudo se resolverá. Isso de imprensa controlada é pura bobagem. Intriga da oposição. 

Segundo eu, vão todos catar coquinho.

18/04/2013

"A História se divide em 4: Antiga, Média, Momentânea e Futura, a mais estudada hoje"

JOVENS BRASILEIROS ESCREVERAM ISSO. REPRODUZO AQUI. 
As frases abaixo são respostas do exame do ENEM em 2012. ENEM para quem não sabe é o Exame Nacional do Ensino Médio, modelo adotado pelos Ministérios da Educação desde os governos do final dos anos 90 e é uma ferramenta de medição da qualidade do ensino-médio no país. Ensino médio é o equivalente ao antigo Colegial e aos jurássicos Normal e Científico que vinham logo após o Ginásio que era precedido pelo Primário, hoje ambos fazem parte do Ensino Fundamental. 
O ENEM não é um vestibular propriamente dito, mas serve de ingresso às universidades públicas.
Não sei se as respostas são representativas dentro imenso universo de estuantes brasileiros, mas vão de encontro ao que sabemos das condições de ensino no país, de ontem e de hoje.
Apesar de engraçado num primeiro momento pelo excesso de criatividade, confesso que por algumas até gargalhei, na verdade elas preocupam e muito. 
Não dá para se divertir diante de tanta mediocridade. Parece que um finge que ensina o outro finge que estuda e quem manda finge que promove o ensino e o resultado é uma grande mentira. É claro que o comprometimento dessa geração de brasileiros já se foi. É mais uma geração de mesmismos. 
Ou interrompe-se o desperdício de dinheiro público imediatamente, encarando-se efetivos investimentos em educação ou a mazela continuará por outras tantas gerações. É de se lamentar.

O Brasil não teve mulheres presidentes mas várias primeiras-damas foram do sexo feminino. 

Vasilhas de luz refratória podem ser levadas ao forno de microondas sem queimar. 


O bem star dos abtantes da nossa cidade muito endepende do governo federal capixaba. 


Animais vegetarianos comem animais não-vegetarianos. 


Não cei se o presidente está melhorando as insdiferenças sociais ou promovendo o sarneamento dos pobres. Me pré-ocupa o avanço regresssivo da violência urbana. 


Fidel Castro liderou a revolução industrial de 1917, que criou o comunismo na Russia. 


O Convento da Penha foi construído no céculo 16 mas só no céculo 17 foi levado definitivamente para o alto do morro. 


A História se divide em 4: Antiga, Média, Momentânea e Futura, a mais estudada hoje. 


Os índios sacrificavam os filhos que nasciam mortos matando todos assim que nasciam. 


Bigamia era uma espécie de carroça dos gladiadores, puchada por dois cavalos. 


No começo Vila Velha era muito atrazada mas com o tempo foi se sifilizando. 


Os pagãos não gostavam quando Deus pregava suas dotrinas e tiveram a idéia de eliminá-lo da face do céu. 


A capital da Argentina é Buenos Dias. 


A prinssipal função da raiz é se enterrar no chão. 


As aves tem na boca um dente chamado bico. 


A Previdência Social assegura o direito a enfermidade coletiva. 


Ateísmo é uma religião anônima praticada escondido. Na época de Nero, os romanos ateus reuniam-se para rezar nas catatumbas cristãs. 


Os egipícios dezenvolveram a arte das múmias para os mortos poderem viver mais. 


O nervo ótico transmite idéias luminosas para o cérebro. 


A Geografia Humana estuda o homem em que vivemos. 


O nordeste é pouco aguado pela chuva das inundações frequentes. 


Os Estados Unidos tem mais de 100.000 Km de estradas de ferro asfaltadas. 


As estrelas servem para esclarecer a noite e não existem estrelas de dia porque o calor do sol queimaria elas. 


Republica do Minicana e Aiti são países da ilha América Central. 


As autoridades estão preocupadas com a ploleferação da pornofonografia na Internet. 


A ciência progrediu tanto que inventou ciclones como a ovelha Dolly. 


