29/06/2013

Contrações

Amigos, não se trata aqui de uma dissertação sobre assuntos parturientes. Trata-se de uma manifestação diante do susto que meu cérebro levou ontem quando foi submetido ao encontro com uma antiga palavrinha que provavelmente fora inventada pela malandragem.


Paca 

Alguém sabe o que é paca

Não me refiro a espécie de roedor da família Cuniculidae - Cuniculus Paca, o estranho rato gigante que aparece de vez em quando passeando às margens do Rio Tietê. Falo do advérbio. Acho que a paca que me refiro é um advérbio.

Ouvi um amigo usando essa expressão e me assustei. , quanto tempo! Ainda está nessa de falar paca, cara? Há muito não a ouvia. Paca é retrô total, mas bem é sacada

Paca. Que diabo é isso então? Que palavrinha mais esquisitona é essa? Parece coisa de grego ou de hippye velho que hoje usa paletó e gravata num prédio da Avenida Paulista.

A Paca que digo quer dizer muito, para quem não sabe ou não se lembra. Eu lembrei dela sem qualquer esforço e com uma ponta de vergonha que me fez baixar a cabeça.

> Bom pacas! - Muito bom! 

> Essa mina é linda pacas! - Essa menina é muito bonita!

Os mais velhos compreenderão, usávamos pacaspaca.

Puxando pela memória e talvez com um exagero de criatividade por cima, me recordo que o pacas era usado pela turma lá no final dos anos sessenta ou início dos setenta, por ai. Pelo menos é o que busquei nos neurônios ou de quando me dei conta de quanto a usávamos. Lembrei também das calças boca de sino, saint tropez e a tipo toureiro de cintura alta, todas coloridas pacas.

Nessa época não se falava palavrões como hoje, nem pensar em usar um simples é foda, um fodeu ou um foda-se em qualquer lugar. Nem fodendo que falávamos coisas assim de boca aberta. Hoje até na TV ouvimos alguns palavrões e nem levamos em conta, ultimamente até sem os piiiis da censura interna. Estrategicamente usado pelo artista, as palavras tidas como de baixo calão, dão a ele um ar de despojado, de descolado. Meio que chique e em moda. 
Me recordo da porrada que levei da minha mãe quando de longe ela me ouviu dizer um i caralho, fodeu. Me lembro dela se aproximar toda puta da vida e com as costas da mão sentar o pau na minha boca. Foi assim eu perdi meu último dente de leite.

Nunca mais fale palavrões, moleque filho do capeta!

Provavelmente o paca nasceu na calada da noite, um código oriundo da contração do "para caralho" - PA da primeira e CA da segunda, ganhando melhor sonoridade e aceitação dos enrugados senhores e senhoras adventistas da moralidade. 
O "bom pra caralho" resumiu-se num simples "bom paca" ou "bom pacas". Tolerado meio que como o de porra, contraído do esporra que na verdade significa esperma, o sêmen da procriação.
Aliás, o bom pra caralho e o du caralhu, mereceriam nossa atenção, mas vamos deixa-los para qualquer outro dia desses.

Lembrei agora do coitado. O coitado é aquele que sofreu um coito, portando um fodido, fudido num português claro. No começo do século vinte essa palavra era tida como um puta palavrão. Hoje o coitado é comumente utilizado até por cardeais. Incorporou-se ao cotidiano.

O legal é que reencontrei um velho e bom companheiro, que há muito não via, melhor dizendo, há muito não o ouvia, paca ou pacas. 

Fazia tempo pacas que não te ouvia, Paca. E veio logo no plural, heim, em turma, como nas velhas gangs de bairro, lembra? 

Porra, que legal! Bom pacas de ver, meu chapa. Andou contraído, é?

Pronto, me acalmei.

28/06/2013

Saindo um pouco da Terra

Um tanto quanto tumultuado por aqui, não acham? O blogueiro que vos escreve também se sente um pouco cansado de tanta bagunça e diz-que-me-disse. Deixo aqui a matéria encontrada no site do CUB - Centro de Ufologia Brasileiro, para quem também estiver um pouco esgotado e querer variar um pouco de assunto. É bom mesmo nessas horas de confusão saber que existem outras possibilidades além daquelas do dia-a-dia. Vamos lá?                            

                                      “OVNIs e extraterrestres são reais!”, afirmou Ben Rich 


Ben Rich, diretor da Lockheed Skunk Works, admitiu em seu leito de morte que as visitas de OVNIs extraterrestres são reais e que os militares dos Estados Unidos viajam pelas estrelas, de acordo com artigo publicado em maio de 2010 no Jornal UFO MUFON.
O que ele revelou pode parecer novidade para a maioria das pessoas, porém, isto aconteceu em janeiro de 1995.  Suas declarações  dão respaldo aos relatos de que os militares dos EUA tem estado voando em veículos que imitam as naves alienígenas. 
O artigo foi escrito por Tom Keller, um engenheiro aeroespacial, que trabalhava como analista de sistemas de computadores para a NASA. 
1. “Dentro do Skunk Works (entidade de pesquisa e desenvolvimento secretos da Lockheed), eramos um grupo pequeno, mas muito unido, que consistia de aproximadamente 50 engenheiros e projetistas veteranos, e uma centena de torneiros mecânicos peritos e outros funcionários.  Nosso ponto forte era a construção, em números pequenos, de aeronaves tecnologicamente avançadas para missões de alto segredo“.
 
2. “Já possuímos os meios para viajar entre as estrelas, mas estas tecnologias estão trancafiadas em “projetos negros” (black projects) e somente um ato Divino poderia tirá-las de lá para o benefício da humanidade.  Qualquer coisa que você possa imaginar, nós já sabemos fazer“.
 
3. “Temos a tecnologia para levar o ET para casa.  Não demorará uma vida inteira até que consigamos isto.  Há um erro nas equações.  Nós sabemos qual é.  Agora temos a capacidade de viajar para as estrelas.  Primeiro, você deve compreender que nunca conseguiríamos chegar nas estrelas com propulsão química [os tradicionais foguetes de hoje].  Segundo, temos que criar uma nova tecnologia de propulsão.  O que temos que fazer é descobrir onde o Einstein errou“.
 
4. Quando perguntaram à Rich como é que a propulsão dos OVNIs funcionava, ele disse: “Deixe-me perguntar à você. Como é que a Percepção Extra Sensorial funciona?“  A pessoa que foi indagada por Rich respondeu: “Todos os pontos no tempo e espaço estão conectados?“.  Rich então disse, “É exatamente assim que funciona!”
 
Ben Rich sabia da existência de OVNIs extraterrestres
 
Rich sabia que os OVNIs extraterrestres do caso Roswell influenciaram o projeto dos kits do modelo Testor, e de aeronaves secretas dos EUA.  De acordo com uma reportagem da CNI News, por Michael Lindemann, a informação do projeto derivou-se das ilustrações forenses e dos vários relatos das testemunhas sobre o OVNI de Roswell, fornecido por William L. “Bill” McDonald.
 
Em e-mail datado de 29 de julho de 1999, endereçado a Lindemann, MacDonald referenciou um trecho de uma discussão com Harold Puthoff, fundador do programa altamente secreto dos EUA de “remote viewing” (visualização remota).
 
