28/06/2012

¿Que passa em la Bombonera y Pacaembu de el?


O Boca caiu de boca na boca do Corinthians e vai para o Pacaembú torcendo pra não levar no chabú. Dançou um tango à moda Itaquerão em La Bombonera.
Que situação difícil a do não corinthiano - se ficar o bicho pega e se correr o bicho come. Torcer pra time argentino não dá, me desculpem os do River Plate e as lindas portenhas, e para o do lado de cá, jamais, nem pensar. 
Quando o Boca fez o gol o ameaço do berro parou na garganta imediatamente quando a TV mostrou o Maradona berrando com seus conterrâneos portenhos. Tô fora, pensei, se tivessem mostrado uma portenha pelo menos, talvez. 
E o bragantino, Romarinho, fllho de Ronaldo e neto do Mário, talvez daquele conhecido - quemario, que mais parece o filho do Djavan com a Maria Gadu, quando fez o dele logo depois que entrou, na garganta o berro parou, gritar pelo itaquerense, dá azar. Deixamos isso para os que são de lá de verdade, os do coração.
O negócio é torcer para o meu melhorar, assim quem sabe, no ano quem vem, lá poderá lá estar.
Salvem-se, hermanos e os não corinthianos de fé, dessa vez já é deles. 
No dia seguinte um meio feriado e depois disso a vida continua, cada um na sua e Brasília na nossa.


Palpite: cobrança de pênaltis -  5 x 4. Os corinthianos insistem em pensar que para o timão é tudo mais difícil, mas o que vale mesmo é a raça na nação boliviana, ops… corinthiana. Parecem o Lula que tem certeza absoluta que foi ele quem conseguiu represar a economia, que diminuiu a miséria no Brasil e que é um político diferente dos demais. 

24/06/2012

Corinthians 2 x Palmeiras 1

Perdeu para um time reserva?  É verdade isso? Esse time vai ser campeão da Copa do Brasil?

UMA VERGONHA - É com muita tristeza que escrevemos aqui que o Palmeiras teve uma atuação sem alma, sem garra, sem qualidade, sem nada do que acreditamos existir nesse time e conseguiu perder pro time reserva dos gambás. Claro que o que importa é a Copa do Brasil, mas vamos sofrer todas as gozações do mundo por causa de um time que não honrou sua condição de titular com o reserva do lanterna. Mais uma derrota pros gambás esse ano, vamos pra lanterna e ainda vamos ter que ouvir de um tal de Romarinho. Nossa torcida não merecia esse vexame.
 ·  ·  · há 19 minutos · 


TORCEDOR RECLAMASem ganhar títulos importantes desde 2002 quando foi campeão do mundo pela seleção, FELIPÃO voltou ao Palmeiras e por enquanto acumula FRACASSOS! Mesmo se ganhar o titulo da Copa do Brasil, a segunda passagem dele não deixará de ser desastrosa! Hoje fomos derrotados pelo time B do gambás, TIME B, o que mostra o quanto o Palmeiras tem um TIME FRACO e um técnico sem comando e que parou no tempo em r



Na quarta é a vez do Boca? Será?

O pneu furado.

Não se deu conta Cícero quando pegou sua moto 125cc nos fundos da garagem de sua casa que um dos pneus, o traseiro, estava murcho. Sentou-se ao banco acomodando-se a ele e com a chave na ignição girou o contato. A máquina foi acionada e com o capacete somente apoiado sobre a cabeça e a ponta das botinas encostando o chão, girou o braço da motocicleta na tentativa de posicioná-la para a saída. Nesse momento percebeu o problema.
Desligou o motor, levantou-se, apoiou o capacete sobre uma mesinha próxima e resmungou alguma coisa.
Na cozinha Dona Antonia ajeitava a pia. Sobras de pão, uma xícara com restos de um café com leite mais para o escuro e um pote de margarina quase vazio com a tampa ao lado estavam ainda sobre a mesa e ela tudo recolhia como fazia todas as manhãs. A cena se repetia naquele amanhecer de dia frio e chuvoso em São Paulo.

