30/04/2012

Di Cavalcanti

Pintor nascido no Rio de janeiro de influência cubista e surrealista. Um dos mais típicos pintores brasileiros de temática popular. Retratou o carnaval, mulatas sensuais, paisagens suburbanas e naturezas-mortas com frutas tropicais.



O que passa na mente de um artista, nem ele mesmo poderia explicar. Ele não se preocupa com explicações, ele se manifesta de alguma forma. A nós, os comuns, cabe apreciar.

Diário do Dia - Segunda, 30 de abril de 2012

Piracaia está molhada. Não para de chover desde sábado a tarde e hoje já é segunda feira. Ela começou fina lá pelas duas da tarde e me dei conta logo após a saída do restaurante Breda, onde se come a melhor truta do Brasil - pelo menos é assim que anuncia o cartaz no casarão amarelo ocre, todo reformado e que fica na parte mais alta da cidade, no Largo da Matriz. E eu acredito que seja mesmo, pois a tal truta estava uma delícia. 
Bem que a meteorologia anunciou um feriadão com muita chuva no estado de São Paulo. Vai acertar assim lá longe, podiam ter errado feio desta vez, pô! Sempre fazem isso!
Me restou o recolhimento, o descanso e a leitura. Escrever bobagens aqui no blog, buscar notícias pelos sites, brincar um pouco com as netas, com a filha, ouvir o genro falar sobre cavalos, sua paixão - o cara é bom nisso, entende do assunto. Estar com minha mulher que não para de tossir, ela está com uma forte gripe e fica mais impaciente com isso.
Procurei esquecer do trabalho para me recompor, embora, de tempo em tempo, uma outra questão do nada viesse a me acordar. É assim mesmo, já estou acostumado, eu não consigo me desligar por completo. Precisaria de mais uns dias, mais um ou dois meses de folga assim eu relaxaria por completo. Isso eu farei nas férias de julho aqui em Piracaia, em Matchu Pitchu e em Santiago.

Domingão a noite deixa a gente meio borocochô. Embora este antecedesse uma segunda de pré feriado, domingo é domingo. Deviam tirar ele do calendário, quando muito só deixar a parte da manhã. Tudo fechado e sem graça dá a impressão de estarmos em último na fila que nunca anda.
Sou acelerado e na calma, na muita calma, minhas pernas começam a balançar e a cabeça não para de trabalhar. Me sinto provocado e mais ansioso, quero fazer alguma coisa.


Nada mais solitário que uma ilha.
Penso nas ilhas pequenas, aquelas escondidas no mar sem fim. 
Aquelas que mostram uma única montanha de altura média disforme bem ao centro. 
De vegetação rasteira com algumas plantas de folhas grandes e de galhos firmes. 
Penso naquelas sozinhas, as resignadas na sua condição de não ter ninguém pra falar. 
As que ouvem a música do vento e se acalmam com as carícias de corpo inteiro do próprio mar.
Penso numa ilha minúscula, certinha na forma, aquela do acaso, a agredida pelo navegador da bússola perdida e que jamais um dia ele voltará. Despida e tolhida da pureza. 
Do intrépido visitante se lembrará quando da sua partida. 
Do navio de madeira a meio fio, sem que ele olhe para trás, nem ao menos se despediu, só deixando na memória e no registro em papel um nome de gente do qual jamais saberá ou de pássaros que nela nunca sobrevoará ou de um são qualquer que ela jamais ouvirá falar.
Ingratidão. 
Um porto seguro ela seria e com um farol forte um viajante na noite escura ela guiaria.
Mas ficou ao seu revés.
Penso numa ilha onde o sol das manhãs quentes aqueceriam seus pés. 
O vento em seu ventre a cobrisse de serpentes para que em suas areias finas corressem sem viés. 
Onde o mar por brincadeira logo apagaria e o vento de novo nela desenharia.  
O mar e o vento brincariam com ela o tempo todo só por intenção de acalentar.
Um vestígio náufrago a cada tempo ela acolheria. Presente do vento e do mar. 
Dilaceraria ainda mais os restos do que foi inteiro. 
Recolhendo do vento e do mar como num devaneio até o pedaço se esfarelar.
E ela contínua e passiva, esperando a chegada de alguém. 
Que não seja ele um errante e que venha para ficar.
Assim me lembro da ilha solitária. Perdida e contida pelo vento e pelo mar.