MacDonald disse: “Bem, Hal, você pediu por isso!  Agora que o legendário engenheiro e chefe de projetos de modelagem da Lockheed para Testor Corporation, John Andrews, está morto, eu posso anunciar que ele pessoalmente confirmou a conexão de projeto entre a nave de Roswell e os Veículos Aéreos de Combate Não Tripulados da Lockheek Martin (UCAVS, em inglês), aviões espiões, Caças Joint Strike e os Ônibus Espaciais“.
Andrews era uma amigo pessoal do diretor da Skunk Works, Ben Rich, que foi selecionado a dedo para substituir o fundador daquela organização, Kelly Johnson, e também ficou famoso pelo projeto do caça F-117 Nighthawk Stealth Fighter, seu protótipo miniaturalizado “HAVE BLUE“, e a aeronave super secreta F-19 Steath Interceptor.  Antes de Rich morrer de câncer, confirmou:
 
“Existem dois tipos de OVNIs.  O que nós construímos e o que ‘eles’ construíram.  Nós aprendemos tanto das recuperações de OVNIs que se acidentaram e dos que ‘nos foram dados’.  O governo [dos EUA] sabia disso e até 1969 mantinha controle na administração dessa informação.  Após a retirada de Nixon em 1969, a administração passou a ser feita por uma comissão internacional de diretores do setor privado…”
 
“Quase todas as aeronaves com desenho “bimorphic” foram inspiradas na aeronave de Roswell, desde o SR-71 Blackbird, até os “drones”, UCAVs e espaço naves“.
 
A opinião de Ben Rich era de que o público não deveria ficar sabendo sobre os OVNIs e extraterrestres.  Ele acreditava que eles não conseguiriam encarar a verdade.  Somente nos últimos meses de seu declínio que ele começou a pensar que a comissão de diretores internacionais que ‘administram’ o caso poderia representar um maior problema para as liberdades pessoais dos cidadãos, sob a Constituição dos Estados Unidos, do que os visitantes alienígenas poderiam.
 
Lindemann comentou que “Bill McDonald recebeu a informação de Andrews desde 1994 até o seu último telefonema perto do Natal de 1998“.
Lindemann também disse “Deve-se da mesma forma ser conhecido que Dr. Ben R. Rich participou de uma conferência pública de engenheiros e projetistas aeroespaciais em 1993, antes de sua doença o ter debilitado, na qual ele declarou, na presença do diretor da seção de Orange County da MUFON, Jan Harzan e muitos outros, que ‘Nós (o complexo industrial militar e a comunidade aeroespacial dos EUA) tivemos em nossa posse a tecnologia para levar-nos até as estrelas”.
Então, que acham?

27/06/2013

O PÉ-DE-CABRA


O HOMEM QUE NASCEU DE UM OVO E VIROU MAIONESE

Não se sabe o que passa na cabeça de um homem doente. Para ele o errado é o certo e o certo é incerto.
Uemor Sirap

Ele sentiu a luz da lua cheia cair-lhe aos olhos pela primeira vez em 1776, quando a casca do ovo que o embalava partiu-se ao chão na queda dos quase cinquenta centímetros. O choque foi grande, acordou assustado, prematuramente.
A mãe morena, vítima de um questionável estupro, por horas seguidas deu-se aos prazeres da carne com cinco homens mal cheirosos que antes caminhavam a esmo pelas matas atlânticas a oeste da região plana dos Piratiningas, próxima a um grande rio. 

Embora todos da cercania soubessem que a menina com ares de indiazinha que de nada nos modos parecia com os pais, estes, rígidos seguidores da fé cristã, perguntavam-se o que faria ela sozinha a seguir pelas trilhas que levavam à floresta tropical nas tardes do verão daquele ano, sempre após as chuvas torrenciais que invariavelmente eram levadas pelos ventos noroestes.

A violência entre os corpos nas duas horas subsequentes foi tamanha que nem os nove meses foram necessários para trazer ao mundo um pequeno ser. E muito menos ele necessitaria de leite materno para a sobrevivência, pois os ovíparos gostam mesmo é de insetos e minhocas.
Mal acabaram os orgasmos e todos se retiraram, os seis, a mãe para um lado e os cinco pais para o outro, deixando para trás, por entre as folhagens da mata densa e úmida, um pinto com feições humanas. Abandonado, como se não fosse nada. Talvez não fosse mesmo.

Os anos se passaram e 1948 chegou.

O pinto, que até então dormia um sono profundo, tal e qual um esquálido cadaver, despertou e logo enxergou-se um homenzinho. Até um horrível cavanhaque plantou-se ao queixo e a calvice, já proeminente, prolongava a sua testa. A mão direita sentiu esses pormenores, enquanto a esquerda descansava no quadril.

Um espelho, sabe-se lá como foi parar ali, serviu de reflexo à aberração. Ele não gostou do que viu. Notou que seus olhos miúdos, obtusos, eram frios. As sombrancelhas arqueadas de fios grossos eram ranzinzas demais, o rosto em formato triangular lhe acentuavam o quê da imbecilidade. 
Percebeu a barriga projetada, estufada, muitos insetos e minhocas ele deve ter comido durante a hibernagem, pensou. Os vermes não lhe corroeram, ao contrário, foram corroídos por ele.

As árvores que observara de relance no momento do pré nascer, desapareceram quase que por completo, uma ou outra ele via agora e em seu lugar plantaram uma chácara, um sítio em meio a um acharcado. Verduras e legumes, couves, cenouras, abobrinhas, tomates, tudo em abundância. 
De longe avistou um grande rio, ouviu deste águas nervosas batendo às margens que sorrateiramente infiltravam-se pela planície formando pequenos córregos, ranhuras no alagado. As montanhas ao fundo seriam prenúncios da Cantareira. Magníficas, entornavam o vislumbre do cenário.

Onde estou? 

Sentiu o coração pulsar acelerado. O medo repentino se espalhou pelo corpo que o fez suar. Um sentimento estranho se escancarou, pareceu-lhe de vingança, uma revanche atordoada, incontrolável. Ódio, rancor, vontade de matar alguém, sem ao menos saber exatamente quem. Ira intensa, afinal, cento e setenta e dois anos afetariam a razão de qualquer pessoa. Nele, pelo visto, muito mais. Assombrosamente, mais.

Levantou-se, deu-se conta da nudez e do tamanho diminuto do membro que lhe conferia o gênero. O viu pequeno, incompetente e absolutamente atrofiado sobre o acolchoado de pele enrugada. 

Ao lado do espelho notou uma ferramenta enterrada na lama, puxou-a e surpreendeu-se com o peso e com a forma, era um pé-de-cabra.
Resolveu que aquela peça de ferro talhada seria o seu amuleto, dali para frente estaria com ela em todos os momentos da vida. 
O metal servil com uma das pontas torcidas para dentro, recortada num feixe aberto, lembrava e muito uma pata caprina. 
Seria ela o seu guia, a sua referência, a luz da redenção para os novos tempos que viriam e se possível ao som erudito de músicas clássicas. Deu-se conta da mania.

Nas entrelinhas, indagou:

Quem sou eu? Nem nome eu tenho! 

Marquinhos. Acho que era esse o nome de um de meus pais. Pois assim será o meu nome. Combina com a minha cara, com minha personalidade e com este instrumento sempre nas mãos (erguendo aos céus a ferramenta), conquistarei o mundo! 

Marquinhos-Pé-de-Cabra. Sou a "bola da vez".

