25/01/2012

O tempo está do seu lado

O tempo está do meu lado. Marquei essa frase ouvindo pela manhã, uma antiga música dos jurássicos, Rolling Stones - Time is on my side. Uma balada boba de letra melosa, onde o rapaz dizia para a garota que poderia partir, se era isso que ela pretendia, mas que seria questão de tempo para ela voltar aos seus braços, pois ela perceberia que somente com ele encontraria o verdadeiro amor e ele estaria ali esperando por ela, pois o tempo estava ao seu lado.
Letras assim foram escritas e cantadas pelo menos centenas de milhares de vezes. São muito comuns os apelos apaixonados dos abandonados.
A música não faz jus à fama da banda mais antiga do rock and roll. Antes eram o contra-ponto de tudo, agora os britânicos são senhores bem comportados, empresários bem sucedidos do mundo dos shows. Mantém estrategicamente algum exagero no modo de se vestirem, um o outro envolvimento com drogas, nada de escândalos e muito distantes do que foram um dia. O marketing os mantém - desalinhadamente alinhados.

A frase fora desse contexto me pareceu mais interessante, fiquei só com ela - O tempo está do meu lado. O tempo está do meu lado. O tempo está do meu lado. Do meu lado está o tempo.  Lado a lado estamos eu e o tempo. Eu e o tempo estamos um ao lado do outro. Do lado do tempo estou eu. 
Poderia ser a tempo, mas o substantivo exige um artigo no masculino, portando, eu ao lado dele
Me senti importante como amigo do tempo e um pateta brincando com as palavras como fazia habilmente, Carlos Drummond de Andrade. Ele com competência poética e domínio da língua portuguesa e eu na cola, só por admirá-lo.
Como hoje é feriado aqui em São Paulo - aniversário da cidade, comemoramos os seus 458 anos - ela tem quatrocentos anos a mais que eu e estou de folga. Isto é, meia folga, a tarde tenho um compromisso de trabalho em Itaquaquecetuba, uns vinte quilômetros daqui e lá, não sendo feriado, agendaram uma reunião. Deviam comemorar os 458 anos de São Paulo no Brasil inteiro.
Nessa meia folga pude, então, soltar o pensamento quebrando a maledeta rotina. Da enorme janela de casa, aberta para entrar o ar fresco, vi a rua vazia. Poucos carros circulando e nenhuma alma viva subindo ou descendo às pressas como de costume. Tudo parado como se fosse um domingo de manhã, antes da chegada dos evangélicos que insistem em me converter ou dos pedintes que insistem na esmola. No lugar deles faria a mesma coisa.
Os primeiros raios de sol anunciavam um dia quente pela frente e por estarmos em janeiro, seria possível uma chuva forte à tarde. A cidade é grande e pode chover aqui e no bairro vizinho nem ameaçar. Tentei pensar em outras coisas, mas o tempo que estava do meu lado não me deixava. 
Me veio um mundo de lembranças, todas fragmentadas, desordenadas,  e fora de sequência. Boas, más e as sem importância. Também na minha idade é natural que se acumule  lembranças, não fosse assim estaria eu doente. Lembrar é bom, desde que sejam lembranças verdadeiras, não editadas a nosso favor, fantasiosas ou dramáticas em excesso, pois nem sempre somos anjos e muito menos demônios. Os jovens compreenderão melhor o que é isso quando o tempo bater às suas portas.
Pois é, o tempo sempre esteve ao meu lado, não havia me dado conta disso até então. Convivo com ele e sempre que preciso ele me atende com a serenidade de praxe. Me pede unicamente um tempo. Me fala baixinho ao pé do ouvido sem ninguém nos ouvindo - Calma, dê tempo à mim, te prometo que tudo se acertará, de uma forma ou de outra vai conseguir o que pretende - acredite.

Caro amigo ou amiga, há de se acreditar no tempo. Ele existe e está sempre ao nosso lado. Tempo passado e tempo presente. O tempo futuro vai nascendo a cada segundo, na medida em que ganhamos cada segundo em nossas vida.