29/04/2012

Tarsila do Amaral


Para relaxar a alma, 
uma postagem com algumas obras de uma artista 
que viveu muito além do seu tempo.
Algumas pessoas parecem que vem do futuro para nos instigar.




Diário do Dia - Domingo, 29 de abril de 2012

Hoje é o centésimo vigésimo dia do calendário gregoriano de 2012. Cento e dezenove dias ficaram para trás desde a virada do ano e sabe-se lá quantos dias ainda tenho pela frente até a chegada do juízo final do qual ninguém escapa. Espero ter pelo menos mais uns dez mil, quero dizer,  mais uns trinta anos por aqui e que eles sejam bons. Não basta estar vivo, tem que participar e em trinta anos dá pra se fazer muita coisa e planos é que não me faltam, aliás, os tenho aos montes.
Incrível como ando pensando no tempo que ainda tenho e ao mesmo tempo no quanto deixei de fazer em direção a eles. Não importa, é melhor acreditar que andei cumprindo etapas necessárias, intransferíveis e a cada dia me sinto mais próximo dos meus sonhos.
A crença na continuidade, de certa forma, me acalma e a persistência que é da natureza, me conforta. Então, por que não? Roubo  do poeta - você pode dizer que eu seja um sonhador, mas eu digo que não sou o único. Escrever é provocar a si próprio e a quem ler o que você escreveu. É um ato dado a poucos, em geral, aos inconsequentes, aos perplexos e aos curiosos. As ideias ficam amontoadas na cabeça desordenadamente e se pudessem serem vistas pareceriam uma colméia onde as abelhas, com um único propósito na vida, protegem a sua rainha. A ansiedade é a rainha na cabeça de quem tem muitas ideias.



Amanheceu chovendo em Piracaia.  A previsão acertou desta vez, costumam errar quando anunciam tempo firme e ensolarado. Para as chuvas é fácil acertar. As fotos do satélite são como radiografias, as manchas são facilmente identificadas. 



26/04/2012

Diário do dia - Quinta Feira, 26 de abril de 2012

Laerte
O chargista que me permita o uso despretensioso de sua história, achei tão boa a sacada que meti bala num control-c e control-v aqui no blog.  É da Internet, não leve a sério, o creditei pela contemplação e cumprindo com minha obrigação, assim, diminuindo também o peso pela apropriação não autorizada. Considere como um elogio. É sério.

Achei que em tão pouco espaço e com um humor bem apurado o talentoso artista resumiu o que é a rotina na vida da gente. O sujeito carrega um fardo pelas costas que nem ele próprio se dá conta do que está fazendo. É tão estúpida sua condição que quando alertado do sobrepeso por outra pessoa se pergunta onde largou sua vida. Condicionado, preso e acomodado ele somente reclama, ainda com o peso sobre si.
E o ...taquipariu ficou tão espontâneo no contexto que não pude resistir, vim correndo para cá.  Devia entrar para o vocabulário da língua portuguesa culta - escrita, falada e documentada, além de tudo, o som da palavra tem um tupi-guarany embutido que deu uma brasilidade sem igual. Meio que tatu no indo - do português, está tudo indo.