Dos varais próximos a uma pequena capela, provavelmente construída para abençoar os chacareiros da região, ele subtraiu a vestimenta. Uma calça, uma camisa de linho, meias, e uma botina preta. Desnudou-se. Foi a sua primeira subtração. 
Gostou tanto do que fez que acreditou que e apropriação indevida seria a única forma de ter a alma lavada e assim balizaria seu caráter. 
De insetos e minhocas ele se cercaria, para que as ideias que nele transbordavam aos montes, pudessem se estabelecer fertilmente.

Assim chegou ao mundo, Marquinhos Pé-de-Cabra, o que nasceu duas vezes de um ovo que fora lançado abruptamente por entre as folhagens de uma selva tropical e que fora negligenciado por uma mãe desnaturada, dada ao sexo promíscuo com quem lhe aparecesse pela frente, quando não pelas traseiras.

Foi-se, para vencer o mundo.

…continua

23/06/2013

Sem Partidos?

A questão não é a pregação do antipartidarismo como argumentam alguns defensores do partido que está no poder, ou dos partidos, melhor dizendo, pois a coisa é tão confusa que os interesses se misturam e vira um balaio de gato. Justificar as manifestações recentes por todo o país como tentativa de golpe às instituições é pura miopia, um sinal medroso do desespero. Acho que a questão vai muito além.

Badernas e depredações à parte, o que se viu nessas duas últimas semanas pelo Brasil e parece que ainda veremos por sei lá quanto tempo mais, com o povo nas ruas se rebelando, é um claro sinal de que ninguém aguenta mais ser passado pra trás. A panela de pressão explodiu e o feijão voou pra tudo quanto é lado. 
De um aparentemente simples aumento de 20 centavos no preço do transporte público na cidade de São Paulo, o que seria mais um a engolir, salvo alguns resmungos, deu no que deu. Viu-se dias depois um governador e um prefeito, politicamente adversários, porém nativos de um mesmo útero conservador, renderem-se com o rabinho entre as pernas.

Se o Movimento Passe Livre foi instigado por esse ou aquele grupo para se movimentarem dando início à campanha 2014, eu não sei. Mas se foi, o tiro saiu pela culatra, o disparo provocou o efeito ratoeira - a primeira desarmada abruptamente acionou uma vizinha e esta acionou outras que disparam outras e tantas outras mais gerando assim o maior barulho. 
Os políticos ficaram perplexos diante da cascata de ratoeiras no ar, estão atônitos. O povo agora efetivamente cobra deles a boa vida que levam na corte, escandalosamente custosa para nós. Cobram-se os péssimos serviços públicos que lhes seriam de direito, todos, sem exceção, um lixo. 
As pessoas despertaram para o assunto da Copa do Mundo na medida que viam surgir pelo horizonte os majestosos estádios de futebol, construídos com dinheiro público, embora digam que se trata de um empréstimo. Alguns construídos ou reformados em cidades que após o evento terão pouca ou nenhuma utilidade, enquanto hospitais, escolas, estradas, portos e uma infinidade de prioridades ficam pra trás. Isto é, dinheiro de impostos absurdos mal utilizados. 

A corrupção é a pauta da manifestação. Ainda que infestada pela histórica desordem, ela é o gás que provocou a revolta. A tirania disfarçada de democracia foi finalmente detectada pelo povo e daí a indignação e a revolta.

Em meio a isso tudo, chegaram os baderneiros, incendiando, depredando, saqueando e entre eles, possivelmente, alguns contratados profissionais da desordem, hábeis na condução do tumulto. Os filhinhos de papai não ficaram de fora, marcaram presença efetiva. Lembrando que organizações criminosas que jamais ficariam à parte da bagunça, marcaram o ponto fielmente. Enfim, com a manifestação veio tudo que temos na sociedade, de bom de de ruim e a panela de pressão explodiu.

Com eles, concomitantemente, a força pública, a reação pesada. A polícia descendo o cacete em quem estiver pela frente. Um prato cheio para a imprensa, danada pela audiência e pela perspectiva nas tiragens. Tendenciosa? Claro que é. Óbvio que é, tem gente de carne e osso lá dentro e provável, alguns bandidos também e duvido quem saiba o que seria, absolutamente, o que é ser imprensa livre. Sempre haverá alguém discordando, não importando se é minoria ou não, à sua maneira se rebelam, eles também são participantes da manifestação.

As redes sociais entraram nessa e se mostraram fundamentais nas mobilizações. Mesmo com a proliferação barata de idéias, que naturalmente faz parte, coube a ela o papel importante no desabafo. Lançam-se pedras somente com teclados de computadores.
Sendo uma ferramenta ultra rápida, os usuários se desprenderam e mandam pau em tudo, até mesmo sugerindo a queda da presidente, o fim dos partidos políticos e a extinção do Congresso Nacional. Óbvios exageros. Bobagens emocianadas, não me excluo.

Acho que na verdade o afoito não quer bem isso. Penso que ele exprime de forma desesperada o absoluto descontentamento de como os ocupantes dos cargos públicos no Brasil trabalham (se é essa a palavra), os eleitos ou os não, e não exatamente contra os cargos em si que eles ocupam, portanto, trata-se dos ocupantes e não dos ocupados. 

Compreendo que ninguém ou quase ninguém das quase duas centenas de milhões de brasileiros querem alterar as regras. Ninguém, salvo alguns poucos, talvez, queira tirania. Querem sim a liberdade, a honestidade, o respeito, viver a vida e o retorno sadio de cada centavo que paga de impostos. Quer ver seus representantes eleitos de maneira transparente e que jamais eles se conchavem contra nós. Possivelmente a sonegação seria menor ou quase nenhuma.

Acho que não nos importaríamos se existissem cem ou duzentos partidos políticos, não é essa a questão, bastaria que dentro deles somente pessoas corretas e de boa vontade se dispusessem a ocupar vagas públicas. Só isso. 
A partir daí as coisas mudariam de verdade e a melhor Copa do Mundo, por exemplo, sem dúvida nós faríamos, apesar da FIFA. Outros países já fizeram bem legaizinhas, sem roubalheiras. Por que nós não conseguiríamos? Já pensou, com essa seleção, detonando como está? Daria pra gritar gol com o peito lavado.

Vamos ver o que vem nas próximas semanas. O gigante a quem nos referimos somos nós mesmos que até então descansávamos, achando que estávamos em berço esplêndido. Chega de saudade, vamos para as ruas organizados e em paz, podemos mudar sim.

21/06/2013

Manifestações

Na TV a propaganda política interrompeu a cobertura da revolta social. Nesta quinta foi um tal de PPS. Simplesmente, inoportuna.

Na passeata alguns empunhavam bandeiras de partidos. Entre tantos a bandeira do PT foi ao chão com gritos do povo… #oi-pt-vai-tomanocu. Mas se a manifestação é de todos, não poderiam? Sim poderiam, desde que a causa fosse a mesma. Seria? 

Em Salvador a força pública impediu manifestantes de se aproximarem do estádio Fonte Nova. E o Uruguay venceu a Nigéria por dois a um. A FIFA manda nesses quinze dias mais que o governo brasileiro.

No Rio a quinta foi a mais violenta de todas. O Tráfico mandou ver de um lado e a polícia do outro e o povão pacífico no meio deles tomando pau. Fácil identifica-los, usam capuzes.