Parabéns São Paulo, apesar de maluca, confusa e absolutamente deselegante, você é acolhedora, delicada e forte. Você é como uma mãe que briga com o filho, mas, jamais deixa de devolver carinho e paciência a ele. Você convive bem com o tempo.


Que tenha muitos segundos pela frente.




21/01/2012

O fútil da Internet

  Disponível no Google Imagem
Semana de notícias fúteis e importantes ao mesmo tempo. É só prestarmos atenção.

Uma tal de Luiza virou celebridade nacional. A adolescente de 17 anos, Luiza Rabello, bonita, com um maravilhoso sotaque nativo das terras paraibanas, que estuda no Canadá, transformou-se em celebridade sem ter feito absolutamente nada. Isso porque seu pai, inofensivamente a mencionou em um comercial de um empreendimento imobiliário para TV. No contexto do anúncio disse num determinado momento, que todos de sua família estavam ali curtindo o apartamento, menos Luiza que estava no Canadá. Bastou para alguém pinçar a frase singular e divulgar na Internet para a rápida divulgação pelas redes sociais. Piadas das mais criativas surgiram de tudo quanto é canto.
Luiza Rabello - UOL
A moça, sem entender a repercussão retornou ao Brasil já na condição de mega star. Convites da imprensa para entrevistas, agências de publicidade, programas de TV, rádios, todos querendo saber quem é essa Luiza. Sua mãe, a mãe de Luiza que estava no Canadá, incumbiu-se do empresariado, assim administrando a onda. O pai, atônito, sorri na foto. Talvez já calculando os dividendos.
Sabemos até que Luiza é flamenguista por imposição do irmão, que é doente pelo time do Rio de Janeiro e que tentou ser uma atleta praticando modalidades na praia e que o esporte sempre esteve muito presente em sua vida e que quer voltar o quanto antes para o anonimato lá em João Pessoa ou mesmo aos amigos canadenses.
Campanhas publicitárias, milionárias, certas vezes não conseguem tamanha eficiência. As redes sociais e a internet transformaram o mundo.

Soubemos que um tal de Daniel foi eliminado do BBB por ter se comportado de forma inadequada, ferindo as regras do programa. Ele teria se aproveitado do estado etílico avançado de Monique, uma das participante, para, nada mais nada menos, cometer um estupro, após uma festa promovida pelo programa, sabendo que era observado por centenas de câmeras e assistido milhares de pessoas.
Daniel e Nicolle - UOL
O caso repercutiu na imprensa com proporções de importância vital ao País.
Li e assisti algumas reportagens sobre o assunto como um perfeito idiota. Acho que todos temos, ao menos um pouquinho de curiosidade em assuntos que não nos dizem respeito. Com tanta coisa pra pensar, ainda me deixei levar por essa onda estúpida.
Tanto o Daniel quanto a "vítima" negam o acasalamento. Disseram que não passou de carícias, essas foram as palavras, na maior cara de pau. Mas a Promotoria e o Delegado, num gesto em defesa da honra e dos bons costumes, fizeram questão de irem adiante com a história. Não se deram por convencidos e até roupas íntimas da moça, lençol e cobertor foram requeridos. Um dos maiores destaques da semana nos noticiários e nas redes sociais.

Costa Concordia - UOL
Os desdobramentos em torno do comportamento do Capitão Francesco Schettino, comandante do transatlântico, Costa Concordia que esfregou-se em uma rocha em que os radares não detectaram, numa aproximação aparentemente irregular, tombou o navio bem próximo à Ilha de Giglio na Itália, em 13 de janeiro último.
Cerca de quatro mil e duzentas pessoas, entre passageiros e tripulantes, apavorados e sem orientação, foram resgatados por botes durante a madrugada fria que se seguiu. Cerca de 29 pessoas estão desaparecidas e outras onze encontradas mortas. Os números são atualizados a todo momento.
Volte a bordo, Schettino, Volte a bordo, Cazzo! Foi o que exigiu o chefe da guarda costeira, o Comandante, Gregorio di Falco que se transformou em herói nacional.
Segundos os relatos o tal do Schettino deu uma de cretino e o di Falco o pegou no flagrante.