Taquipariu lembra nome de cidade do interior de São Paulo ou do sul de Minas. Lembrei que os nascidos nela seriam registrados como taquipariuense ou taquipariuano.
Indo além, imaginei esta cidade um dia se tornando importante, muito importante. Totalmente cosmopolita, uma mega-cidade fincada no coração do Brasil, referência econômica, política e cultural, reconhecida mundialmente e muito procurada por turistas estrangeiros. Elegante e culta, a ponto de decidirem torná-la capital do país,  num novo, Distrito Federal, deixando a atual na condição secundária de obra arquitônica de gosto duvidoso, com desenho mais reflete a um camburão do que de um avião, como se referiu o próprio, centenário, seu projetista. 
Ela seria construída mais para o noroeste do centro oeste do país, próxima aos estados do Acre e de Rondônia e há poucos quilômetros das fronteiras da Bolívia e do Peru. Seria de certo um marco no Mercosul.  Pensei próxima à fronteira argentina de início, mas desisti, de certo as mães dos hermanos não iriam vê-la com bons olhos, pareceria mais uma provocação dos macaquitos.
Em Taquipariu viveriam milhões de pessoas felizes, pois muitos se mudariam para lá e sendo ela a capital do país e possivelmente, num futuro próximo, também das Américas, do centro e do sul ao menos e indicada seria, com toda a certeza, como local para a nova sede das Nações realmente Unidas.
Lá os pistoleiros não teriam emprego, os traficantes mudariam o seu caminho, os corruptos não teriam vez pois políticos profissionais não existiriam, bastariam os voluntários de meio expediente. As escolas, creches e hospitais, todos seriam públicos. As igrejas com pedágios, banidas naturalmente, excomungadas,  elas estariam na mesma distância daqueles que exploram as crianças no resto do Brasil.
Como digo sempre, o advento da internet facilitou a vida do curioso. Tem-se tudo muito rapidamente. A questão é a interpretação - não necessariamente se escreve ou se fala o que houve, mas sim, o que se ouve. Oswald de Andrade sacou essa tempos atrás, brincou com os sons dos verbos haver e ouvir. Taquipariu, o cara era phoda.



Primeiro de Maio - Dia do Trabalho. E não é só aqui que se comemora, vários países homenageiam aos da labuta com um dia de descanso. E nós que cultivamos os tais feriadões, temos mais um pela frente. Mais um nas terras brasileiras. E já que o mar não está pra peixe o negócio e relaxar na onda e na medida do possível não se afogar nela.
Se em Brasília, a terra da pizza, a turma se apresenta de terça à quinta feira, na semana que vem o tempo será menor ainda, estarão por lá na quarta e na quinta. Que desperdício de passagens, emendem também, sem constrangimentos.  Alguém duvida de um semanão na capital do Brasil?




Barcelona e Real Madri ficaram para trás. Nem Messi nem Cristiano Ronaldo (nome esquisito esse, poderia ser, pois, Gilberto Alfredo ou Renato Roberto) estarão na final da Liga dos Campeões. O nosso Kaka também, contribuiu no jogo de ontem perdendo uma cobrança de penalti. É uma pena, mas futebol é assim mesmo, nem sempre os melhores ganham, está ai o Palmeiras que não me deixa mentir, há mais de dez anos não leva um troféu para a Rua Turiassú, mas continua sendo imponente na Copa do Brasil 2012, quem sabe agora vai.

Portanto, até. Tamu indu, mas vortamu logu. (putz, pareceu latim essa).



                                                      

22/04/2012

Diário do Dia - Domingo, 22 de abril de 2012

Piracaia é um refúgio, um lugar onde me sinto tranquilo que me aproxima da paz de espírito. Andar pelas ruas desta cidade que fica a 90 quilômetros da capital paulista, bem próxima a Atibaia, Bragança Paulista e Bom Jesus dos Perdões, é muito gratificante.  O novo convive com o antigo em perfeita  harmonia. Vê-se bosta de cavalo esmagada entre as ranhuras dos pneus de carrões último tipo, misturando cheiros de esterco com o de gasolina. 
Nova York e Piracaia têm uma coisa em comum - cidades onde eu gostaria de morar. Pra quem conhece ambas e a mim,  sabe bem do que estou dizendo. 
Uma tem pra lá de 15 milhões de habitantes com nativos de inglês atropelado, mais os que a procuraram vindos de vários cantos da América e os que lá se refugiaram que sairam dos quatro cantos do mundo. NY é absolutamente cosmopolita.  
Agitada, grandiosa e efervecente, viver lá é estar em sintonia com o mundo nas 24 horas do dia e requer muita atenção, pois tudo muda muito rapidamente. 
Nova York é um monumento à ansiedade enquanto que Piracaia,  à paz.  Paz relativa, está certo, afinal estamos em 2012, mas, paz. Paz como se ainda vivêssemos nos anos 30, 40 ou 50, simbolicamente, claro. 
Tem cerca de 25 mil habitantes e boa parte são da própria terra,  mais os turistas que a cada ano a descobre encantadora e todos respiram do mesmo ar - mato, comércio crescente, trânsito nas ruas estreitas, bosta de cavalo e gasolina. Antes era só de bosta, agora o escremento se compõe ao derivado do petróleo criando a fragrância única. Sinal dos tempos. 
Ansiedade e tranquilidade estão em extremos opostos, mas se equilibram dentro de um mesmo espaço. Minha alma é assim, estou aqui e ali e ao mesmo tempo em nenhum lugar.