O Papa veio instalar o Vaticano em Vitória mas a Marinha não deixou para construir a Capitania dos Portos no mesmo lugar. 


Hormônios são células sexuais dos homens masculinos. 


Onde nasce o sol é o nacente, onde desce é o decente.
O tempo passa, o tempo voa e a Poupança Bamerindus continua numa boa.


17/04/2013

Qual seria a idade mínima?

ALGUÉM SABERIA DIZER QUAL SERIA A IDADE MÍNIMA? 
Cena recorrente em São Paulo e nas grandes cidades brasileiras. Isoladamente, o ímpeto é pela pena de morte, é claro. A adrenalina explode no corpo da gente. Ao assistirmos cenas como essas torcemos para uma reação da vítima desferindo uma enorme bala na cabeça do criminoso. 
Redução da maioridade para 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14 anos? Sim, acredito que sim, por mais absurdo que seja. Revisão do código penal deixando ela mais dura, zerando qualquer benefício? Vamos em frente, estou nessa também. 
Porém, muito mais que isso, é preciso revisar a fábrica. Uma sociedade que produz tantos bandidos, engravatados ou não, é uma sociedade com problemas crônicos. Não podemos aceitar discursos ufanistas distantes da realidade, nem, muito menos derrotismo, embora me esforce cada vez mais para não entregar as rédias. Uma sociedade que perdeu a direção, no caso nosso, possivelmente, nunca teve. Acho que aí está o problema.


16/04/2013

O tropeço do Juiz que ninguém precisa saber, para o bem das instituições.

NINGUÉM QUERIA, MAS DE TANTO QUE INSISTIU, GIOVANI BUSTAMANTE FOI O PADRINHO NO CASAMENTO DA NETA EUNICE. 
A sala do Cartório era pequena, o juiz entrou acompanhado da assistente, uma senhora de óculos de aros grandes e lentes grossas. Presentes, o noivo, Luiz Eduardo, os pais dele, Dona Maria Luiza e Seu Oscar, o primo Ademir com a esposa, Lucilene e as duas filhas, Mara e Marilda. 

Pelo lado da noiva, a própria, Eunice Bustamonte, a mãe dela, Dona Mafalda e o padrasto, Dr Antonio, cirurgião dentista. Também a amiga de infância, companheira de sempre, Maristela com o marido, Carlão e os avós, Dona Margarida e Seu Giovani. Um escrivão na sala contígua fazia suas tarefas sem se importar com a movimentação ao lado. 

Os proclames foram ditos com resignação de homens responsáveis, livres de qualquer suspeita. Em voz branda e pausada, porém firme, sem brilho que pudesse sugerir entusiasmo, mas com muito detalhamento que cansavam os ouvidos dos presentes. 

Nada se ouvia além da voz do Juiz de Paz do 26˚ Cartório de Casamentos do distrito da Penha. Um choro discreto no fundo e um espirro da menina mais nova quase interromperam a locução. O oficial não dava sinais de tolerar qualquer intervenção.

De repetente um sonoro e longo ruído fez estremecer as cortinas, ruborizar as faces dos mais tímidos e constranger a noiva e o noivo. Na mesma proporção o odor entupiu os narizes de todos. O Juiz manteve-se firme na proclamação. 

Ao ver que os parentes olhavam para ele, Seu Giovani foi logo dizendo: não fui eu, acho que foi o catzo ali do lado! Apontando para o escrivão que continuou seu trabalho com atenção de mestre das notas e carimbos de mãozinhas, nem, sequer, manifestando desprezo pelo cheiro forte que na sala perdurou.
Foi consagrado o casamento e todos se foram. Luiz Eduardo e Eunice, perante a lei, agora eram verdadeiramente casados. Ao fechar a porta a senhora de óculos de aros grandes com lentes grossas disse ao juiz, Ernesto, você precisa procurar um médico urgente, está perdendo o controle.