Em Brasília o Itamaraty foi quase invadido, por #infiltrados, sem diplomacia alguma. Baderna total. Isso não não é bom, pra quê?

Em Ribeirão Preto um motorista descontrolado atropelou oito e matou um durante a manifestação até então calma.

Em mais de cem cidades pelo país as pessoas estavam nas ruas. No meio disso tudo a bandidagem dividiu a atenção. O vandalismo destruiu mesmo. Lembrando que eles convivem com os de paz todos os dias, também são consequências sociais.

A imprensa desviando o foco na hora certa. Por causa de 20 centavos inicialmente, depois…

Ninguém aguenta mais. O Brasil está em estado de choque e não se ouve um piu da presidente. Falou e não disse na terça. Será que ela ainda chora pelas vaias ou pelo pito do Blatter no Mané Garrincha?
Onde estão os deputados e senadores? Se escondendo estrategicamente?

De norte a sul as pessoas se rebelam. Finalmente. Mas quando isso terminar, se terminar, voltaremos ao que era antes? Não sei, somos meio diferentes.

Será a mesma coisa durante a Copa do Mundo no ano que vem?

Os dez anos do governo trabalhista não mudaram o país. A tão propagada economia crescente, sabíamos, frágil, o mundo econômico está em crise. O que nos choca é lembrarmos da bandeira da transparência, tão orgulhosamente cantada, está cada vez mais ofuscada. É uma pena.

Finalmente o povo reagiu. Começou com 20 centavos agora quer os 28 bilhões dos estádios de volta. Essa Copa poderia ser a mais bonita de todas, seria uma injeção de ânimo já que somos fanáticos por futebol, não fossem os vândalos da corrupção.

Entre outras coisas, #embargocopadomundo. Até um Papa pediu a conta. Tudo pode em tempos de guerra, até a paz.

Vamos ver o que vem agora.

19/06/2013

Uma breve análise sobre as manifestações.

Em síntese é isso. 

A rede de TV CNN comentou as manifestações brasileiras dos últimos dias. O analista é supeito? Pode ser, mas parece que desta vez acertou na mosca. 

O petista de carteirinha ou seus afins poderão se ofender, mas acho que eles não devem carregar o peso nas costas sozinhos, na verdade, temos hoje o que séculos de ladroeiras fez com este pobre povo. No caso, nós.

Deu nisso: explodiu. Mesmo assim, não fosse a facção bandida que divide o poder com a facção legalizada, (que não deixa de ser bandida também pelo que faz) a manifestação desse povo seria pacífica, pois, apesar de tudo, este é um povo de paz e humor.

Uma frase da análise eu destaco aqui: 

"A jovem classe média que sempre esteve insatisfeita com o obscurecimento político agora desperta".


Imagem UOL

O que realmente está por trás dos protestos brasileiros? 
Os protestos que estão acontecendo no Brasil vão muito além do aumento de 20 centavos no transporte público. 
O Brasil está vivenciando atualmente um amplo colapso de sua infraestrutura. Há problemas com portos, aeroportos, transporte público, saúde e educação. O Brasil não é um país pobre e os impostos são extremamente altos. Os brasileiros não veem motivo para terem uma infraestrutura tão ruim quando há tanta riqueza e tantos impostos altos. Nas capitais estaduais as pessoas chegam a gastar 4 horas por dia no tráfego, seja em seus carros ou em transportes públicos lotados e de má qualidade. 
O governo brasileiro tomou medidas para controlar a inflação cortando taxas e ainda não se deu conta que o paradigma deve mudar para uma abordagem focada na infraestrutura do país. Ao mesmo tempo o governo brasileiro está reproduzindo em menor escala o que a Argentina fez anos atrás: evitando austeridade fiscal e prevenindo o aumento dos juros, o que está levando a uma alta inflação e baixo crescimento. 
Além do problema de infraestrutura, há vários escândalos de corrupção que permanecem sem julgamento, e os casos que são julgados tendem a terminar com a absolvição dos réus. O maior escândalo de corrupção na história brasileira finalmente terminou com a condenação dos réus e agora o governo está tentando reverter essa condenação ao usar manobras inacreditavelmente inconstitucionais, como a PEC 37, que vai tirar o poder investigativo dos promotores do ministério público, delegando a responsabilidade da investigação unicamente para a polícia federal. Além disso, outra proposta tenta sujeitar as decisões da Suprema Corte Brasileira ao Congresso – uma completa violação dos três poderes. 
Estas são, de fato, as revoltas dos brasileiros. 
Os protestos não são meramente isolados, não são movimentos da extrema esquerda, como algumas fontes da mídia brasileira afirmam. Não é uma rebelião adolescente. É o levante da parte mais intelectualizada da sociedade que quer por um fim a essas questões brasileiras. A jovem classe média que sempre esteve insatisfeita com o obscurecimento político agora “desperta”.

OUTRAS (minhas)

Sim Blatter, nessa você tem razão, engulo o sapo. Foi o governo brasileiro quem pediu para sediar a COPA DO MUNDO em 2014.

Por que não o fim da CBF? Algum outro órgão poderia ser criado.

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad e o governador do Estado, Geraldo Alckmin, são dois bundões. 

A presidente Dilma, depois do pito do Blater, do constrangimento pelas vaias e da sua perplexidade diante da reação do povo nesses últimos dias, se não começar a governar por si própria, será mais uma na história. Deixe o barbudo de lado. Siga a sua, você é forte.

Meninos do Passe Livre, esqueçam, a manisfestação dos vinte não é mais de vocês. Mas continuem até conseguirem os vinte centavos. A causa é mais do que justa. Mas o passe grátis vai demorar um pouco mais. E por favor, não se filiem a partido político algum depois que tudo isso passar, eles degradam a personalidade de qualquer um.

Feliciano emplacou por enquanto a Cura Gay. O oportunista se aproveitou do tumulto e mandou ver. Saiu toda feliz, segue com seu projeto pessoal de acabar com a concorrência. Aff!!!

Assiti pela TV um playboy com seus amiguinhos coxinhas, que duvido que tenham entrado num ônibus alguma vez na vida, atacando desvairadamente o prédio da Prefeitura. Vão ser bonecas na cadeia, um dia ou outro. Não se preocupem, quando saírem de lá o Feliciano dará a cura. Afff!!! Cruzes!!!

Aqui jaz uma nação conformista, o Brasil acordou.

16/06/2013

Saudade de São Bernardo do Campo


Um bilhão e meio custou o Mané Garrincha. Será mesmo?

Google
E pelo que se sabe esse dinheiro não saiu da conta de nenhum investidor, a grana veio de impostos, dos nossos sugados impostos. Brasília quis assim e assim se fez.

Dá pra ter noção o que significa um bilhão e meio de reais e o que poderia se fazer com esse dinheirão todo, além de ir pro bolso de meia dúzia de três ou quatro? 
Será mesmo que ninguém levou ao menos vinte centavos de lambuja pra casa nesse vai e vem de licitações e liberações de última hora? Será?

Um único estádio custar tanto assim? Aliás, o gramado ficou horrível, mesmo ao preço de cinco milhões. 

As tomadas aéreas mostraram o redor ainda por terminar, é o que pareceu pelo menos do monumental Mané, de beleza arquitetônica duvidosa. A terra vermelha contrastava com a infinidade de colunas de cimento. Além de tudo ficou feio. Um estádio muito feio. Achei um trambolho.