E agora essa. Uma professora de Taubaté - SP, Maria Verônica, de 25 anos, anunciou com ampla divulgação pela mídia, estar grávida de quadrigêmios. O assunto teve destaque na impressa e na internet nos últimos dias. 
Maria Verônica - UOL
Nesta madrugada a farsa foi revelada. A professora, após passar mal ontem à noite e diante de tentativas de amigos e familiares para encaminhá-la a um hospital, revelou a mentira. Ela não está grávida, nem de um filho se quer.
Como assim? A família acreditou durante o tempo todo no exame de ultrasonografia, possivelmente copiado de algum site. E o marido, a mãe dela, o pai, sei lá mais quem, ninguém suspeitou de uma barriga maxi enorme de silicone, totalmente disforme e em desalinho com o resto do corpo e com cara de quem não está grávida? 
A jovem professora sugeriu logo quatro filhos no ventre. Ao menos poderia inventar uma história com um só, iria gastar menos borracha na barriga e menos panos nos vestidos. Além do que, para livrar-se do enrosco em que se meteu, poderia dizer que em virtude de uma flatulência noturna, após ter comido repolho em demasia a barriga esvaziara-se. Iriam acreditar da mesma forma.


Cada conto, um ponto. E na net multiplicam-se os pontos.

Fala-se o que quer, ouvimos e lemos o que nos passam. Todos se envolvem, até a Luiza, que já está por aqui levantando uma grana para depois voltar ao Canadá onde o povo não compreendeu a piada brasileira.



Disponível no Google Imagem
Além da fama, Luiza curtiu o BBB e para o Canadá irá de avião, pois de navio agora tem medo, muito mais se o comandante tiver pinta de canastrão de novela mexicana. E espero que não retorne grávida, pois ainda é muito jovem para isso.



15/01/2012

Que diabo é isso?

Seu Aristides não se conforma. De tanto que os amigos lhe encheram o saco, trocou sua velha máquina de escrever por um computador, desses que chamam de lap top, todo moderninho. Disseram a ele que com o novo equipamento poderia trabalhar de forma mais rápida. E os documentos do escritório de contabilidade, seu primeiro e único emprego, desde os tempos em que seu pai lhe ensinou o ofício, ficariam mais adequados e melhor arquivados. A nova máquina ofereceria uma infinidade de modelos de letras, tamanhos, cores e outros tantos recursos. Além disso, não precisaria mais do papel carbono, as malditas folhas meio plastificadas com tinta preta estampada no verso que lhe sujavam as mãos e difíceis de serem encontradas nas papelarias - somente por encomenda. Com uma impressora que deveria também ser adquirida, faria quantas cópias quisesse. E melhor, cópias coloridas, se precisasse. Bastaria, depois de tudo pronto, apertar um botãozinho chamado print e elas sairiam como num passe de mágica, na quantidade necessária.
Além disso tudo, o computador conectado a um negócio chamado Internet, os documentos seriam enviados aos clientes numa velocidade muito mais rápida que um carteiro ou que um motoboy. Para tanto deveria criar um email - Isso é fundamental, lhe disseram. Ainda precisaria ter a Banda Larga, nome horrível, ele pensava. Sem ela a velocidade não seria tão rápida assim. 
Com isso tudo em mãos, lhe sobraria mais tempo para tomar a cachacinha no Bar do Tadeu e jogar conversa fora com os amigos e ainda teria oportunidade para outras coisas mais divertidas. Fazia tempo que seu Aristides não tinha na vida outra coisa se não, trabalhar. Seus dedos já meio trêmulos, encontravam dificuldades com as teclas pesadas da antiga e persistente Remington. De fato convenceu-se e decidido foi até a loja para a compra. Carregou no bolso o anúncio do jornal com a boa oferta - em 12 parcelas iguais e sem juros.