15/04/2013

O espelho

Onde estou tem uma parede de vidro e atrás dele tem um  hall com uma parede pintada de branco. O vidro é tão grande que com o fundo claro se transforma num espelho. Em dias de sol o resultado é potencializado. O espelho reflete o jardim, as pessoas e as latas de lixo recicláveis. Estou atrás desta parede como se estivesse dentro do espelho e vejo pessoas passando por ela ajeitando os cabelos ou encolhendo a barriga. Algumas olham o tamanho da bunda e outras fingem não não se perceberem.
O espelho existe e não é à toa. Olhamos para nós mesmos e camuflamos aquilo que não gostamos de ver nos outros.

13/04/2013

513 anos de mentiras e sadismos.

"O GOVERNADOR E O SECRETÁRIO DE SEGURANÇA SÃO TÃO CULPADOS QUANTO O 'HOMEM' QUE ATIROU. PAGO MEUS IMPOSTOS EM DIA E GOSTARIA QUE FOSSE MOSTRADO ONDE ESTÃO OS INVESTIMENTOS EM SEGURANÇA, EM EDUCAÇÃO E EM SAÚDE" 
Essa frase resume o sentimento de indignação, não somente de uma mãe que perdeu o filho de 19 anos, assassinado esta semana com um tiro na cabeça, bem em frente ao edifício onde morava, crime provocado por um garoto ainda menor de idade, que muito provavelmente, em breve, estará nas ruas cometendo outros crimes iguais ou piores que este. A indignação está latente na sociedade brasileira, tanto quanto sua estupidez e hipocrisia.
Tem razão a mãe quando disse que o culpado não é somente o assassino que puxou o gatilho, mas também e principalmente, os mentores do estado. O estado é tão culpado quanto o criminoso direto, pois fomenta através da sua incompetência a manutenção da desordem e se o estado é culpado, nós também devemos assumir nossa participação. Nós elegemos os candidatos aos cargos públicos, nós aceitamos as suas propostas de campanha mesmo sabendo, fingindo não saber e dando uma de politizados, que boa parte do que é prometido jamais será realizado. Nós admitimos a corrupção no dia-a-dia, aceitamos a ladroeira institucionalizada travestida de democracia, endossamos o sistema político rançoso, arcaico, fora de tempo que impede a cidadania espontânea e pior, ainda fazemos piadas das próprias mazelas, cheios de orgulho de nossa natureza brincalhona.
Há ainda os que defendem essa ou aquela bandeira a ferro e fogo, patéticos representantes do mal, nem se dando conta de que todos eles estão sob o mesmo guarda-chuva, o da mentira.
A etapa seguinte, isso é de praxe, como num roteiro de filme de segunda nada inovador, é: por uma ou duas semanas a imprensa, a população, os oportunistas, todos vêm com balelas do tipo, redução da maioridade, lei pra isso, lei pra aquilo, que falta isso e aquilo outro, tudo muito igual até cair no esquecimento, superado por outras aberrações sociais e sociológicas, mais fresquinhas. Parece que temos sede de sadismo. 
Está mais do que na hora de revermos tudo que nos foi ensinado, de deus ao diabo, do branco ao preto. Rever tudo, absolutamente tudo, sem deixar escapar nada. Tolerância zero aos dogmas, às crenças, ao sistema, ao mal e ao compreendido como bem. Vamos limpar a alma. É provável que boa parte do que nos enfiaram goela abaixo seja revelada como uma grande mentira.  Mas isso cada um de nós deve fazer quando estamos com nós mesmos, quando deitamos a cabeça no travesseiro. Talvez dessa forma haja alguma chance de melhora.
Acho que somos uma experiência mal sucedida, mas que ainda poderá ser revertida. Pela sobrevivência da espécie, devemos tentar.
  

10/04/2013

Milênio Imbecil

Penso que estamos vivendo mais um início de milênio imbecil. Este é o terceiro da era cristã e comparado aos dois anteriores, a espécie predominante pouco ou nada evoluiu. Pelo contrário, o número maior de bípedes inteligentes, aliás, "inteligentes" considerados por nós mesmos, só fez a estupidez crescer e na mesma proporção do crescimento numérico dos seres.