Cícero aproximou-se ainda de cara fechada, desviou de sua mãe e foi direto a um antigo móvel de madeira que ocupava o canto esquerdo da cozinha, bem ao lado da geladeira. 
Numa das gavetas ele guardava uma bolsa com algumas ferramentas. Embora Dona Antonia sempre reclamasse que ali não era lugar para a guarda da bolsa suja de graxa, Cícero insistia em mantê-la por lá, coisa que fazia desde os tempos de criança.
Carregou a bolsa com as ferramentas até a garagem. Garagem não é bem o nome que se deveria dar àquela cobertura de telhas de zinco de pouco mais de dois metros de altura com uns quase dois metros e meio de comprimento e uns dois de largura. Na verdade não passava de um barracão improvisado, protegido nas laterais e fundos com pedaços de madeira, restos de caixotes de frutas. Piso de terra batida parecia até um cimentado.
No trajeto da cozinha até a garagem Cícero ouviu sua mãe falando alguma coisa. De certo alguma repreensão, mais uma das tantas que ouvia desde seus primeiros dias de vida. Vai se fudê, pensou ele. 
Posicionou a motocicleta sobre um cavalete improvisado, abriu o zipper da bolsa e buscou uma chave de boca. Em pouco tempo a roda estava fora do lugar, solta, pronta para ser retirada dela o pneu com a câmara furada. Fez tudo isso em pouco tempo, pois a pratica dos últimos tempos criou a rotina que agilizava o processo. Maldito pneu, está mais liso que um sabão.
Bem próximo à sua casa na Rua Vieira Resende, Seu Ernesto da borracharia já estava com as portas abertas e viu seu primeiro cliente do dia chegar todo molhado pela chuva fina que caia, com uma câmara na mão esquerda e um pneu de riscos não profundos na outra.
Bom dia daqui, bom dia dali e vinte e cinco minutos depois o serviço estava feito. Quanto é? Dez reais pra você Ciço. Puta que pariu, comecei o dia no prejuízo já. Marca aí que acerto a noite Seu Ernesto.
De volta a garagem o pneu foi colocado na motocicleta com muita rapidez. Cícero realmente pegou o jeito de fazer o serviço. Esbaforido e tentando recuperar o atraso de pelo menos uma hora, recolheu as ferramentas guardado-as na velha bolsa marrom suja de graxa e seguiu até a cozinha.
Dona Antonia lavava umas loucinhas na pia e quando viu seu filho aproximar-se lançou um palavrão em voz baixa. Baixa não o suficiente para que Cícero não a ouvisse.
Aparentemente não importando-se com os resmungos da bruxa, guardou a bolsa na gaveta do móvel antigo. Velha filha da puta, pensou.
Foi ao encontro da moto e se deu conta que chave não estava onde julgava te-la deixado, ao lado do capacete sobre a mesinha da garagem. Procurou pelos cantos do ambiente e nada. Seu rosto quando ansioso ficava com um quê mais patético que o normal. Não se poderia dizer que Cícero era um rapaz bonito. Seu semblante muitas vezes assustava criancinhas e muitas pessoas o julgavam um débil. Os cabelos negros que mantinha quase que totalmente raspados acentuavam o formato da cabeça grande e os olhos pequenos castanhos escuros e distantes mais do que o normal um do outro o tornavam mais feio ainda. O nariz gordo projetado para um dos lados - em dias quentes ele ia para a direita e nos frios para a esquerda, dava ao observador a certeza de tratar-se de um imbecil.
Depois de algum tempo pensou que poderia ter recolhido a chave junto com as ferramentas e na bolsa marrom suja de graxa ela poderia estar.
Seguiu até a cozinha e bem próximo dela ouvia sua mãe aos berros - ainda não foi trabalhar? é um vagabundo mesmo. Moleque sem responsabilidade. Não sei onde eu estava com a cabeça quando fiz esse troço nojento. Valha-me Deus.
Cícero calado, abriu a gaveta e de dentro da bolsa buscou a chave da motocicleta. Dona Antonia não parava com os insultos e num repente, a mão ainda dentro da bolsa alcançou um grifo. O suor escocrria-lhe pelo rosto misturando-se a água da chuva que o ensopava. O ódio veio-lhe à cabeça e em pé ante pé aproximou-se da mãe que estava apoiada na pia de costas para ele.  Desferiu-lhe um golpe certeiro com toda a força que o braço pôde alcançar na cabeça de Dona Antonia.
Os cabelos curtos e brancos, levemente ondulados, muito rapidamente tingiram-se de vermelho pelo sangue que escorria. Um gemido agudo se ouviu e um ruido de prato se quebrando dentro da pia deu o tom à cena tétrica.
Desfalecida ao chão e com os olhos semi abertos, Cícero viu sua mãe agora em silêncio. O sangue não parava de jorrar e se esparramar em direção à porta da cozinha.
De súbito a lucidez veio-lhe e o remorso repentino a galope sacudia-lhe a alma. O que fazer agora? Mãe, mãe… a senhora está bem? Desculpe mãe, perdi a cabeça.
Nada de nada. A velha não respondia, embora algum movimento no peito dava sinais de que ainda vivia. Cícero julgou ter matado sua mãe.
Decidiu então esconder o corpo. Mas como? A vizinhança fofoqueira iria descobrir e encriminá-lo. Tudo passava à mente perturbada de Cícero - que monstro mataria sua própria mãe?
Teria que se desfazer do corpo de tal maneira que ninguém pudesse descobrir. Embora Dona Antonia fosse de estatura baixa, sua largura era desproporcional, na verdade ela era bem gorda e muita pesada.
Ajoelhado próximo ao corpo da mãe Cícero levou os olhos até o porta facas, com cinco delas de vários tamanhos, dependuradas e que ficava fixo na parede entre a pia e o fogão. Uma ideia lhe ocorreu.
Quatro horas depois pedaços do que fora o um corpo humano por inteiro foram embalados em sacos plásticos pretos. Somaram-se onze sacos médios e um de tamanho um pouco maior.
De dois em dois sacos eles foram recolhidos e colocados no porta objetos da motocicleta e jogados em terrenos baldios e em matas fechadas distantes de sua casa. Cícero foi criterioso na tentativa de esconder os restos de Dona Antonia. 
O dia passou rápido e já eram quase cinco da tarde quando o último saco, o maior, o que não cabia no porta objetos, foi transportado sobre o tanque de gasolina protegido pelas pernas do condutor. 
Seguia Cícero pela Marginal Tietê em meio ao trânsito intenso. Motoqueiro profissional, era habilidoso em cortar os automóveis e caminhões pelas avenidas e ruas sempre movimentadas.