Enfim, em casa onde é também seu escritório, com duas ou três caixas na mão, pôs-se a revirar os volumes mostrando com orgulho a maravilha adquirida, escondendo certa insegurança à sua esposa, dona Esperança. Esta, pouco entendeu do que se tratava e perguntava pra que serviria aquilo tudo.
Abertas as caixas, Seu Aristides olhou para ele instigado - o lindo computador preto todo brilhoso. Sentiu o peso nas mãos e comparou imediatamente ao da máquina de escrever. Levantou a tampa da tela com a curiosidade de um macaco. Observava daqui, dali e não tinha a menor ideia de como começar fazer aquele treco funcionar. Como se liga esse troço? 
Achou estranho não ter uma alavanca do lado esquerdo para rodar a folha. Deveria estar escondida, pensou. Por onde se enfiam os papéis? perguntava a si próprio duvidando ainda da eficiência anunciada. 
Claro que aquele punhado de livrinhos e os trecos metalizados que mais pareciam disquinhos de músicas, embrulhados em envelopes plásticos com um durex diferente, cheios de recomendações e escritos em línguas estranhas - deveria ser, inglês, espanhol, japonês, além do português é claro, poderiam ajudá-lo. Leu todos com atenção, levou dois dias fazendo isso. Entretido, irritado, não compreendendo quase nada do que lia.
Já no terceiro dia de estudo profundo, aborrecido com as tentativas e os insucessos, bastante desgostoso com a traquitana dos infernos, o seu neto, Arizinho, de 14 anos veio ao seu socorro. O garoto, craque nessas coisas, acabou fazendo todo o serviço. Deu as primeiras lições ao avô, ligou o computador, conectou a Internet, fez as configurações necessárias, instalou a impressora e criou um primeiro email para o avô. A seu pedido ficou assim:

aristidesdesouzaesilva@escritoriodecontabilidade.com.br

Desativado este, posteriormente criou um outro: ari@ec.com

Quem diria heim! Seu Aristides fica agora mais no Bar do Tadeu do que no próprio escritório. De lá, posta até em seu Blog.

Para os clientes ele encerra os emails com um Att e para Dona Esperança, que também aderiu ao Facebook, ele envia do bar, torpedos com sorrisos e piscadinhas:  ;)


Ela responde aos cortejos do seu amado Ari com singelos: :)



Bom dia!

14/01/2012

Anonovo Novoano

 Fim de semana, finalmente! Nem bem o ano começou e eu aqui já ansioso pelo sábado e domingo. O trabalho da semana foi intenso e os compromissos batendo à porta, levaram o clima de festas para o vinagre. Acho que todos tivemos a mesma sensação, salvo aqueles, que ainda gozam de férias.
Choveu bastante nos primeiros dias, mas parece que sem grandes inundações na cidade, chuvas mais parecidas com a dos meses de outono - garoa forte ou um pouco mais intensa. O trânsito tumultuado e já nervoso, praticamente voltou ao normal. Ontem, sexta feira 13, último dia de suspensão do rodízio de veículos na cidade.  