Se pensarmos em tecnologia, é óbvio, não há o que comparar. Acumulou-se muito conhecimento nesses dois mil e poucos anos. Do prego na cruz ao tiro na cabeça de  crianças, a raça deu um salto mais que significativo. Nesse aspecto são dois mundos muito diferentes.

Mas no que se refere ao crescimento da harmonia, pouco ou nada se percebe de diferente dos tempos da cruz.  
Na padaria a TV estava ligada, entrei e logo notei que as poucas pessoas estavam atentas ao que a repórter dizia, atenção mais que a normal, lembrando aquela dada aos jogos de finais de Copa do Mundo. Um jovem de 19 anos fora assassinado na noite anterior, ele tomou um tiro na cabeça mesmo não reagindo ao assalto. As câmeras de segurança do prédio vizinho registraram o fato. 

Até aí nada de novo, coisa mais que comum hoje em dia. Segui até o balcão e pedi os pãezinhos. Me virei e olhei para a tela quando ouvi a repórter dizendo o nome da rua onde o crime acontecera: Fernandes Vieira, bem próximo de casa. Alguém na padaria disse: Olha o Luis! O entrevistado, um vizinho conhecido, relatava o tiro que ouviu que o fez sair imediatamente à rua. Pessoas conhecidas apareceram na TV em rede nacional. 
A brutalidade mais uma vez bateu à porta, essa foi a sensação. Dando a noção exata do que é viver em 2013, tempos de ameaças de bombas nucleares, aedis aegypti, traficantes e muita corrupção. Não há diferença da violência de hoje com a de ontem, a estupidez é estupidez agora e sempre. 
A cada día me certifico que este planeta é um depósito de excrementos de vidas abolidas, experiências mal sucedidas de outras esferas que aqui foram jogadas como lixo. Somos um monte de qualquer coisa que não deu certo em algum lugar. Somos arrogantes, convencidos e crentes em estado de absoluta imbecilidade permanente. Nada mais que isso.

Me pergunto se haverá decomposição dessa excrescência no início do próximo milênio. Até por ser mais um do gênero citado, carrego a esperança.

09/04/2013

O Preguiçoso

BREVE PENSAMENTO DE UM SUJEITO QUE ANDA QUERENDO MUDAR SUA VIDA EM TROCA DE SOSSEGO. ESTARIA ELE SE REVELANDO UM SEXAGENÁRIO DOS MAIS PREGUIÇOSOS? 
O dia clareou e são quase seis e meia da manhã. Parece que hoje será melhor que ontem, não está com jeito de dia chuvoso. No céu não vejo nuvens escuras e o azul, embora não intenso, desponta para um dia claro de sol.
Hoje é terça feira. Terças feiras costumam ser dias mais tensos, tenho comigo que toda a preguiça acumulada da segunda é compensada neste dia, acordamos querendo transpor um suposto atraso. É mais angústia do que realidade.
Entendo que as terças ainda fazem parte do início da semana, um pouco melhores, não são segundas feiras. Nas terças o esquecido no sábado e domingo retomam com velocidade agoniante. É na terça feira que a coisa começa de verdade, deve ser por isso que em Brasília o pessoal começa de fato.
Terça é véspera da quarta e das quartas dizemos que a metade se alcançou e no final delas taxamos que o pior passou e logo virão a quinta e a sexta anunciando finalmente o final de semana.
Acho que vou dormir para acordar amanhã a tarde.

07/04/2013

Humanos II

SEGUEM AS TIRAS

Tio Patinhas, Batman, Mandrake, Fantasma e Humanos.