Mas, de súbito um caminhão enorme dos antigos, um FNM - fenemê, como se dizia antigamente, que transportava combustível clandestino, em meio a madeiras de corte não autorizado, saiu da pista da direita desviando de um Gordini 68 estacionado por problemas mecânicos em local não permitido nesta via. Atravessou a pista central indo até a da esquerda, atingindo em cheio e passando por cima da motocicleta de Cícero. O acidente fatal seguido de forte explosão destroçou e carbonizou os corpos de Cícero e os restos de Dona Antonia que estavam no saco plástico sobre o tanque de gasolina.
O que sobrou foi enterrado num único túmulo, como indigente no Cemitério Municipal da Paz, por coincidência próximo à Rua Vieira Resende. Não se pôde identificar o proprietário da moto pois a documentação não existia, nem dela e nem do proprietário. Cícero havia comprado uma moto roubada de um bandido pé de chinelo do bairro por R$ 1.200,00 em duas parcelas, dois anos antes.
Seu Ernesto, o borracheiro reclama até hoje os dez reais que Cícero pendurou e não pagou. O filho da puta sumiu e nunca mais foi visto pela região. Da mãe, Dona Antonia, pouco se sabia, mas para seu Ernesto ela não passava de outra caloteira sem vergonha.

23/06/2012

Belo Monte - Anúncio de uma guerra.

Assisti esse filme e despertei para o problema. O assunto é mais sério do que imaginava pelo pouco que li pelos jornais. E o que mais me chocou foi arrogância de políticos, inclusive a que hoje é nossa presidente. Trecho do documentário mostra Dilma Rousseff, quando ainda ministra de Minas e Energias do governo Lula, defendendo a construção de Belo Monte, num tom horrivelmente sarcástico.
Pouco sei sobre o assunto e assisti-lo despertou-me a estudá-lo melhor, com mais carinho.
Povos indíginas de várias etnias na reserva do Xingú, pedem ajuda e ninguém ou ouve. Habitantes ribeirinhos, brasileiros como nós da cidade, estão aflitos pela construção de uma barragem que irá gerar energia somente por quatro meses no ano e que fará com que mudem de região, de vida. Interesses econômicos internacionais, construtoras gigantes envolvidas e consequentemente, é claro, políticos ao redor, provavelmente sugando da fonte.
Assim como no descobrimento do Brasil, índios serão catequizados, desrespeitados de sua cultura. Devemos procurar alternativas para outras fontes de energia, afinal o progresso também é uma realidade. Mas, acima de tudo, há de se ter respeito com gente, com as pessoas. Mais uma vez, pelo visto, isto não está acontecendo.

É lamentável.

Histórias em 3D

Navegando pela net de vez em quando encontramos curiosidades. Vira e mexe faço um Control C e um Control V do arquivo que me chama a atenção e guardo na memória do meu computador para depois rever e me divertir um pouco mais. Acho que muita gente faz isso. Piadas, humor irônico, comentários sarcásticos, tem de tudo. É um retrato da vida estampada nesta mídia onde o acesso não é controlado.
Notícias tem pra todos os gostos. De política à shows de mágicos em circos do interior.
Recortei a nota abaixo e divulgo aqui, ela faz menção à tecnologia dos tempos modernos e o quanto ela confunde até mesmo o mais atento. Beira a estupidez, mas o que não se torna estúpido hoje em dia se levarmos as coisas muito a sério, não é mesmo?


O texto sugere veracidade. O marido retorna da guerra e encontra a esposa branca com um filho negro que não existia quando da sua partida e ela afirma ao amado esposo que um filme pornô em 3 D que assistia somente por curiosidade a engravidou. Ele, um crente à fidelidade da esposa, aceitou e ainda registrou o filho pardo como seu fosse, claro em 2D.
3D deve ser o apelido do carteiro, um negrão de dois metros de altura que um dia bateu à porta da americana saudosa de um marido que há muito estava ausente defendendo a pátria amada em terras estrangeiras. Ele abatendo por lá e ela sendo abatida em casa pelo 3D.
As guerras trazem histórias das mais estranhas. Essa talvez seja mais uma delas.

Essa é do Laerte
Até.

22/06/2012

Following, I'm going!