A chuva fraca de outono que chegou um pouco mais forte na madrugada de sexta feira para o sábado, somente parou no final da tarde deste feriado de 21 de abril. Deixou o dia um pouco retraído em Piracaia. Mesmo assim, comemoramos com muitos convidados o aniversário da Bibi, Gabriela, a segunda na ordem de cinco netas que, na verdade, completará seus quatro aninhos no próximo dia 24. A festa foi antecipada e bem animada. Bibi ficou feliz e nós também.

A Catarina - a minha querida Cacá, a Alice, Cecília e Olívia e mais um punhadão de crianças se cansaram da folia somente depois da meia noite. Os queridos delas ficaram até mais tarde.

FELIZ ANIVERSÁRIO, BIBI ! 



Hoje o Brasil faz 512 anos. Pelo menos essa é a data oficial - 22 de abril de 1.500. Embora tenha sido descoberto (descoberto sob o ponto de vista europeu, pois aqui habitavam seus nativos), outros já haviam passado pelo seu litoral.  Fernão de Magalhães foi um deles e Cristovão Colombo o outro, este descobriu a América e o Brasil, já naquela época, fazia parte do continente, Portanto, portugueses, espanhois e italianos confundiam-se um pouco com geografia.

O navegante português, Pedro Álvares Cabral, a mando de Don Manuel I, rei de Portugal, tentando alcançar as Índias chegou aos índios e logo foi batizando nosso pedaço com o singelo nome de Ilha de Vera Cruz.  O monte Pascoal foi sua primeira vista - Terra a vista! gritou o marujo do alto do caralho (caralho - ponto mais alto da embarcação que servia como de castigo aos insubordinados, daí a expressão - vai para o caralho), provavelmente enjoado de tanto comer carne seca, salgada e de vomitar lá do caralho. 

Constatou Cabral, ainda errante nos mares do atlântico sul,  que não se tratava de uma ilha, na verdade, pela grandeza do litoral sem fim, viu ali uma vasta terra, um continente quase. 
Pois então, disse ele em sotaque lusitano - Terás o nome santo de Terra de Santa Cruz.  Depois, não satisfeito e com uma história mal contada sobre árvores avermelhadas como um braseiro que os portugueses de pronto apelidaram de pau brasil, trocou-lhe o nome: Vamos chamá-la,  pois, de…  deixa-me ver…  Ah! já sei… Brasil.  Pero Vaz, caminha, escreva ao Rei o que descobri!
Índios adornados com objetos de ouro acenderam-lhe a alma. É certo que havia muita riqueza nesse novo horizonte, escondido além-mar e a história começou e aqui estamos nós, totalmente descobertos.

"Os indígenas começaram a tomar conhecimento da fé dos portugueses ao assistirem a Primeira Missa, rezada por Frei Henrique de Coimbra, em um domingo, 26 de abril de 1500. Logo depois de realizada a missa, a frota de Cabral rumou para as Índias, seu objetivo final, mas enviou um dos navios de volta a Portugal com a carta de Caminha. No entanto, posteriormente, com a chegada de frotas lusitanas com o objetivo de permanecer no Brasil e a tentativa de evangelizar os índios de fato, os portugueses perceberam que a suposta facilidade na cristianização dos indígenas na verdade traduziu-se apenas pela curiosidade destes com os gestos e falas ritualísticos dos europeus, não havendo um real interesse na fé católica, o que forçou os missionários a repensarem seus métodos de conquista espiritual"



21/04/2012

Diário do Dia - Edição de 21 de abril

Não sei aí, mas aqui em Piracaia o dia amanheceu com chuva fina neste sábado, 21 de abril. Chove pouco mas o suficiente pra molhar tudo, deixando a sensação de friozinho na pele. A cidade em silêncio, parece calma. Tem muita gente dormindo ainda e o perfume que vem das árvores relaxa a alma. O ruído de alguns caminhões ao longe se mistura com o canto dos passarinhos que parecem gostar da garoa. Do galinheiro ouço o galo reclamando dos chamados dos outros galos da região, mesmo os mais distantes são ouvidos. Parece que se comunicam, um daqui, outro dali e outros de mais distantes.