Deviam ter marcado esse jogo para um horário noturno, com uma boa iluminação iríamos dar maior show ao evento federal. Faltou a mão do publicitário que gosta de briga de galo.

A burguesia vaiou Blater, presidente da FIFA que nos pediu mais educação, vaiou a presidente Dilma, que se constrangeu e por osmose, o Marin, o presidente da CBF, sentiu-se vaidado também, pode acreditar. Acho que nem dormiram essa noite de tanta vergonha. 

Saiba que somente a burguesia vaiou, os servos não estavam presentes, eles são convocados somente nos períodos de eleições diretas e ainda por cima, nem grana tinham para comprar os ingressos, muito caros. Restou a esses ver o jogo pela TV que é controlada pela burguesia também. Pobres coitados.

Concordei com o Blater: precisamos ter mais educação. Só complemento: mais educação e mais saúde, mais emprego e mais um monte de coisa. Principalmente ver mais seriedade com dinheiro público por parte dos nossos chefes.

Uma curiosidade: Marin, presidente da CBF, tido como apoiador de torturadores no passado bem ao lado de uma dita torturada da mesma época. Agora, esta, na condição de Presidente da República, ambos amiguinhos. Viva a democracia brasileira. 

A FIFA manda em tudo, pode até beber em estádios durante os jogos da Copa, mas quem for pego bêbado vai pagar o pato por não ter educação. Exemplar esse suíço.

Por que o governo brasileiro está pagando a conta? Por que quiseram entrar nessa de Copa do Mundo? Ah! O custo é alto, mas a receita irá superar. Entendi. 
Herdaremos grandes benefícios pelas obras prometidas que ainda serão construídas até o início da Copa. Entendi. Quais?

De onde Lula e Ricardo Teixeira, os executivos à época do fechamento do contrato com a FIFA, assistiram a abertura da Copa das Confederações?

Será que viram o jogo como os servos, os que colocaram a mão na massa durante a obra e não puderam estar presentes no dia da estréia? Esses nobres assistiram os gols de Neymar, Paulinho e Jô pela TV Globo, em altíssima definição? Tá certo isso Arnaldo?

Desculpe, pessoal. Não dá pra engolir. Não gritei GOL nenhuma vez ontem, fiquei um pouco alegre pela vitória, pelos empenho dos atletas, pelo esforço individual de cada um deles, pelos voluntários da FIFA e até mesmo do que poderia representar uma vitória brasileira se as coisas por aqui fossem diferentes.

De certo os servos vibraram e muito, a presidente está em alta nas pesquisas e tudo indica que será reeleita. Ave Cesar! 
Lula também foi vaiado no Panamericano, e quem se lembra da vaia colossal dos burgueses indignados no Maracanã? Isso não significou nada, o homem elegeu a Dilma e pronto. Arretado ele.

Saudade de São Bernardo do Campo, Seu Lula. O senhor iria cair de pau, heim! Não é?

15/06/2013

Dona Dilma


Dona Dilma, na boa… que ninguém nos ouça, mas que tem inflação, tem sim. O custo de vida está subindo aqui em baixo. Pouco, mas subindo e o duro é que está dando sinais de que a coisa pode piorar. Se esforce ai, por favor, dona Dilma, não deixe ela voltar.


Sei que de onde está não é fácil contestar o incontestável, claro que não seria nada positivo se a senhora, do alto do palanque dissesse que o custo de vida subiu nos últimos tempos, mas se passar por perseguida pela imprensa não é legal, não é por aí, a turma aqui vai desconfiar. Isso é coisa de político velho, coronelões do tipo Odorico Paraguassu, lembra? kkk… 

Sabemos bem que a senhora não faz bem esse estilo. 

A imprensa de modo geral, faz, fez e fará panfletagens tendenciosas toda santa vez que se sentir ameaçada, faz parte do jogo, lamento, mas é assim em qualquer lugar do mundo menos nos países totalitários. Afinal ela tem dono e donos prezam pelo capital. Nada contra o capital, mas no terceiro mundo, o capitalista é mais perseverante… kkk

Dona Dilma, eu acho que além de corajosa e por várias oportunidades deu sinais disso a senhora é honesta, e não rouba, uffaa!!! Embora os que a cercam nem todos são da mesma linhagem. Cuidado, dona Dilma, prezamos muito pelo seu sucesso.

Deixo aqui três pequenas sugestões com intuito de contribuir com o governo da senhora, dona Dilma. São basicões, nada de novo:

1) Diminua o custo do governo, tem muita gente nele, dona Dilma, muitos ministérios, por exemplo, tantos órgãos que nem sabemos bem das suas serventias, além de acertos de alinhamentos políticos. São onerosos e nada necessários, a maioria, pelo menos. É muito caro tudo isso e pouco eficiente, dê um calote nos compromissos partidários, a turma aqui em baixo vai gostar… kkk…

2) Promova junto aos outros dois poderes, o legislativo e o judiciário a mesma faxina. Dá um jeitinho, use sua influência, seria por uma boa causa. Por lá, nem se fala… kkk… a sujeira talvez seja até maior, têm bandidos aos montes, dona Dilma, muitos, nem imagina quantos. O Lula, seu antecessor, agora diz que nunca soube de nada, sabia quando era iniciante de carreira, lembro até quando ele disse que no Congresso tinha pelo uns 300 picaretas. O Sarney para ele na época, era uma sarna (essas são palavras minhas, dona Dilma). Mas ele metia o pau nele… kkk Hoje o Lula jamais diria isso… kkk é foda né? Ôps… desculpe, dona Dilma;

3) Impostos, dona Dilma. São muitos, ninguém aguenta mais pagar tanto imposto. E pior, pouco ou nada deles retorna ao povo. Saúde, educação, transporte, estradas, segurança, só pra começar, mas tem tantas outras coisas em déficit que ocuparia muito do seu tempo se ficasse aqui listando todas. Muito imposto em país desorganizado como o que você herdou facilita a corrupção. A corrupção estimula a burocracia que estimula a corrupção que estimula a burocracia e assim vai num moto-contínuo. Os bandidos sentem o faro da grana fácil e se juntam fazendo cara de preocupados com o povo. kkk…

Dona Dilma, você é uma mulher forte e inteligente. Não se deixe abestar-se pelo trono como fez seu padrinho e outros tantos que o antecederam. Acredite nos seus ideais, lembra deles, dona Dilma, aqueles dos tempos da adolescência?  Vá com a sua força atrás dos mal-feitores, mas sem armas dessa vez, pelo amor de Deus… kkk. E também esqueça essa história de comunismo/socialismo, isso é coisa provincianesca. Busque a praticidade, dona Dilma, isso poderá nos levar a um país de classe média de verdade, com poucos políticos, sem tiranias travestidas de democracias, sem nada dessas porras piegas. Ôps… desculpe de novo, é que estou meio nervoso só por falar com a senhora… kkk

Bem, dona Dilma, espero que me ouça, que tenha sucesso na empreitada e conte comigo para alguma ajuda se precisar.

Fique com meu abraço fraterno. (por enquanto, pois se fizer a mesma coisa que os outros, meto o pau na senhora… ops!)