__ Following, I'm going!
I answer when people ask me how I'm going.
The streets seem increasingly narrow,
congested with so many people squeezed, they scare me.
The crosses my staunch all the time, frequently.
They lean on me as I them.
Blue eyes, brown and green. Low and high, slender and graceful.
Strange around me, stepping on the grass or the ends of cigarettes.
And I count the tiles on the sidewalk waiting for the signal to let me pass.
I do not know any of them and seem to all friends.
The man's guide dog for the guide.
The sky with gray clouds while cold cools me.
Quanta colored clothing in daylight.
Winding streets make you dizzy and makes people go back and forth.
The almond-shaped brown eyes like to know because it was so.
And ask me all the time as I will and I think without resetting
__ Following, I'm going!
Below the head counting the tiles on the sidewalk waiting for the signal to let me pass.
Only then can count, after time passes.
It seems impossible to be confident but it is wise to think so.
Dai goes to blue gray and cold heat.                                                                                                                                 

Uemor Sirap II - Imperador de um antigo país do leste europeu, Estiônia, hoje terras agregadas à Eslovênia. 
Poeta, pintor e escultor, viveu no século 19 e foi muito admirado pelos súditos. Considerado pelo povo humilde como o imperador dos pobres, não cobrava impostos dos miseráveis, exigia os dividendos somente dos ricos. Se exilou em terras do norte após assistir sua amada, uma linda jovem de cabelos suavemente enegrecidos, de olhos amendoados e de voz macia, ser decaptada em praça pública por pura vingança. Foi acusada de conspiração e que exercia forte influência nas decisões do imperador. Estavam prestes a desposarem-se quando forças rebeldes lideradas pela aristocracia descontente com a repercussão invadiram o Palácio real provocando o tumulto que o destronou. O imperador escapou após levar forte pancada na cabeça que o fez perder os sentidos, caindo sobre e entre os muitos corpos dos soldados que o defendiam, confundindo-se aos seus cadáveres.
Numa oportunidade fugiu dali escondendo-se por uns tempos num porão de um casarão que ficava bem próximo ao largo central e pelos janelões entre abertos viu seu amor morrer na guilhotina de uma lamina cor de ouro. Sumiu e nunca mais foi visto por aquelas cercanias.
Pra onde foi, recolheu-se em num castelo isolado em uma pequena ilha e da lá viveu para escrever as  lembranças da época em que, compartilhava a companhia de sua linda amada.
Tantos viveram e morreram com e por amor. Uemor foi um deles.
Encontraram-se anos depois na eternidade, ela o aguardava pacientemente sentada num banco de jardim com um lenço vermelho no pescoço que escondia a enorme cicatriz. Compreendeu ali o por quê ele não pôde salva-la na ocasião da decaptação.

21/06/2012

706 de 1973 a 2012

Postei no Facebook outro dia um desabafo em vista do que ando lendo sobre as movimentações pré eleitorais pelo Brasil e em especial na cidade de São Paulo. Aqui faço a mesma coisa, mas de forma um pouco mais ampla, não muita, prometo, pra quem quiser ler.

Era um soldado que levava o número 706 - se dizia, sete, zero, meia e fazia parte da 3ᵃ Companhia Operacional do 39ᴼ Batalhão de Infantaria Motorizada, quartelamento do Exército Brasileiro que ficava em Quitaúna,  região oeste da grande São Paulo. Batalhão remanescente do antigo 4ᵒ Regimento de Infantaria de onde, dois anos antes, um certo capitão Lamarca deu um olé na ordem e desviou vários armamentos que foram parar nas mãos de forças guerrilheiras resistentes à didatura militar que do campo e das cidades se organizavam para uma grande revolução solicialista, a revolução do proletariado. Doces sonhos de velhos meninos.

