30/08/2015

Hoplias Brasiliensis

Luis Lauro foi um amigo de infância daqueles que você pensa que conhece a vida toda. Vivíamos como irmãos ou mais que isso. Era um cara ponta firme, chegadão mesmo. Pois é, o Lula era assim, amigão desde os tempos dos carinhos de rolimã, das pipas e dos assaltos ao pé de romã no quintal do seu Carlos. Luis Lauro dos Santos, Lula para os mais chegados, eu, por exemplo.
Hoplias Brasiliensis - Lobó ou mais popularmente conhecida, Traíra.
Ficamos alguns anos sem nos falarmos, perdemos o contato quando sua família mudou-se para o interior de Pernambuco. O pai dele, o seu José, trabalhava no Bradesco ou no Itaú, não me lembro bem qual o banco que o pai dele trabalhava, só sei que ele pediu transferência para lá por causa da mãe do Lula que não andava bem da cachola. Ela era meio esquisita mesmo, o pessoal falava muita coisa dela, mas não vou entrar em detalhes, qualquer dia falo sobre a mãe do Lula.   
Depois de anos esse meu amigo retornou pra São Paulo e já estava com seus trinta e poucos anos, casado e com dois filhos pequenos na bagagem. Morava na Freguesia e por obra do acaso nos encontramos no Bar da Solange da avenida São João, aliás, no mesmo boteco onde tomamos as primeiras cervejas quando éramos garotões. Barzinho a uns cem metros da Duque de Caxias, um barateiro que até hoje abriga putas de dez reais.
Lula me contou que teve de sair de Garanhuns meio que às pressas, pois se meteu em encrenca das grossas e foi até ameaçado de morte, tocou o bode pra São Paulo num vapt e vupt. 
Bem, não deu outra, papo vai papo vem, Lula me pediu uma grana, pois estava meio duro, que iria começar na segunda numa tornearia lá em Pirituba, que a família estava passando fome, em apertos, os filhos pra criar. Ainda por cima ele me mostrou as mãos deformadas pois havia perdido dois dedos na esquerda e outros dois na direita num acidente. Parece que de bala perdida, não entendi bem a história do amigo.
Arrumei dois mil e quinhentos pra ele, mas disse que precisaria da grana de volta no máximo até o final do mês, pois poderia perder o carro caso não pagasse a prestação que já estava com duas penduradas.
O filho da mãe não só não me pagou, como sumiu, desapareceu. Vasculhei a Freguesia do Ó, Brasilândia, Pirituba e Parque São Domingos. Fui até Perus, Caieiras e Franco da Rocha e nada do lazarento. 
Soube depois que Lula foi visto nuns puteiros de Diadema e parece que estava morando agora no ABC. Se tornou achacador e cachaceiro, me garantiram isso. 
Perdi a grana, perdi o carro e toda noite vou dormir pensando no amigo que também perdi. 
Peço a Deus para que me traga ele de volta, o meu amigo Lula.  
Quando bebo um pouco mais que o normal eu penso nervoso: Trairão dos infernos, Lula cachaceiro, devolva o meu dinheiro!

Atibaia

Atibaia Notícias

29/08/2015

Galo fujão

Achei essa postagem demais e resolvi publicar aqui no meu blog. Me fez lembrar da história do galo fujão lá de Piracaia do Norte. Qualquer dia eu conto aqui.
I

Itamarandiba - Vale do Jequitinhonha

15/08/2015

A Figueira


Imagem do blogueiro intrépido
No meio do caminho tinha uma figueira. Tinha uma figueira no meio do caminho. Tinha uma figueira. No meio do caminho tinha uma figueira. 
 Nunca me esquecerei desse acontecimento. Na vida das minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei, Drumond, que... 
 No meio do caminho tinha uma figueira. Tinha uma figueira no meio do caminho. No meio do caminho tinha uma figueira. Tinha uma figueira.
 Contemplei a centenária figueira suplicando um  pouco da sua história. 
 Senti que poderia aprender. 
 Quis saber o que ela assistiu em quase dois séculos de vida. 
 Temos que aprender com a natureza. Calada ela respondeu e eu entendi: somos parte do todo, não podemos esquecer disso.

Imagem do blogueiro intrépido

02/08/2015

Cá com os meus botões

Ilustração: Jacques-Armand Cardon
A ordem é: mantermos a meta aberta pra quando ela for atingida, dobrarmos ela. 
Então, Pra frente Brasil e salve a Seleção.
Delírios: meta-aberta, meta-morfose, meta-de, meta-ástase, meta-físico e meta-lúrgico.
"Não vamos colocar uma meta, nós vamos deixar uma meta aberta: quando a gente atingir a meta, nós dobramos a meta"
E não se meta! 
Me pergunto: quando é que alcançamos alguma coisa sem ter essa coisa como meta?
Me explicariam os que creem? A mente de um descrente é limitada ao que enxerga.
Da mesma forma gostaria de saber se vocês ainda acreditam que por aqui as coisas não andam tão mal como dizem. 
A fé e os terremotos movem montanhas, segundo os crentes e os descrentes.
Bom dia!