Na Marginal do Tietê presenciei um quase atropelamento no final da tarde desta sexta, quando retornava do trabalho. No desvio dessa via no sentido Ayrton Senna, logo após a sede da Gaviões da Fiel, onde existe um farol para pedestres, bem em frente a um conjunto habitacional, onde antes se via uma favela, uma senhora que devia ter seus sessenta e poucos anos, bem vestida,  arriscou atravessar a pista na faixa branca, mas com o sinal fechado para ela. Essas campanhas da TV e rádio sobre respeito à faixa de pedestres, confudem motoristas e os próprios pedestres. 
Os carros se desgovernando quase se chocaram uns aos outros, freadas abruptas com direito a cantadas de rodas se ouviu. A senhora nitidamente apavorada, arrependida, ameaçava retornar bem no meio do percurso - ia e voltava deixando os motoristas ainda mais confusos. Uns passaram bem rente a ela à sua frente e outros pelas costas. Eu praticamente estanquei meu carro em cima da faixa certo do encontro da Kombi branca que vinha colado à minha traseira. O susto durou alguns segundos e como nada de mais grave aconteceu, a senhora alcançou a calçada e seguiu seu destino, erguendo as mãos reclamando dos motoristas. Estes seguiram também seus destinos, como se nada tivesse acontecido, bem ao estilo de vida em São Paulo. Siga em frente!


Fiz 58 anos na quinta feira e com direito a festinha com sanduíches, empadinhas, bolo e tudo mais. Duas velas sobre o bolo, uma de cinco e outra de oito. Brincando com uma das minhas netas, tirei a de cinco e soprei somente a de oito. Num lapso de tempo voltei a 1962 quando de verdade apaguei uma de oito. A primeira coisa que me veio à mente foi um taxi que meu pai tinha comprado fazia poucos dias - um Nasch 1948, verde. Nesse ano ele resolveu ser motorista de praça. Me lembro que durou pouco meses sua experiência de taxista, logo retornou para a oficina mecânica - sua verdadeira praia.
Me lembro bem que ele reclamava do trânsito no centro da cidade e em algumas avenidas - eram insuportáveis, segundo ele. Disse que vira um quase atropelamento de uma senhora que travessa uma rua  por um caminhão - não existiam faixas de pedestres naquela época. Isso foi implantado aqui no Brasil a partir de 1970. Cinquenta anos depois eu vi a mesma cena. Parece que nada mudou.


Me surpreendi com o número de cumprimentos que recebi pelo Facebook - alguns mais discretos e outros mais efusivos. Acho que foi meu primeiro ano que recebi cumprimentos por rede social. Achei legal e fiz questão de agradecer, respondendo um a um os quase trezentos contatos, entre os abertos e as mensagens diretas. E ainda dezenas de emails. Se escapou algum, que o amigo ou amiga me desculpe, deixo aqui meus sinceros agradecimentos, considerando a minha idade que segue rumo aos sessenta.

O ano pra mim sempre começou um dia após o meu aniversário. Mais velho, portanto, mais maduro. Quando criança ficava meio triste no dia seguinte, pois tinha que esperar mais 365 dias para sentir as emoções de aniversariante. 
Hoje em dia, me sinto melhor. Com o tempo a gente ganha discernimento. O que fica mesmo é a saudade. Saudade do tempo, saudade de pessoas, saudades do meu pai e de seu taxi verde.




De resto, a vida continua. Engolindo sapos ou engolidos por eles.









07/01/2012

Para o alto e avante !

Atrás de um idiota tem sempre uma grande mulher.
Alguém disse isso. Não sei quem, mas acho que ouvi essa frase algum dia e devo ter gostado dela. Se não disseram, se não a ouvi, acabo de criá-la, pois me veio à mente e aparentemente do nada. Convicto da ideia, me pus a escrever. Mas, ainda acho que alguém disse isso. É muito boa.


































Atrás de um grande homem tem sempre uma grande mulher.
Esta é a frase original, porém, prefiro a do idiota, me parece mais verdadeira.
Em geral, os meninos são educados para serem mais fortes que as meninas. Mais robustos, toscos, mais espertos e devem ser os mandões. 
Pés pesados no chão e passos desajeitados quando caminham e preocupados são, salvo exceções, em não deixar as ancas rebolando e nem ter cintura fina. Isso pega mal e nem mesmo elas gostam. 
Os meninos dão ordens como generais de brigada e submetem as meninas ao seu patético modo de agir contando com estímulo não menos patético dos pais. Dos pais, não das mães - essas deixam acreditarem que estão no comando, assim, fazendo-os sentirem-se donos da situação. Sempre certos, mesmo estando errados. Suprema perspicácia feminina.