O 706 prestou serviço militar em 1973 bem em meio aos anos de chumbo, aqueles pós dourados, sem entender direito o que estava fazendo naquele lugar e muito menos o que era chumbo no sentido de seu tempo. Viu gente levando chumbo nas costas quando se rebelavam e sofria com isso.
Na época ele acreditava que servir ao exército era para obter um documento, fundamental para ser reconhecido como um adulto, chamava-se Cerfificado de Reservista e logo o dele tinha que ser o de Primeira Categoria. Além do RG e do Título de Eleitor, que no Brasil é dada tanta importância que o cidadão eleitor ganha até um título, ele já tinha. Faltava este e mais a Carta de Habilitação que tempos depois conseguiu. 
Completamente míope, de estatura baixa - 1.70 - fora dos padrões exigidos pela corporação e completamente avesso à disciplina, ele foi selecionado durante o processo de alistamento compulsório, um pouco antes de completar 18 anos, isso em meio aos brutamontes voluntários de QI relativamente limitado. Essa condição reversa durante os quase doze meses que serviu no histórico quartel, o levava frequentemente a seguidos pernoites obrigatórios, detenções por dormir na guarda e de vez em quando a um tal de Chacú (a cadeia militar), por indisciplina em desrespeito aos oficiais. Seria mesmo desrespeito? 
Contudo, destacou-se nos exercícios de guerilha urbana e rural. Parecia um ratinho subindo e descendo morros em meio das matas e paredes altas simulando um contra ataque numa que chamamos hoje de cidade cenográfica. Tornou-se líder de grupos nos exercícios de campo e de cidade. Passava fome sem reclamar, pois não gostava de dar o braço a torcer e com firmeza era submetido com seus amigos aos exercícios neurotizados, impostos pelos superiores e que tirava de letra. O 706 era mais neurótico que os que se apresentavam como neuróticos para treinar e fazer pequenos futuros neuróticos para carregarem fuzis e morteiros sem entende-los como de fato funcionavam. A ideia dominate: o inimigo está à espreita, nunca se sabe quem ele é, de onde ele vem e portanto, devemos nos manter atentos para assim protegermos a pátria amada ao som do hino nacional. 
Eles, os comandantes, chamavam esses inimigos de "Terroristas", inimigos que aliás, nunca os vi, só ouvi falar. Tempos depois descobri que terrorista na verdade era mesmo o ambiente dos anos sessenta, início dos setenta, pra quem estava do lado de cá da cerca. Eu era do lado de lá e por um descuido do acaso fui para o outro lado. 
A guerra do Vietnã corria solta e os comunistas pelo mundo (monstros de dentes enormes que comiam criancinhas e matavam velhos e pais de família por prazer) planejavam ataques à democracia do mundo livre, que no Brasil, certamente, não existia. 
Tempos depois essa história se desfez, na verdade se transformou. A guerra hoje é outra, bem diferente daqueles tempos. Os antigos defensores da pátria voltaram aos quartéis para brincarem de marcha soldado.  Os heróis agora são os tranficantes e os políticos, clandestidamente são unha e carne e confudem as instituições iludindo os do lado de lá da cerca, nós.  
Sendo que os traficantes, mais francos nesse patético contexto, tiram a vida das pessoas quando derramam no mercado produtos altamente tóxicos, com mais ou menos querosene, assim encurtando a vida do cidadão que um dia fora ou poderia ser do bem e os segundos, os de ternos caros, na verdade os mais perigosos, optaram por nos mantermos vivos, bem vivos, quanto tempo mais vivos, melhor e dessa forma se apropriam do nosso dinheiro e da nossa boa fé, tudo dentro da lei. Leis que eles mesmos criam. 
Estes últimos ainda promovem orgias pseudo-democráticas, denominadas singelamente de eleições que são invariavelmente precedidas por shows exóticos na TV, no rádio e em todo meio de comunicação de massa. São as chamadas campanhas eleitorais onde vendem suas imagens de homens sérios, comprometidos com a verdade, prometendo mundos e o fundos, garantindo na retórica dos marqueteiros, discursos enfáticos onde frases do tipo "La garantia soy jo" estão nas entre linhas das promessas.
"Jo estou de saco cheio, tubérculos anais em formas humanas. Cheio de vocês e de sua política nojenta, partidária de composições corruptas e hipócritas.  Vocês todos são exploradores da ignorância e da carência das pessoas. Encontraram no pós-colônia um campo fértil para difundirem sua ganância. Poderiam vocês todos apodrecerem lá no fundo do Chacú, aquele da cadeia militar. Todos. E não se esqueçam de levar suas bandeiras partidárias, usem-nas como papel higiênico em suas bundas gordas e fétidas, as esfreguem depois de sujas em suas caras de porcos de abate, uns aos outros. Amontoem-se como se fossem um único composto de dejeto humano, um único monte de bosta, enorme, fedorento. Os vejo assim e discutam nessa camorra a fundação de seu próprio país e comam-se por lá e que este país fique bem distante do nosso, sugiro que seja no centro do polo sul. Aqui não tem mais lugar prá vocês"
O 706 desde jovem nunca confiou em políticos, acha as putas mais francas, confia menos nos do seu país. Ele mantém guardado seu título de eleitor porque a lei assim exige, inclusive aqueles recibinhos idiotas e a cada dois anos cumpre o seu dever cívico, mas vota sempre na mesma tecla, uma única. Faz questão de manter a documentação regularizada em especial seu passaporte que nunca está vencido. Quando pode respira um pouco de ar puro em outros lugares e diz que fará isso por toda a vida. Ele gostaria mesmo é de berrar pelos alto falantes, xingar, mandar à merda, mas se contém escrevendo. Poucos lêem nesse país, então ele desabafa por aqui. Se recusa a fazer o jogo dos fracos.

17/06/2012

Piracaia



Neste sábado, 16 de junho, Piracaia fez 195 anos. Conheci a cidade de passagem em 1986 quando ela comemorava os seus 159 anos de fundação e eu nos meus 32, me encantei pela serenidade e pelo ar puro das montanhas que a rodeavam. De lá para cá pouca coisa mudou na cidade que hoje tem perto de 30 mil habitantes e fica próxima a São Paulo, cerca de 90 quilômetros, coisa assim. Tem um comércio de certa forma intenso, algumas indústrias e muita atividade rural.

Nesse dia de junho de 1986, eu em férias, estava hospedado na casa de meus pais em Atibaia, eles  preparavam-se na época para se mudarem em definitivo de São Paulo para lá e com meu fusquinha azul, acho que era um de modelo 82, numa manhã de sol de inverno, alcancei o tão aprazível lugar. 
Me lembro que antes dela fomos para Bom Jesus dos Perdões, Nazaré Paulista, cidades bem próximas e em seguida seguimos para Joanópolis num trecho de estrada absolutamente maravilhoso. 

