Neste sábado, 16 de junho, Piracaia fez 195 anos. Conheci a cidade de passagem em 1986 quando ela comemorava os seus 159 anos de fundação e eu nos meus 32, me encantei pela serenidade e pelo ar puro das montanhas que a rodeavam. De lá para cá pouca coisa mudou na cidade que hoje tem perto de 30 mil habitantes e fica próxima a São Paulo, cerca de 90 quilômetros, coisa assim. Tem um comércio de certa forma intenso, algumas indústrias e muita atividade rural.
Nesse dia de junho de 1986, eu em férias, estava hospedado na casa de meus pais em Atibaia, eles preparavam-se na época para se mudarem em definitivo de São Paulo para lá e com meu fusquinha azul, acho que era um de modelo 82, numa manhã de sol de inverno, alcancei o tão aprazível lugar.
Me lembro que antes dela fomos para Bom Jesus dos Perdões, Nazaré Paulista, cidades bem próximas e em seguida seguimos para Joanópolis num trecho de estrada absolutamente maravilhoso.
Piracaia fica entre duas enormes represas, águas que abastecem parte do consumo de São Paulo e da grande São Paulo e que provocam certa umidade no ar, muito bom no verão. As cachoeiras e trilhas em meio à mata das serras da Cantareira, pelo oeste e Mantiqueira, mais próxima e encravada, atraem os turistas nos finais de semana e em períodos de férias.
Nitidamente católica apostólica romana, sempre com alguma festa em homenagem a algum santo. Nossa Senhora disso, Santo daquilo e por aí vai. É tradição da cidade desde sua fundação, embora vê-se crescente o número de templos evangélicos, Batista, Congressão, Assembléia de Deus e até mesmo os neo pentecostais, Universal e da Graça de Deus. Afinal o sincretismo religioso no Brasil é objeto de estudo sociológico e Piracaia nele está. Ainda bem.
Muitos anos depois fui ao seu encontro, numa tentativa de encontro de identidade e busca de paz de espírito. Fiquei por lá e cá, dividindo minhas atividades por algum tempo, mas com firme propósito de me estabelecer por lá em definitivo. Não foi possível por ene razões. Mas o desejo e o firme propósito me levam a acreditar que nela eu vou viver no futuro por muitos anos. Vou seguir pelo mundo todo, cada vez mais quero estar nos quatro cantos da esfera terrestre, fotografar, filmar e reportar, mas para ela eu quero sempre voltar.
Tenho comigo que em outras passagens vivi em Piracaia ou por ela tive forte aproximação. Minha alma fica inquieta dentro do corpo e a felicidade quando respiro o ar de suas ruas é abundante. Ela não é chique e nem granfina, não é rica e nem miserável. Não é grande e nem pequena. É do tamanho que gostaria que fosse e tem muita vida pra ser vivida.
Muitas vezes me parece exótica. As histórias ali contadas são fantásticas, atribuo aos valores que o povo tem. O real mistura-se com o fantasioso. A mula sem cabeça e o saci pererê lá existem e convivem com os comuns em agências bancárias, farmácias, postos de gasolina e supermercados. O prefeito é prefeita, bonita e inteligente, diga-se de passagem, assim como no Brasil o presidente é presidenta, que também é bonita e inteligente. Só que com a vantagem de lá ser Piracaia, a terra da truta, o peixe, o de verdade.
Parabéns pelo seu aniversário, Piracaia, mas isso não é tão relevante. Acredito que não vai além do que uma mera marcação de tempo. O que vale mesmo é que você existi e é eterna. Mantenha-se e tenha-me, por favor.
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