QUADRINHOS, SOU FÃ DELES ATÉ HOJE. 
Sempre gostei das revistas em quadrinhos. Durante um período da minha infância os gibis eram a forma de eu me distrair. Ficava hipnotizado com as tramas, com os personagens e admirava os enquadramentos , acho que foram minhas primeiras noções de fotografia. Não colecionava gibis, pois não tinha grana para comprá-los na banca de jornais. Conseguia um aqui e outro ali, mas acabava lendo muitos. 
Na escola, meus cadernos e livros viviam cheios de desenhos. Nunca soube desenhar com categoria, mas me atrevia na criação de personagens: professoras gostosas, moleques pentelhos, a diretora ameaçadora; tias, tios, vizinhos, primos, seja lá quem fosse, quem me aborrecesse, rapidamente se transformava em caretinhas: gordas neuróticas, amebas paralíticas e coisas assim.  De maneira tosca os passava para as folhas de papel almaço sem pauta, que dobradas e presas e fazendo os quadros das cenas, criando as estorinhas, pareciam mesmo gibis vendidos nas bancas. Claro que considerando a limitação de quem não tinha talento para o desenho, até que ficavam legais.
Nos cadernos eles se misturavam às equações de primeiro e segundo graus, às análises sintáticas, aos mapas geográficos e a Pedro Álvares Cabral. 
Resgatei da memória dois personagens. Não lembro bem seus nomes, estavam esquecidos até bem pouco tempo. Sei que era um menino e uma menina que viviam se provocando, testavam-se o tempo todo, mas lá no fundo, davam sinais de que se admiravam. Acho que dessa forma nós nos víamos, os meninos e as meninas.
Na época usava lápis de cor preto para os contornos e coloria com o vermelho, verde, azul, amarelo e de vez em quando o roxo. Hoje fiz o mesmo com um Power Point básico, Keynote no Mac. Uma e outra tecla combinadas, criaram as formas e deram as cores.
Ressuscitei o Humanos com seus eternos desentendimentos. Para mim teve alguma importância. Por isso está aqui.

06/04/2013

Humanos no domingo

UMA SEMANA DEPOIS DO PRIMEIRO DE ABRIL.
Neste domingo inicio uma série de publicações em quadrinhos. Uma singela homenagem a nós mesmos, que somos ricos em desentendimentos. 

05/04/2013

Cotidiano urbano na periferia latina.

CIDADE URGENTE, BRASIL ALERTA, O MUNDO ESTÁ DE PONTA CABEÇA. AINDA MAIS PARA OS POBRES.
Elza como de costume aguardava a chegada do marido para o jantar. Comida fresquinha nas panelas e a salada lavada, restando nela o tempero que deixava para o momento de servir a refeição.  Os filhos banhados assistiam TV quietos no sofá novo da sala. 
Luiz saia de casa todos os dias por volta das seis e meia da manhã com a mochila ao ombro e às sete e quinze da noite retornava. Da comida caseira ele não abria mão. A do restaurante, além de cara, provocava nele a azia.
A família sentia-se mais esperançosa nesses últimos tempos, naquele mês iriam pagar a última prestação do material de construção usado na reforma da casa. A mão-de-obra foi paga em duas vezes e o quarto das crianças, um adendo ao projeto original, ficou ótimo. Com as contas em dia, finalmente poderiam comprar um carro. Um 2005 ou 2006, um fiatizinho de quatro portas era o sonho de Elza, Luiz e dos meninos Tiago e Bruno. Os passeios aos domingos estariam garantidos.
Elza com 32 anos, Luiz com 34. Tiago, 11 e Bruno com 9 anos.
Os dias, as semanas, os meses pareciam se repetir. Luiz, na tornearia, Elza, nas prendas domésticas e os meninos na escola pelas manhãs, lições de casa e brincadeiras às tardes. Às sete e quinze o pai chegava. O banho dele não passava de quinze minutos. Dez e meia, quinze para às onze no máximo, todos na cama.
Nesse dia deu sete e quinze, sete e meia, oito da noite e nada de Luiz chegar. Elza estranhou. O marido não era de parar em botecos ou coisa parecida.
Dez e meia da noite e o desespero impediu com que Elza e os filhos pudessem jantar. Ouviram um carro estacionando à frente de casa. Luzes piscando deixavam reflexos amarelados nas paredes da sala. Palmas vieram do portão. Elza levantou-se para atender, seguiu em direção aos policiais que se apresentaram, perguntando tratar-se de Elza de Oliveira dos Santos, esposa de Luiz Carlos dos Santos.
Depois do sim, Elza ouviu dos meganhas o que jamais pensou ouvir: lamento informar, senhora… seu marido, Luiz Carlos dos Santos foi vítima de um assalto e nele levou três tiros à queima roupa vindo a falecer. 
Latino, corta pra mim.