13/06/2013

Gazelas

Abro mão por um instante do "politicamente correto". Espero que quem esteja lendo este desafogo, me perdoe. Realmente é um "pequeno desabafo" Afinal ninguém é de ferro e muito menos tenho eu, "sangue de barata" nas veias. Fui criado com muito molho de tomate.

Aproveito também para não ser "direto" neste texto e me apropriando da tática da "indireta". Artifício comumente utilizado pelos "não dotados de coragem", vide redes sociais e folhetins.

Minhas referências aos que ganham a vida sem nada produzirem. 
Minhas referências aos que criticam tudo baseados, única e exclusivamente, no rancor notadamente oriundo das suas próprias frustrações.
Minhas referências aos sórdidos.
Minhas referências aos que jamais olham nos seus olhos quando sorriem para você.
Minhas referências a quem prolifera com astúcia as "não verdades", ou elas distorcem com objetivos obviamente mesquinhos.
Minhas referências aos dilacerados de lucidez.
Minhas referências aos que não sabem digerir o não. Aos acomodados, pequenos seres que choram pelo tempo que se foi.
Aos que sabem da sua mãe, mas que do pai, desconfiam de pelo menos uma meia dúzia.

Por esses a menção de um singelo animal, a Gazela.

"Gazela é o nome vulgar dado aos mamíferos bovídeos do gênero Gazella. O grupo reúne pequenos antílopes da África e da Ásia, de pernas longas e chifres espiralados, presentes em ambos os sexos. As gazelas vivem em manadas e têm um temperamento nervoso e assustadiço. Os filhotes são muito vulneráveis contra os predadores. Quando pequenas, as gazelas não tem cheiro. Com essa vantagem, os pais escondem sua cria no pasto mais alto, dificultando a ação dos predadores. São animais extremamente velozes. Tem boa visão e uma excelente audição"



Gazelinhas perdidinhas.

10/06/2013

Pelo celular a Kombi guerreira e transgressora.

O nosso amigo da Kombi trafegava tranquilamente pela Marginal Tietê, na altura da Ponte das Bandeiras, sentido Ayrton Sena. Oito da noite, mais ou menos, trânsito relativamente calmo pelo horário de uma segunda feira brava.

O que chamou minha atenção e de certo dos outros motoristas foi o excesso de carga que ele transportada sobre o seu carro. Pareciam caixas de madeira, dessas que carregam frutas.
Fiz uma conta rápida e não muito precisa, evidente - comprimento x largura x altura, 6 x 5 x 7, cheguei em pelo menos, duzentas e dez caixas.
Calculei ainda o peso de cada uma delas, imaginei um quilo mais ou menos. Portanto, cheguei nos 210 quilos. Dando um desconto: 200 quilos. (duzentos quilos) A altura da carga era quase uma vez e meia a altura do próprio carro.
Detalhe: as caixas estavam amarradas na Kombi de um jeito que nem sei como. Até eu ultrapassá-la elas se mantinham firmes sobre a Kombosa. Firmes que nem geléia em prato raso, mas estavam lá. Dançando pra lá e pra cá como lindas e gorduchas havaianas.
Se repararem na foto perceberão que as lanternas do veículo estavam apagadas, a luz que se vê vem dos faróis do carro que vinha atrás dela.
O legal disso tudo é que, apesar dos vários radares de velocidade e rodízio, mega ultra eficientes da Marginal, ela, a ilustre Kombi, trafegava linda, leve e solta, sem que nenhuma fiscalização interrompesse seu destino.
Espero que ela o tenha alcançado com sucesso, pois, pelo que vi, tinha tudo para dar merda.
Do Blog
Já que nem tudo que é ilegal é preterido, anotei a chapa para uma fezinha  no bicho. Deixo a dica para os transgressores: KIB 1094. Milhar e centena do primeiro ao quinto. Um bom palpite.
Em tempo: eu de celular na mão enquanto dirigia, é bem capaz de eu receber uma multa pra largar mão de ser besta e encher o saco de quem está trabalhando.

09/06/2013

Saudosismo, Nostalgia e Estupidez.

Sentir saudade de alguém, de alguma coisa, de algum momento específico da vida é bem gostoso, até o cheiro a gente sente. Mas de forma corriqueira, impertinentemente, comparando o ontem com o hoje, penso que é um modo de fugir do presente. Sem perceberem, essas pessoas deixam impressão aos demais a imagem de que são covardes. 
O indivíduo que se permiti viver exclusivamente baseado no ontem, comparando tudo de hoje com o que já se foi me parece coisa de gente infeliz. E sofrer por idealizar algo comum da forma como ele gostaria que fosse e não é porque os tempos são outros, aí fica difícil.
Vejo pessoas perdidas o tempo todo falando do presente com desdém, criticando, metendo o pau nessa ou naquela figura, atacando daqui e dali como se estivessem numa trincheira disparando a metralhadora pra tudo quanto é lado. São como donos da verdade.
A verdade como sabemos se opõe à mentira e esta só é revelada no futuro e bola de cristal é assunto para bruxos.
Se opor, ter outras ideias e defende-las é sinal de saúde mental. Como conviver com a oposição é que são elas.
Do passado ficam as experiências, se bem diluídas ajudam no presente e garantem o futuro.
Vale o exercício. Pode-se sofrer menos e saborear melhor as lembranças. 
Caros nostálgicos depressivos, morram de uma vez ou venham que a festa está no AR. Sempre.

06/06/2013

Os Vivaldinos

Parece que o ganhador é sempre quem conta a maior mentira. Não é bem assim, mas parece. Ou pelo menos aquele que é mais veemente. Sendo eloquente transforma-se a mentira numa verdade aceitável. Com tanto petróleo o mundo se plastificou.

Normalmente ele acordava às seis, nesse dia acordou às sete e meia. Perdeu a hora e a oportunidade de emprego. A entrevista com Seu Jeremias Duran, marcada para às oito, era do outro lado da cidade. Dois ônibus, metrô e uma boa caminhada, não daria tempo.
Quem pagou o pato foi ela, a esposa, despertada aos solavancos. A coitada ouviu tudo e mais um pouco, com direito a dois sai da frente, sua estrupício e um, você só me fode mesmo.
Amarildo há muito aguardava o telefonema da Alcântara Indústria Química e no dia anterior, no final da tarde ele chegou anunciando o convite.
Soube que somente dois candidatos concorriam à vaga e a pontualidade valia pontos, dois pontos, disseram a ele.
Dois anos e meio de desemprego a falência bateu à porta dos Souza. Amarildo sentia-se o último da fila, deprimido, vivia reclamando da sorte pelos cantos da casa. 
Dirce retomou a costura e os biscates garantiam o arroz e o feijão. Os filhos em escola pública se adaptaram, os cursos de inglês e judô há muito ficaram pra trás. Os amigos sumiram. As contas agora eram pagas, quando pagas, com dois meses em atraso.
Amarildo, químico formado pela USP, depois de vinte e três anos, foi chutado para o escanteio. Alegação: redução de custos. Vai reclamar com o Papa, Amarildo.

Muito bem, o que fazer agora? Ligar para tentar mudar a entrevista para o dia seguinte ou hoje ainda, logo após o almoço? Inventando alguma desculpa esfarrapada, sei lá? Resolveu arriscar e arriscou.