Meninos não choram, isso é coisa de mulher. Meninas falam bobagens o tempo todo, sem nexo para meninos. Brincam de casinha, de boneca, gostam de se olharem ao espelho e assistem reprises de novelas no Vale a Pena Ver de Novo. Perdem quando são submetidas à força física e menosprezam essa deficiência - coisa descabida à natureza do macho. 
Reclamam de dorzinhas de nada, choram por nada e nada querem querendo tudo. Não sentem vergonha disso. Meninos, mais serenos, retém o sentimento,  escondem-se para chorar, só se liberam quando perdem a mãe ou o pai.
Elas gostam do rosa, da textura do tom pastel. Eles preferem o másculo do azul escuro ou do verde musgo, marrom, do preto ou do sem cor alguma - tanto faz a cor desde que não seja o rosa. Uma menina aceita o azul o menino, jamais o pink.
Elas, sublimes na meiguice, chegam de fábrica já com maior sutileza. São doces na leveza diante da dureza. Hábeis no sentir, no ouvir, em intuir, até mesmo quando utilizam do artifício genético da dissimulação ou de gritinhos, rigorosamente agudos e impertinentes. Calam-se quando entendem ser estratégico e a boca se fecha, baixando ainda, o semblante dando um ar servil de vítima inconteste. Cumprem com talento e o instinto feminino o manual de sua natureza. Parecem flores que se fecham a noite para ficarem mais bonitas durante o dia.
Também usam do silêncio carrancudo desorientando o sexo valente e é invariável o menino que não se dobre a tática - é de sua frágil natureza. O silêncio carrancudo, talvez seja a arma mais feroz, ameaçadora e fugaz da expressão do sexo oposto. Generais se rendem e magnatas se vendem diante do silêncio de uma mulher. O silêncio é como o vento, não se vê, se sente e ele deixa rastros.
Na história grandes mulheres estiveram atrás dos grandes homens. Mães, tias e avós. Esposas, filhas, netas e concubinas. Estas, aos montes. Dominantes, conduziram em espírito, as tropas.
A pedra mesmo dura e áspera se esfarela com o toque suave e constante da mão de uma mulher.
Meninos e meninas, juntos se completam. Dependemos uns dos outros, fomos criados na verdade, uns para os outros. 
Elas não seriam nada, absolutamente nada, não passariam de míseras pirralhas, desorientadas com seus gritinhos enfadonhos, umas pentelhas chatas, se não tivessem à sua frente, a força e a serenidade dos generais, dos magnatas - estúpidos idiotas metidos a bestas, arrogantes e que não choram na frente dos outros e nem riem dos próprios erros.
Seguimos nós, os machos à frente. Como a natureza assim exige.
Avante, idiotas!


Bom dia.

03/01/2012

Algumas fotos

De carona seguindo para um lugar que eu gosto muito, Piracaia.Um lugar onde costumo descansar e curtir um modo de vida diferente, mesmo que seja por pouco tempo.
Embora as nuvens no céu anunciassem que o tempo não seria lá essas coisas, não esperava que chovesse tanto. Choveu muito. Não tão forte, mas constante.





O lugar é bonito, agradável. A paisagem é confortante. A natureza, da forma pura, nos proporciona tranquilidade.
Gosto de festas, de bagunça, mas, curtir uma calma é bom demais.







Choveu demais na cidade nos últimos dias. Mesmo assim foi gostoso curtir os barzinhos com alguns shopinhos e porcões.Jogando muita conversa fora com pessoas queridas.






A araucária gostou da chuva, mas ficou com medo dos relâmpagos que prenunciavam raios. Ainda bem que foram poucos - relâmpagos, raios, nenhum. (que eu saiba).










Entre chuvas, os intervalos anunciavam melhora do tempo, mas logo vinha outra e depois outra. O tempo todo foi assim.