Nunca tinha ouvido falar de Piracaia, achei o nome de origem tupy-guarani muito estranho e de sonoridade duvidosa. Acho que quer dizer peixe salgado ou frito, alguma coisa assim. Mas a praça da Matriz, no ponto mais alto da cidade, me encantou. Tanto eu quanto minha mulher e os três filhos que se espremiam no bando trás, nos apaixonamos por aquelas ruas estreitas de casarões antigos, todos pintadinhos e bem conservados. De gente calma caminhando pelas calçadas limpas e ornamentadas de jardins bem cuidados, sem pressa e cumprimentando-se uns aos outros. Muito diferente de São Paulo onde tudo é corrido e impessoal. Foi paixão à primeira vista.
Piracaia fica entre duas enormes represas, águas que abastecem parte do consumo de São Paulo e da grande São Paulo e que provocam certa umidade no ar, muito bom no verão. As cachoeiras e trilhas em meio à mata das serras da Cantareira, pelo oeste e Mantiqueira, mais próxima e encravada, atraem os turistas nos finais de semana e em períodos de férias. 

A cidade é alegre e contida ao mesmo tempo como foram um dia as vizinhas, Atibaia e Bragança Paulista. Hoje estas são extensões urbanas da capital paulista, uma espécie de cidades dormitórios. As pessoas em Piracaia se conhecem e gostam de festas. Há pouca atividade cultura ainda, infelizmente. Cinemas e teatros, por exemplo, não existem. Uma ou outra atividade nesse sentido é anunciada de tempo em tempo, mas ainda é pouca, muito pouca. 
Nitidamente católica apostólica romana, sempre com alguma festa em homenagem a algum santo. Nossa Senhora disso, Santo daquilo e por aí vai. É tradição da cidade desde sua fundação, embora vê-se crescente o número de templos evangélicos, Batista, Congressão, Assembléia de Deus e até mesmo os neo pentecostais, Universal e da Graça de Deus. Afinal o sincretismo religioso no Brasil é objeto de estudo sociológico e Piracaia nele está. Ainda bem.


Muitos anos depois fui ao seu encontro, numa tentativa de encontro de identidade e busca de paz de espírito. Fiquei por lá e cá, dividindo minhas atividades por algum tempo, mas com firme propósito de me estabelecer por lá em definitivo. Não foi possível por ene razões. Mas o desejo e o firme propósito me levam  a acreditar que nela eu vou viver no futuro por muitos anos. Vou seguir pelo mundo todo, cada vez mais quero estar nos quatro cantos da esfera terrestre, fotografar, filmar e reportar, mas para ela eu quero sempre voltar. 


Tenho comigo que em outras passagens vivi em Piracaia ou por ela tive forte aproximação. Minha alma fica inquieta dentro do corpo e a felicidade quando respiro o ar de suas ruas é abundante. Ela não é chique e nem granfina, não é rica e nem miserável. Não é grande e nem pequena. É do tamanho que gostaria que fosse e tem muita vida pra ser vivida.

Muitas vezes me parece exótica. As histórias ali contadas são fantásticas, atribuo aos valores que o povo tem. O real mistura-se com o fantasioso. A mula sem cabeça e o saci pererê lá existem e convivem com os comuns em agências bancárias, farmácias, postos de gasolina e supermercados. O prefeito é prefeita, bonita e inteligente, diga-se de passagem, assim como no Brasil o presidente é presidenta, que também é bonita e inteligente. Só que com a vantagem de lá ser Piracaia, a terra da truta, o peixe, o de verdade.









Parabéns pelo seu aniversário, Piracaia, mas isso não é tão relevante. Acredito que não vai além do que uma mera marcação de tempo. O que vale mesmo é que você existi e é eterna. Mantenha-se e tenha-me, por favor.

15/06/2012

Morto, sem nunca ter morrido.

Pavão misterioso, pássaro formoso, tudo é mistério nesse teu voar. Ah! se eu corresse assim, tantos céus assim, muita história eu tinha pra contar.

Ela me lembra Saramandaia, antiga Bole Bole, logradouro onde os capitães e as beatas supostamente virgens, jamais aceitariam que o nome santo fosse maculado. 
Misteriosa, bizarra e fantástica, lá onde tudo acontece como num grande espetáculo de teatro surreal. Tem muitas igrejas e templos ornamentados. Os vivos são fiéis, crentes com fervor exacerbado, embora se portem como ateus alcoolizados nas horas de galhardia. E olha que são muitas.
O padre e o padeiro, o pastor, o professor  e o bicheiro. Incluem-se o açougueiro, o vereador e o carteiro. O delegado é mais faceiro, simula até para o jornaleiro. Salvam-se na lista, as putas, essas mais honradas, são de um mundo verdadeiro. Do homem do pastel ao crioulo que vende mel, ninguém de lá vai para o céu.
O sangue escorreu pelo véu quando um homem de apelido estranho foi dado como réu. Dele, dito foi que matou por ciúmes, pois a mulher infiel,  pêga foi satisfazendo um coronel. Sete facadas de puro aço perfurou o peito dele, o pulmão, a garganta e até o anel.
Um alguém de muita panca levou a história para banca. Mas, o que estaria morto na verdade não morreu, muito menos um assassinato aconteceu. Parece que somente a mulher foi quem deu. Dizem que isso sim aconteceu.
Alguém sem coração um folclore fez versão e outro alguém de boca grande a história carregou e assim  na cidade toda se espalhou.
O rádio anunciou e a loja então fechou. Um dia se passou e outros tantos mais também. E dias mais além, ela se abriu e o povo ali aderiu. Compraram lantejoulas, pulseiras e lápis de cor. Não sei se é verdade, mas pra eles um morto, sim, morreu.
No cemitério um cadáver nem chegou e o coveiro, dizem,  lamentou o corpo que ali parou o pavão num voou supremo levou. Nem o sino da igreja se ouviu e a vilã bem sadia, mulher de valentia, dissimulada em sua loja se evadia. O cabelo de todos penteou e ao mundo assim cantou de que nada se mudou. 
Foi só mais um dia em Saramandaia ou Bole Bole, a cidade das beatas virgens, dos padres e pastores loteadores do céu e do crioulo alto e forte que na venda, vende o mel. Teria sido ele quem perdera o anel?