É feriado no Brasil colonial do século 21. Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, mártir da independência é homenageado como herói. Liderou um movimento que buscava a independência das garras lusitanas, embora tivesse ficado para a história como Inconfidência Mineira, o levante teve caráter nacional. Foi dedurado, preso e enforcado em 1792. Espalharam pedaços do seu corpo pelo caminho de Vila Rica como mostra de que levantes contra o reino português não seriam tolerados. Era questão de tempo, o filho do rei fez o serviço trinta anos depois, num brado retunbante berrando o Independencia ou Morte. As duas profecias se instalaram ao mesmo tempo no País e a bagunça de instaurou. Salve o Imperador e salve Piracaia.


Um tal de Carlos Cachoeira foi descoberto pelos brasileiros do Brasil. Brasileiros de Brasília que fica dentro de Goiás já o conheciam, mais ainda os brasileiros do Congresso Nacional, aqueles que nós mesmos botamos lá em troca de dentaduras e camisetas, dentro da hipócrita democracia que brigamos tanto no passado. O sistema é poderoso no mundo e reina entre as pessoas do bem.
O homem pagava muito dinheiro a senadores, deputados federais,  ao governador de Goiás e sabe-se lá a quantos mais nacionalistas verde-amarelos. Exercia total influência aos desígnios do País. Não tenho certeza quanto ao tempo dos verbos - pagar e exercer, empregados aqui. Só sei que o cara é mais Corleone que o próprio criado por Mario Puzo. Na prisão tem direito a TV e visitas íntimas. Vai ser bom assim em Marte, senhor empresário bicheiro.
Demóstenes Torres, senador da república, o santo desmistificado, careca e muito feio é a bola da vez em ano de eleição no Brasil brasileiro. Depois dele outros virão. Tem até CPI com Collor de Melo à frente. Nem Dias Gomes teria tanta criatividade surrealista. O Brasil é uma piada e a construtora Delta faz a festa nos estádios da Copa do Mundo de 2014.
Só não atiro uma pedra na TV quando assisto as propagandas dos partidos políticos porque o prejuízo seria maior ainda. Uns caras de pau invadem minha casa bravejando indignações e prometendo mundos e fundos como se fossem santos. Lêem textos redigidos com requintes publicitários pelos teleprompters das câmeras de produtoras de vídeo que ganham uma nota preta em ano de eleições. Deslavadas, as mentiras dos partidos políticos de A a Z fazem efeito cascata a La Cachoeira bem no meio do Jornal Nacional. Chegam a ser piores que os bispos e missionários que pedem dinheiro em troca de um pedacinho do céu.
Se partido político fosse bom deveria se chamar inteiro político. Inteiro mesmo é o nosso estado de estupidez que não esquarteja a tamanha safadeza cada vez mais imunda.


Corinthians e Santos, a meu ver, são dois fortes candidatos a levarem a Libertadores da América neste ano. Embora palmeirense por educação e opção e nunca deixando esmorecer a esperança de vencer de forma imponente, como diz o hino, os times de futebol em preto e branco da capital paulista e da cidade praiana, se apresentam como fortes candidatos, estão melhores que os demais.
O Corinthians deu de seis a zero num time da Venezuela, aquele país onde o futebol não é o esporte nacional, cujo presidente é o hilário e também careca, Hugo Chavez, amigo do Lula, lembram?



Viva o Brasil que foi descoberto por navegadores incautos. Explorado nos séculos por saqueadores de fala estrangeira, enquanto dormia em berço esplêndido, que assistiu índios serem cateczados para um estúpido fervor religioso, que viu navios negreiros aportarem em seu extenso litoral trazendo mão de obra escrava que geraria também os mulatos (o nome vem de mula) e cujo povo elege corruptos se prostituindo em troca de dentaduras, esperando a Libertadores chegar. Só poderia estar onde está,  na ponta de quem o pariu.