04/04/2013

Não pode ser verdade

NADA SÉRIO PESSOAL, É QUE É DURO ENGOLIR FANATISMO, AINDA MAIS QUANDO UMA NAÇÃO INTEIRA É ENGANADA. 
É que acordei de veneta hoje. Uso a mesma expressão que minha mãe usava, logo de manhã quando eu começava a aprontar. Sinalizava que o dia iria ser difícil. 
Fico pasmo com as notícias que leio. Tá bom, dando o devido desconto aos exageros, mas essa do professor Girafales da Venezuela é demais, dizer que o fantasma de Hugo Chávez encarnou num passarinho e pra ele se revelou? É coisa de internação ou maquiavélica ao extremo.

O presidente-interino venezuelano, Nicolás Maduro, revela-se um boneco de marionete, um doido varrido tragado pelo fanatismo, manipulado por inteligências  articuladíssimas. 
"De repente, entrou um passarinho e deu três voltas sobre mim. Eu o senti aqui como uma benção, nos dizendo: 'Hoje começa a batalha. Rumo à vitória. Vocês têm nossas bençãos'. Eu o senti na minha alma". 
Que água é essa que bebem os irmãos venezuelanos? Seria a mesma que estão bebendo os brasileiros? 
Outra coisa: será mesmo verdade que estão querendo empalhar (já que não puderam embalsamar) o corpo de Hugo Chávez e colocá-lo numa gaiola de ouro para deixá-lo em exposição no quintal da casa onde nasceu? 

Não, não pode ser, não chegariam a esse ponto. Seria um monumento ao delírio. Que raio de evolução de raça seria essa que permitiria tamanha idiotice. 
Quem acredita no espírito não dá importância ao corpo desencarnado. 
Se for verdade mesmo, seria outra demonstração de quanto esse povo está desorientado e receoso do que poderá acontecer com seu país sem a presença do homem forte. 

Embora não tivesse concordado com sua ideologia, menos ainda com seus métodos, respeitava a personalidade de Hugo Chávez. Sem dúvida era um destemido, um inconsequente, mas nunca demonstrou medo algum. 
Contudo, a herança deixada aos venezuelanos, entendo eu, seja perniciosa, pois a falta de liberdade limita o raciocínio de qualquer ser vivo. Penso que os passarinhos quando cantam presos na gaiola, cantam, não por estarem felizes, mas, sim, gritam pela agonia de não poderem cantar como pássaros livres. Mesmo estando com os estômagos cheios de alpiste. 
Espero que essa agonia não se alastre pelas vizinhanças. Aqui as inteligências articuladíssimas também ganham espaço. Dividem a ganância com o poder paralelo, manipulando habilmente a miséria e a corrupção. Porém, ao invés da inocência, aqui reina a malandragem, dá-se corda ao algoz para depois enforcá-lo. Faz do porco uma pururuca e depois o devora até os ossos e em seguida puxam uma bela palha. 
Girafales aqui só no Chaves e olhe lá. 

03/04/2013

Calcanhar de Aquiles

A violência está cada vez maior entre nós. Conviver com 7 bilhões de pessoas não está nada fácil. Logo pela manhã os telejornais, as rádios e os sites destacam acidentes graves com mortos e sobreviventes em estado grave, crimes horríveis de toda natureza, eminências de guerras atômicas, traquinagens políticas, escândalos  e buracos nas calçadas. Uma outra notícia nos chega num tom mais ameno.
Parece que há uma preocupação por parte da imprensa, de modo geral, em chamar atenção do leitor, do ouvinte e do telespectador, pegando-o pelos calcanhares.
Haja disposição para sobreviver mantendo a sanidade, ou com um pouco dela  pelo menos.