Lá é como aqui ou como em qualquer lugar. Onde tem dois vivos muito juntos, um terceiro não presente se transforma num doente e um quarto também ausente, vira alguém que mata gente. Alguém morre sem morrer, rouba sem roubar e mente sem mentir. O povo gosta de falar.
O pavão misterioso nem consegue mais ouvir.

… me poupa do vexame de morrer tão moço, muita história ainda eu tenho pra contar. (trecho da música PAVÃO MISTERIOSO - Ednardo e o pessoal do Ceará).


08/06/2012

Sebastião Salgado

Fotógrafo brasileiro, nasceu em Aimorés, Minas Gerais em 8 de fevereiro de 1944. Graduou-se em economia pela Universidade do Espírito Santo, em Vitória e pós graduou-se na matéria pela Universidade de São Paulo, vindo a trabalhar em seguida no Ministério da Economia em 1968. Neste ano o país vivia sob o regime  militar que o fez mudar-se para Paris em 1971 onde concluiu o doutorado.
Retornando ao Brasil em 1973 atuou na Organização Internacional do Café e com 29 anos, como especialista na fiscalização de plantações africanas, seguiu para a África carregando uma câmera fotográfica emprestada por sua esposa, Lélia Wanick Salgado,  acreditava que com o registro por imagens teria uma documentação mais eficiente. Bastou este encontro, ao acaso, pode-se dizer, para perceber que através da fotografia encontraria seu verdadeiro destino.
Neste mesmo ano retornou para Paris quando iniciou a carreira como fotógrafo free lancer em agências de notícias, com enfoque no registro dos acontecimentos pelo mundo - aspectos sociais, econômicos, os excluídos, os que vivem à margem da sociedade, as emigrações massivas de refugiados. O fotojornalismo o transformou em um profissional respeitado e de fama internacional. 

Sua sensibilidade é única e o trabalho em preto e branco retrata as mazelas da relação humana pelos quatro cantos do mundo de forma direta, clara e chocante. Faz o observador, à cada encontro com suas fotos mostradas nos pelos menos dez livros e diversas exposições, reavaliar seus conceitos. É simplesmente, brilhante. 
Observe algumas de suas fotos e considere.















A realidade se apresenta em tons coloridos, mas a vida é sempre num contrastado preto e branco.

07/06/2012

Aldemir Martins


Nasceu cearense de Ingazeiras, Vale do Cariri em novembro de 1922.

O artista plástico imprimiu tons vibrantes e traços fortes em sua obra, na maioria contemplando a natureza e pessoas no cotidiano.
Pintura, cerâmica, gravuras desenhos e esculturas sempre quebrando barreiras e retratando de forma muito pessoal a vida brasileira.
Ousado e rompendo regras, trabalhou em caixas para charutos, pedaços de madeira, papeis de carta, cartões, telas de linho, jutas e tecidos variados, marcando a qualidade técnica em toda obra.

Talento puro.








06/06/2012

Blackbarry e o susto de terça e quarta.

O Blackbarry tocou às seis e meia da tarde, em ponto nesta terça feira, ante-véspera do feriado. O som característico dos telefones antigos soou em meus ouvidos como se estivesse num escritório de contabilidade em 1952. Olhei de lado e vi o aparelho luminoso, insistentemente tocando como se aos berros me pedisse para que o atendesse. Sim claro, o identificador de chamadas acusou o nome do reclamante. Na verdade era a reclamante - minha mulher.
Estranhei, raramente ela me liga, ainda mais nesse horário.
__ Oi!
__ Oi, Ro. Você vai demorar para sair?
__ Não, por que?  Acho que lá pelas oito, oito e pouco, como sempre.
__ Ah! É que estou passando mal, preciso que você me leve para o médico, acho que é o coração.
__ Como assim? 
__ Só pode ser, não aguento mais tossir e a dor no peito está forte. Não sei se é muscular de tanta tosse dos últimos três meses, mas acho que tem alguma coisa diferente. Vou para o Incor. Não vou em qualquer médico.
__ Aguenta ai que já estou saindo. Deve ter muito trânsito agora na Marginal, mas já estou de saída.
Uma hora e quinze minutos depois estacionava o carro na porta de casa. Entrei rápido e a vi estatelada no sofá. Baita susto.
__ E aí, como você está?
__ Nada bem. Respondeu chorando e tentando me explicar.
Cinco horas depois estávamos novamente em casa. Aflito encarei o caminho do Incor. A cardiologista que nos atendeu detectou problemas sérios no coração decorrente de um esforço do músculo vital à vida, pelo trabalho excessivo oriundo da pressão alta - 20 x 12. Não entendo bem esses números, mas pelo jeito que a doutora falou e ainda conferindo para certificar-se, fiquei mais do que preocupado. Eu e a minha esposa.
Medicada pôde retornar para casa com o compromisso de ir a um cardiologista no dia seguinte e com este buscar o tratamento para a solução do problema. Isso foi feito.
Hoje, quarta, no final do dia estamos um pouco mais tranquilo. O que tinha que ser feito foi feito. E a situação está sob controle. Acho.
O bom que é hoje ela realmente deixou de fumar. Prometeu, mais que prometeu, se comprometeu com o médico cardiologista e comigo que jamais colocaria um cigarro na boca.
Agora, resta eu. A patifaria tem de ficar de lado para eu deixar de fumar também.