Se comemorou a passagem de ano com bombas e fogos de artifícios. Aqui, ali, em todo lugar explodiam luzes coloridas - verdes, vermelhas, azuis.







Todo mundo olhando para o alto admirando tudo aquilo e querendo um ano novo melhor.




e comendo… e bebendo… e brincando.



Depois da chuva as cores ficam mais vivas. O céu limpa e o azul aparece. Dai vem a segunda feira e tudo  começa de novo.


É bom descansar. Lembrar da vida que pode ser boa. Lembrar de pessoas e dos nossos sonhos e fotografar.






01/01/2012

Um terno no final de 2011



Ser sorteado é melhor que ganhar. Desculpa de quem nunca ganhou nada.



Por alguns segundos fiquei aflito. Será?
Ontem à noite, durante os preparativos para a comemoração da virada de ano, minha cunhada se aproximou e foi dizendo:

Deu 3, 4, 29, acho que 36, 45 e 55, parece.

Fiquei mais gelado que a pedra de gelo que estava no meu copo. Me lembrei de imediato dos meus primeiros números de uma das apostas que fiz na Mega Sena da Virada. Raramente eu jogo, mas na sexta passada fiquei vinte minutos numa fila com um pressentimento forte que deveria fazer aquilo. De folga em Piracaia fui até a única lotérica da cidade e apostei. Terceira ou quarta vez no ano. Essa pessoalmente fiz.

Discretamente fui até o meu quarto e procurei os papéis com as apostas. 
Procura daqui e dalí até que os encontrei. Foram cinco apostas de R$ 2,00 cada uma. Entre elas estava a que havia me lembrado.
Respirei fundo e procurei me acalmar. A sensação nessas horas é indescritível. O coração pulsa mais forte e um suor gelado percorre pelo corpo, deve ser a tal descarga de adrenalina. Milhões de pensamentos vem à cabeça. Procurei me acalmar e coloquei atenção na conferência.

Uma espécie de cegueira dificultava a leitura dos números. Até o terceiro batia - três, quatro e vinte e nove. O quarto, marquei trinta e três, mas o número que ela havia dito foi o trinta e seis. Será?
Em seguida li um quarenta e dois e deu quarenta e cinco, apressadamente li o último, cinquenta e quatro, deu cinquenta e cinco. Raspando, esses três últimos. Veio a decepção e com a mesma velocidade a adrenalina se foi, não sei prá onde. Só pensei.

Me dei conta que havia feito um terno - acertei três números. Alguma grana vou levar nessa. Alguém me disse depois - Acho que terno dá alguma coisa! Nessas acumuladas de final de ano sempre dão.

Que nada, quando muito, pagam para quem fez uma quadra e nem isso fiz.
Conferindo hoje cedo me certifiquei que realmente não havia passado de um terno, um terninho e dos demais só me aproximei.
Na sequência eles estavam próximos, mas na máquina automática que roda as bolinhas, cada uma delas poderia estar bem longe. Fiz algumas transmissões de sorteios da Mega Sena pelo Brasil, naquele momento não há nenhuma marmelada, pelo menos, naquela momento posso garantir.
Deve ser discurso de quem nunca ganhou esse negócio de marmelada.

O duro mesmo deve ser prá quem fez a quadra ou mesmo a quina. O valor pago é muito baixo pela ansiedade provocada. De muitos milhões, receberão trinta e poucos mil para os da quina ( é uma boa graninha razoável) e quinhentos e trinta e seis reais (menos que um salário mínimo) para quem fez a quadra, não é nada.
Esses caras devem estar bem mais putos que eu.
Nesse caso um terno pode ser melhor que uma quadra e com um sacrificiozinho, até mesmo que a quina de trinta e três mil, pois quem a ganhou vai ficar pensando que suas chances daqui prá frente serão menores ou nenhuma, ganhar uma vez é difícil, duas, então, mais ainda.
Eu pelo menos não ganhei nenhuma.