Jogar a toalha, nem pensar.  Para aqueles que acham que fugir da raia seria a única solução, garanto que não é bem assim. Por mais difícil que a situação se apresente há de se ter lucidez para conduzi-la a um melhor caminho. Oxigenar a mente é saudável, no mínimo, inteligente, e, afinal, ninguém é de ferro. Falar é fácil,  praticar é que são elas.   Derrotismo - só para os derrotados, trata-se disso quando não se tenta. É preciso buscar o foco sempre, ter o sucesso em mente o tempo todo - deixar claro a você mesmo onde e como quer chegar.

Acho que escreveram parágrafos como esses aos montes, duvido que nos livros de alto ajuda que, aliás, não os considero como os de minha preferência, não tenham divagado extensivamente sobre o assunto.
É natural sentir-se cansado, ainda mais se você vem de longa caminhada. Perceber que o corpo não responde como antes e que o raciocínio está mais lento é indicação de que é o momento do intervalo, do respiro, da água gelada.  Mesmo momentaneamente parado,  não permita perder-se  do objetivo. Os boxeadores recebem cuidados nos intervalos e reavaliam sua estratégia e retornam à luta. Sigamos em frente, então. 

Viva Tiradentes que não se rendeu ao Cachoeira de sua época.  Perdeu a cabeça, mas não a dignidade. Em Piracaia é assim.

15/04/2012

A vida em ordem alfabética

Estou escrevendo um livro. Trata-se de uma extensa relação de pessoas que conheci ao longo da vida e  com elas as histórias são passadas. 

Estou relacionando pessoas que me marcaram pelo seu jeito de ser e de quanto elas representaram na minha formação. A quantidade de nomes é enorme e com dedicação me disponho ao trabalho. Entendo que aprendendemos com todos, mesmo à distância, um ajuda o outro, de uma forma ou de outra.
Daqueles que não me lembro os nomes,  os que  o tempo guardaram somente pelos fatos em si,  pequenos ou grandes, pelos sons de suas vozes, pelas palavras que diziam e de como me viam,  peço desculpas. Deixo ao menos a menção da nossa convivência, num olhar muito pessoal, saberão o quanto importantes eles ou elas foram para mim. 
E aos de nomes lembrados que me permitam a referência. Até poderei, eventualmente, alterar identificações de alguns ou algumas para não compromete-los, se os fatos sugerirem isso. Estou decidindo o caminho,  mas não deixarei de mencioná-los diante da relevância.
Vejo que aos poucos uma história única se constrói pois de fato a base dela existe e fora de uma ordem cronológica. Uma história começa pelo final algumas vezes, pulando num parágrafo coerente para o início do relato e depois num outro salto, segue encerrando-se bem ao meio. O tempo caminha para frente e para trás como num lapso e na medida em que as pessoas vão sendo citadas os episódios vão se desenrolando.  E, óbvio, sempre pela minha percepção. Prevalece a versão do autor, pois,  dessa maneira  quem as lê compreende o ponto de vista de quem conta a história.
As redes sociais têm o mesmo estilo. Num primeiro momento uma mensagem aparenta não ter sentido. Ela é postada de forma genérica e quem se sentir receptivo responde. Às vezes a postagem é colocada como se fosse em códigos ou em meias palavras, os amigos relacionados no grupo lêem, curtem e comentam sem compreender direito o sentido real daquelas palavras,  tornam-se cúmplices e na sequência e com a ajuda da intuição,  concluem que quem enviou está com problemas,  daí a pseudo fraternidade.
Não tenho a menor expectativa de que alguém possa ler um dia  de cabo a rabo o que estou escrevendo, muito menos de alguém se dispor a comprar uma edição, afinal, livro no Brasil é caro e no geral as pessoas preferem leituras breves focadas na auto ajuda ou nas filosofias facebookianas. 
Geralmente livros de escritores desconhecidos são compreendidos como de pouco talento e ficam esquecidos nas estantes. Até os grandes escritores reclamam do público reduzido e contam mesmo é com o reconhecimento em outros cantos do mundo ou de que suas obras possam se transformar em novelas de televisão.
Imagino que a leitura se dará por uma ou outra pessoa mais próxima e talvez, por consideração ou até mesmo curiosidade alguém poderá comprar um ou outro exemplar mas, antes disso, se dará ao trabalho de folhear na própria livraria o exemplar, certificando-se de que seu nome conste mesmo no livro.  E também como num site, o leitor reconhecerá amigos em comum e se interessará pelas histórias deles comigo. Vale mesmo o meu prazer nessa aventura da memória e a diversão pelo exercício da revisão.