03/06/2012

Os irmãos, Carlos


Domingo lindo tarde de sol, pego o anzol.
Ligo a lancha, vou navegando para o farol.
Mal eu chego, vejo o sossego, o mar nem pisca.
Estufo o peito, faço pose e jogo a isca.

Mas os peixes não querem cooperar.
Se eu não pescar nenhum, com que cara eu vou ficar.

Vou de pressa e compro um peixe no mercado
Enquanto o céu e o sol vão sumindo eu volto sorrindo.
E mal um broto me ver passar, ouço sempre ela falar.
Se ele é um bom pescador, serve pra ser meu amor.



Eu vou contar pra todos a história de um rapaz que tinha há muito tempo a fama de ser mal.
Seu nome era temido, sabia atirar bem. Seu gênio violento, jamais gostou de alguém.
E ninguém jamais viveu prá dizer que o contrariou sem depois morrer.
Nos duelos nem piscava, no gatilho ele era o tal. Todos que o desafiavam, tinham o seu final.

Mas, eis que de repetente, alguém apareceu e com ele quis lutar e o mundo até tremeu
Marcaram numa esquina antes do pôr-do-sol. E todos já sabiam que um ia morrer.
Nesse dia, porém, o homem mau tremeu, logo entrou num bar e no bar bebeu.
Ninguém tinha visto ainda ele em tal situação, mas somente ele sabia qual era a razão.

Chegando, então, a hora do outro encontrar, chegando na esquina, parou para olhar
O outro estava firme com a arma na mão, fazia grande alarde, fazendo sensação.
O homem mau, então, quis logo matar e no valentão quis logo atirar.
E depois de um tiroteio, todo mundo estremeceu, quando um grito seu ouviu, o homem mau, morreu.


Relembro a casa com varanda, muitas flores na janela.
Minha mãe lá dentro dela me dizia num sorriso, mas na lágrima um aviso pra que eu tivesse cuidado.
Na partida para o futuro, eu ainda era puro, mas num beijo disse adeus.
Minha casa era modesta, mas eu estava seguro, não tinha medo de nada, não tinha medo de escuro.
Não tremia trovoada, meus irmãos à minha volta e meu pai sempre de volta, trazia o suor no rosto.
Nenhum dinheiro no bolso, mas trazia esperança.
Essas recordações me matam, por isso eu venho aqui.

Relembro bem a festa, o apito e na multidão um grito.
O sangue no linho branco a paz de quem carregava em seus braços quem chorava.
E no céu ainda olhava e encontrava esperança de um dia tão distante, pelo menos por instantes encontrar a paz sonhada.
Essa recordações me matam, por isso eu venho aqui.

Eu venho aqui me deito e falo pra você que só escuta, não entende a minha luta. Afinal, de que me queixo, são problemas superados. Mas o meu passado vive em tudo que faço agora. Ele está no meu presente, mas eu apenas desabafo, confusões da minha mente.
Essa recordações me matam por isso eu venho aqui.

Roberto Carlos e Erasmo Carlos.

Me lembro uma ouvinte do Programa Barros de Alencar na Rádio Tupi de São Paulo, isso por volta de 1964, perguntando ao telefone - É verdade que o Roberto Carlos é irmão do Erasmo Carlos? Ela sabia a resposta, de certo, mas o que valia era participar, mesmo passando-se por idiota. A resposta na voz grave do locutor veio num tom de sabedoria suprema - Não, querida. Roberto não é irmão de Erasmo, eles são somente amigos. Garanto, pois sou amigo dos dois.
Estava eu no carro a caminho do trabalho por esses dias e sintonizei ao acaso uma rádio AM, acho que era Tupi e me surpreendi ao ouvir uma pergunta de uma ouvinte desesperada, parecida com aquela da mocinha dos anos 60 que hoje deve ser uma vovó. Não me lembro bem os nomes dos artistas que a jovem atual se referia, talvez fosse alguém do time do sertanejo universitário, me dei conta então, que meus heróis morreram mesmo de overdose e quem ainda está vivo, sobreviveu ficando surdo como eu.
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