O TELEFONEMA

tuuu… tuuu… tuuu…

__ Alcântara Química, bom dia!
__ É... bom dia.
Com voz embargada. Gostaria de falar com Seu Jeremias Duran. Aqui quem fala é…
__ Um segundo, por favor, estou transferindo.
Meire, a secretária atendeu.
__ Sala do Dr Jeremias Duran, diretor industrial, em que posso ajudá-lo?
__ É… bom dia, aqui quem fala é Amarildo Pereira de Souza, químico formado pela USP, lembra? Tenho uma entrevista com o Dr Jeremias agora às oito e meia…
__ Não, Seu Amarildo, o horário seria às oito, daqui a quinze minutos.
__ Sabe o que é? Tive um problema no caminho, um problema sério. Fui assaltado por uns moleques de rua, desses que roubam celulares, mochilas e me levaram tudo e ainda tomei umas pauladas na cabeça, está saindo muito sangue. Um carro do SAMU está me socorrendo neste exato momento. Falo pelo celular de uma desconhecida que assistiu o assalto… a senhora quer falar com ela pra…
__ Nossa! Mas o senhor está bem?
__ Sim, sim… estou bem, um pouco zomzo, mas está dando pra falar, suportei bem pela minha determinação, graças a Deus. É que preciso fazer o BO e depois voltar pra casa, tomar um banho, trocar de roupa, ela está toda manchada de sangue e gostaria de ver com ele ou com a senhora, não sei, se haveria possibilidade de adiarmos a entrevista, se possível para amanhã no mesmo horário. Estou muito interessado no emprego a ponto de ter recusado tantos outros… Seria possível?
__ Seu Amarildo, o senhor está com sorte, apesar de tudo. O outro candidato acabou de nos ligar dizendo que teve problemas pra chegar também. E curiosamente ele nos disse que sofreu um assalto, bem parecido com o que o senhor sofreu e transferimos as entrevistas para amanhã. Ia ligar para o senhor agora mesmo.
__ Puxa vida, é mesmo? Lamento por ele. Quanta violência, não é? Mas ele está bem?
__ Sim, disse que sim.
Pensou: filho da puta, devia ter morrido o lazarento.
__ Ah que bom! Bem, então fica marcado para amanhã às oito, oito e meia. Pode ser?
__ Não, Seu Amarildo, para amanhã, quinta feira, às 08 horas, pontualmente. Oito da manhã. O senhor compreendeu?
__ Sim, sim… Olha, muito obrigado, Dona… Dona… desculpe, qual é mesmo o nome da senhora ou senhorita?
__ Meire. Sou a secretária do Dr Jeremias Duran, o diretor industrial.
__ Ah tá, Dona Meire, amanhã às oito, sem falta. Até logo, então. Até amanhã, quero dizer… he he…
__ Bom dia.



A ENTREVISTA


No dia seguinte ambos chegaram pontualmente às oito. Nem se olharam, somente Dona Meire notou um certo abatimento e um curativo bem feito na cabeça do outro candidato. Amarildo, o químico desempregado, esqueceu-se de fazer o seu. O outro ficou com a vaga.

Quem pagou o pato novamente foi Dirce, a esposa costureira, pois não o lembrou de passar na farmácia para comprar algodão, mercúrio e um rolinho de esparadrapo.

__ É uma estrupício mesmo.



05/06/2013

Oftalmologista

Óculos. Eu uso óculos desde os 16 anos de idade. Na escola vinha percebendo que sentado no fundo da sala não enxergava as letrinhas e os numerozinhos da lousa, aos poucos fui me aproximando dela e também da professora. Era uma briga comigo mesmo, os sentados nas primeiras carteiras eram os coxinhas e eu queria ser o kibe da escola.

Duas coisas eu descobri quando passei a usar óculos - que na lousa tinha coisas escritas muito certinhas e outra, mais interessante, que não somente a voz da professora era gostosa. Me declarei poeticamente a ela e me dei mal. Malditos óculos.

Do Blog
Quase dois terços da minha vida eu uso óculos e claro, tive que aprender como olhar o mundo com maior nitidez, acho que nasci míope e enxergar com foco é mais difícil do que aparenta. É difícil.
Outra coisa importante que desenvolvi usando óculos é que nem sempre devo dizer o que penso, embora ainda, vira e mexe caio numa emboscada por ser um boca mole. Os ancestrais sempre me alertaram para que eu olhasse mais e falasse menos. Outra coisa difícil.
Por isso gosto de escrever.  Devo aos óculos o vício pela leitura e este foi quem me empurrou para o prazer de escrever.

Escrever é silencioso, gostoso, íntimo, nítido, quase que um orgasmo. Para um míope a nitidez é um tesão e escrevendo vejo o desfocado mais claramente. O que preciso mesmo é aprende a escrever melhor.

Melhor é outra coisa que me aborrece. O que é melhor? Para quem e por quem escreveria melhor? Sem respostas, optei por escrever para mim mesmo.

Por tudo isso vou hoje ao oftalmologista. Minha última consulta faz quase três anos e de certo estou nas primeiras fileiras da classe sem ter me dado conta disso. Isso não é bom, já me dei mal uma vez.

04/06/2013

Corte brasileira sob licença poética.

Me perdoem os do bem. Mas o respeito que sinto pelos políticos brasileiros é exatamente o mesmo que tenho dos ácaros que se hospedam nas carapaças da baratas. 
Não me importaria se um dia acordasse cedo e lesse pelos jornais que uma súbita epidemia de um vírus absolutamente desconhecido, tivesse atacado os desonestos durante a madrugada.  
Que tivesse entrado pelos ânus desses mal-feitores através do papel higiênico que utilizam em abundância, provocando danos irrecuperáveis em seus corpos, de tal forma que os olhos de cada um deles tivesse explodido no ar. 
E ainda, para não deixar vestígios maléficos sobre a face da terra, cada corpo, antes mesmo de apodrecer, fosse transformado em cinzas escuras e essas, como mágica divina, fossem carregadas pelo vento até uma única vala. Uma que desse acesso ao núcleo do planeta e num movimento tectônico essa vala fosse definitivamente lacrada e nela nascendo uma única flor, uma de plástico de cor lilás. 
O duro é pensar que se isso acontecesse eu carregaria para o resto da vida um sentimento de culpa. Afinal eles também eram filhos de Deus e como disse Jesus, amai-vos uns aos outros como a ti mesmo. 
Essa máxima colocou essas pessoas em tais postos ou foi a nossa idiotice que permitiu tal feito?
Deus que me perdoe.

03/06/2013

Equilíbrio

Concentração. Equilíbrio. Percepção. Determinação.
É sempre possível se superar. Olhar em volta, medir, enxergar um pouco mais do que se vê. 
Já postei antes, mas pra quem não viu, veja agora. É estimulante. Clique no link abaixo. 
          http://www.youtube.com/watch_popup?v=jJrzldDUft4&vq=medium
Boa semana, vamos em frente que tem mais pela frente.

02/06/2013

A revelação de Josmar.

Josmar foi passear num domingo de sol e se deu mal. A ideia era pegar o carro ir, direto para o Ibirapuera pra passar o dia no parque com a família.
Saindo da Brasilândia o caminho mais curto era chegar na Marginal do Tietê, atravessar a Paulista, descer a 23 e antes da entrada do túnel, pegar à direita. Muito fácil.
Desde o início da semana ele, a esposa e os dois filhos pequenos só falavam disso. Domingo ia ser o dia da alegria. Pai, mãe, filhos e o cachorro Dog no Ibirapuera.