Acumulamos pontos ganhos e pontos perdidos num torneio. Na Copa do Mundo, na feira e no trabalho estamos sempre atrás do sucesso pessoal como numa verdadeira disputa olímpica.
Não venham me dizer que os tímidos não querem nada. Quem gostaria de nada é porque não seria nada e como todos, sem exceção, querem muito, mesmo discutindo-se o sentido do "muito", todos querem vender na vida e,  pensando bem,  que consigam.  Por que não?  Merecemos uma medalha de ouro de vez em quando, não acham?
Afinal, alguma coisa tem de fazer sentido nisso tudo.

12/04/2012

Burro demais

Dr. Ernesto Marcondes, eminente médico e pesquisador,  morreu nesta quinta feira, 05 de abril,  por volta da 23 horas, vítima de um ataque cardíaco fulminante. Foi encontrado na manhã de hoje em sua residência no bairro de Higienópolis em São Paulo pela filha, a engenheira, Maria Marcondes. Ele completaria hoje 83 anos e gozava de plena saúde, relata a filha. Praticava natação no Clube Pinheiros desde menino e até cinco atrás participou da corrida de São Silvestre em São Paulo por cinquenta e oito anos, chegando em 1962 em primeiro lugar e repetindo o feito nos dez  anos seguintes. Na época a prova era realizada a noite e o encerramento coincidia com a virada do ano onde a família comemorava unida no restaurante Fasano. Entre 1971 e 1991 correu pelas maratonas de Nova York, Amsterdan, Barcelona, Roma e Londres e sempre colocando-se entre as primeiras posições. A seu lado, permanecia a fiel cadela Martha, que participou de vários filmes publicitários e sete novelas da TV Globo e que cujo choro ensurdecedor fez a vizinhança suspeitar de que algo teria acontecido. Viuvo de Dona Magda Figueira Marcondes desde 1992,  ele lamentava até o último dia de vida seu desaparecimento, ocorrido naquele ano em trágico acidente aéreo no Atlântico norte quando esta viajava em férias com um amigo para as Ilhas Canárias. Deixa filha, genro, quatro netos e muitos amigos. O corpo está sendo velado na Capela de Nossa Senhora do Horizonte e o enterro será às 16 horas deste sábado no cemitério da Consolação.
Alguém já parou para ler notas de falecimentos pelos jornais? Quem não fez isso? Experimente, vai achar no mínimo curioso. Embora pareça mórbido, a sensação é de como ler um livro de história. 
Me lembro de quando assinava os impressos eu parava intuitivamente nesta parte do jornal e lia cuidadosamente, de ponta a ponta, quem, quando, onde, como, e por que o fulano ou a fulana de tal havia morrido. Os nomes dos familiares, dos filhos, filhas, genros, noras, netos e netas e um breve currículo do homenageado. 
Ocupava muitas vezes mais que meia página disputando espaço com vários anúncios publicitários. Isto é, virou entretenimento.
A televisão usa do mesmo recurso. Entre mortos e feridos, em HD ou analógico, misturam-se geladeiras e liquidificadores em ofertas com cadáveres escondidos em latas de lixo. Sempre tem, que matou quem e quem morreu quando. O público gosta. Se tivesse um teclinha no controle remoto "CURTIR" ela seria muito utilizada.
A TV nos deixou burro, muito burro demais.


07/04/2012

Galeria em Preto e Branco


Sem cor... sem perfume... sem rosa... sem nada.
Sem a ilusão da cor o espírito brinca solto no quintal.
A razão reconhece a emoção e há equilíbrio.
A luz  desenha no espaço.









A terceira dimensão se revela entre a gama de cinzas.







A sensação é de consciência. O espírito brinca dispensando a cor.

01/04/2012

Pura verdade

Nesta madrugada o rádio relógio despertou às três e dezeseis. Não o programei para este horário, ele, por vontade própria, resolveu me acordar. Ao invés de soar o bip bip eletrônico que me aporrinha todas as manhãs, tocou em alto e bom som, uns acordes de pistons do tipo anunciado à chegada de um rei. O susto me pôs em pé lembrando-me de imediato dos velhos tempos do quartel quando o maldito corneteiro, desafinado, berrava com o instrumento metalizado, acordando os pracinhas e os coronéis do  Trigésimo Nono Batalhão de Infantaria Motorizada - 39 BIM, lá em Quitaúna. Sentei-me ao lado da cama procurando os chinelos com os pés e buscando interromper o volume ensurdecedor. Consegui, mas, ao ouvir a voz do locutor em tom dramático, anunciando a edição extraordinária, ajustei o volume do rádio.

Interrompemos nossa programação para anunciar que o Brasil está sendo atacado por forças alienígenas.
No início da madrugada os radares de Brasília, Manaus, Porto Alegre, Natal e Rio de Janeiro rastrearam milhares de objetos voadores de origem desconhecida, vindos do espaço em direção a terra.
Às 2h e 56 minutos iniciaram os ataques com raios ultra destruidores às sedes dos governos municipais, estaduais e federais por todo o País. Também não escaparam os edifícios Legislativos e Judiciários, Câmaras e Assembléias. As sedes da CBF e do COI no Rio de Janeiro foram dizimados, assim como, outras sedes seguem no mesmo destino. Os alvos são estratégicos.
Uma gigantesca nave de tamanho descomunal paira sobre Brasília e e dela saem naves menores, com raios esverdeados, altamente destruidores, pulverizando os prédios por todo o território brasileiro.
É uma nave enorme, maior que toda a cidade, alcançando as satélites. Ouve-se a quilômetros a sequência de cinco notas musicais bem parecidas com as tocadas pela nave mãe do filme "Contatos Imediatos do Terceiro Grau" e de tempo em tempo interrompem lançando a estridente "Ai… ai… assim você me mata… delícia… delícia… se eu te pego… assim você me mata"
Acaba de chegar informações que Catedrais, Basílicas e templos de rituais religiosos de toda a ordem, por todo o país, também estão sendo aniquilados.
Não há notícias de vítimas, parece que os alvos são mesmo as construções, os edifícios. Seus ocupantes estão sendo poupados, ainda pelo menos.

Pensei que estava tendo um pesadelo. Logo eu que sempre achei os extra terrestres fossem pacíficos, seres do bem, inteligentes que nos trariam conhecimento e paz. 
Mas não, me dei conta que estava acordado e bem acordado.
Fiquei estupefato, sem entender direito o que estava acontecendo. Nada parecia real. Segui atento a audição.

No Projac a casa do "Big Brother" não existe mais, nem a casa da "Fazenda" e muito menos as residências dos chefes do tráfico, as mansões dos banqueiros e dos agiotas. O Itaquerão foi preservado.
Todo o entulho está sendo recolhido por naves enormes que seguem em direção à parte escura da Lua. Parece que lá é o depósito do lixo, o local escolhido pelos ET's. E onde exstiam esses prédios a limpeza está sendo feita de maneira bastante surpeendente. Jardins e fontes nascem rapidamente e vê-se até alguns índios circulando livres.

Não, não poderia ser verdade. Estou sonhando, pensei novamente. Deitei-me e procurei voltar ao sono. A voz não parava de anunciar a destruição.
Até que em certo momento o locutor calou-se. Tocaram uma música serena, tranquila. Ouvi risos, dele e de mais alguém que estava no estúdio. Retornou.

Ouvintes da Banda Nova FM - a qualquer momento voltamos com mais informações, continuem com nossa programação. A mais alegre, a mais ouvida das noites do Brasil - Banda Nova FM - a primeira do primeiro de abril. 

E lascou o "Ai… ai… assim você me mata…"