Encheram a caixa de isopor com cervejas, refrigerantes e lanches feitos pela mãe. Não sabiam se poderiam comer na área do do parque, se tinha lá um lugar para um pique-nique, caso não pudessem iriam fazer a refeição no carro mesmo. Tudo bem, era dia de festa.
Sete e meia da manhã todos prontos, o dia tinha amanhecido perfeito. Um sol forte que desde às cinco e meia já mostrava que viria com tudo.

Embarcaram no Chevette 76 que Josmar recuperou a duras penas. Todo pintadinho de azul escuro, parecia carro de rico e melhor ainda, documentado. Os pneus segurariam a onda até o próximo mês. A parte elétrica estava em ordem - faróis, buzina, setas. Tudo bacana mesmo.
Chave no contato, ele se sentido o dono da cocada preta, camiseta polo listrada em vermelho, branco, verde, azul e lilás, num perfeito arco-iris, permudão jeans e sandálias de couro.

Sai daqui, sai dali, alcançaram a Marginal e nela seguiram até a Ponte da Casa Verde, um pouco antes dela entraram à direita e foram caindo para a esquerda. Um viaduto à frente dividia os caminhos, faróis num grande cruzamento. Por ser um domingo cedo Josmar notou que o trânsito estava um pouco acima do normal e comentou com a mulher:

__ Cacete, tá cheio hoje aqui. Deve ter alguma merda lá na frente.

Rosália não reagiu pelo desabafo do marido. Continuou olhando o trânsito, os edifícios e os carros ao lado. Alguns carregavam pessoas estranhas de cabelos e óculos coloridos.
Os meninos seguindo orientação do pai permaneciam quietos. Somente Dog, o cão, não se continha, latia para os vizinhos o tempo todo.
Quando chegaram próximos da Avenida Dr Arnaldo, numa ladeira que dá acesso a ela, Josmar reclamou de novo:

__ Não falei, tinha merda mesmo! Que caraio de tanto carro e tanta gente esquisita.
__ Deve ser alguma missa de gente importante, Jo. Tentou justificar a esposa fiel.
__ Porra, mas justo hoje, caraio?

Seguiram quando o farol finalmente permitiu. Atravessaram a avenida com muito custo entrando à esquerda para pegarem a direção da Paulista. Quase parados, dez por hora.
Josmar não conhecia direito a região, ficou com receio de sair do trajeto minuciosamente estudado ao longo da semana e se perder. Foi em frente lamentando a lentidão.

Olhava para o relógio a cada 30 segundos. Reclamava, dizia que estava perdendo tempo e sempre com um putaquepariu.
Faróis, carros saindo de uma pista para outra e Josmar finalmente chegou na Avenida Paulista. Queria mostrar para a família o quanto ela era bonita.

__ Nossa pai, é grande mesmo!
__ Maior que na novela, né mãe?

As crianças e a mulher só conheciam a famosa avenida pela televisão. Estavam em São Paulo não fazia três anos e tudo era novo para eles. Nunca tinham visto de perto tanta gente numa única rua.
O Chevette 76 pintado de azul escuro, com elétrica em dia não resistiu a tanta troca de marcha. A fricção abriu o bico, só entrava primeira e a terceira, mesmo assim com certo esforço.

__ Puta que pariu!
__ Calma, Jo. Encosta o carro na calçada, e vê o que foi que aconteceu.
__ O que que aconteceu, pai?
__ Essa porra está dando merda. Fica quieto ai, não enche o saco!

O cachorro só parou de latir depois de ter levado dois safanões bem dados por Josmar e escondeu-se assustado no assoalho acarpetado do carro.
Subiu com dificuldade com as rodas direitas na calçada e estacionou. Desceu, abriu o capô tentando encontrar algum fio solto. Mexe daqui e dalí e nada.

__ Olha vocês ficam aí que eu fou procurar algum mecânico. Deve ter um por aqui e volto logo.

Saiu com a cara emburrada, chingando o vento à procura de socorro.

__ Que merda é essa! Nunca vi tanto viado junto. O cidade de gente doida essa! Falou sozinho

A Paulista no domingo estava lotada. Polícia, jornalistas, fotógrafos, televisão, rádio, gente pra tudo quanto é lado. Parecia festa, pensou ele.

__ Não é missa porra nenhuma, só pode ser coisa do capeta.

Josmar alimentava desde criança uma aversão muito grande por homosexuais, bichas, como ele dizia. Isso desde quando seu pai pegou o irmão de Josmar, o Lucio em carícias íntimas com um vizinho seminarista. O pau comeu solto, sobrou até para os irmãos. Ter um irmão gay era motivo de muita vergonha para Josmar.

Foi em frente, determinado, atravessando a multidão, entre os carros alegóricos, gente colorida, cantando, brincando, se divertindo e ele, todo sério, sem olhar para os lados. Lia cartazes com letras escritas com purpurina.
Sentiu passadas de mão e abraços fortuitos de rapazes admirando a macheza do morenão peludo. Homem alto, forte, pele de índio. Barba por fazer, era atraente aos festivos da avenida. Ele mais que rapidamente tirava a mão suave de cada um deles com um soco no estômago bem dado no camaleão filho da puta.

Num posto de gasolina encontrou o que procurava - um mecânico de plantão e este o seguiu até o carro e lá constatou que problema era simples de resolver, somente prender um cabo de aço que havia se soltado. Nada mais que 50 reais pela mão de obra e o transtorno.

__ Filho da puta, deve ser viado também. Ralhou em voz baixa.

O dia seguiu sem mais contratempos e até encontraram lazer entre as árvores do parque. O dia, apesar de ter iniciado difícil, terminou bem. Lá pelas seis voltaram pra casa.
Qual foi sua surpresa à noite quando assistindo o Fantástico, Josmar se viu por entre tanta gente colorida.

A reportagem registrava a Parada Gay que tinha acontecido naquele dia na Avenida Paulista. O câmera da reportagem destacou o rosto dele entre tantos na multidão. Sabe-se lá porque. Algumas tomadas, ainda pior, bem fechadas no rosto de Josmar não deixavam dúvidas, era ele.

Rosália ficou quieta, os filhos rindo baixo, o cachorro nem se mexeu. Josmar, num súbito ódio e profunda vergonha sentiu uma forte pressão no peito e caiu duro sobre o Dog.
Infarto fulminate, todos comentavam no velório. Talvez fosse pela revelação, pela descoberta de algo que ele, o defunto, quando vivo guardava a sete chaves.

__ Bem que eu desconfiava. Comentou com alguns o farmacêutico da rua de cima.

Por mais que Rosália explicasse à vizinhança, que na verdade estavam só de passagem, que o carro pifou, que ela e os filhos aguardavam o retorno do marido e pai exigente, que saiu a procura de um mecânico, ninguém acreditava na história.

__ Um mecânico.. ah sei, sim claro. Quem pensaria alguma coisa diferente.

A própria esposa, lá, bem no fundo, começou a suspeitar, afinal ela e os meninos ficaram no carro por umas três horas.

Josmar foi enterrado na segunda feira como um homem que na verdade poderia não ser tão homem assim. Pelo menos a vizinhança toda tinha certeza que não era.

HQ - Tiras

Muriel

Achei essas no UOL Blog.