12/04/2012

Burro demais

Dr. Ernesto Marcondes, eminente médico e pesquisador,  morreu nesta quinta feira, 05 de abril,  por volta da 23 horas, vítima de um ataque cardíaco fulminante. Foi encontrado na manhã de hoje em sua residência no bairro de Higienópolis em São Paulo pela filha, a engenheira, Maria Marcondes. Ele completaria hoje 83 anos e gozava de plena saúde, relata a filha. Praticava natação no Clube Pinheiros desde menino e até cinco atrás participou da corrida de São Silvestre em São Paulo por cinquenta e oito anos, chegando em 1962 em primeiro lugar e repetindo o feito nos dez  anos seguintes. Na época a prova era realizada a noite e o encerramento coincidia com a virada do ano onde a família comemorava unida no restaurante Fasano. Entre 1971 e 1991 correu pelas maratonas de Nova York, Amsterdan, Barcelona, Roma e Londres e sempre colocando-se entre as primeiras posições. A seu lado, permanecia a fiel cadela Martha, que participou de vários filmes publicitários e sete novelas da TV Globo e que cujo choro ensurdecedor fez a vizinhança suspeitar de que algo teria acontecido. Viuvo de Dona Magda Figueira Marcondes desde 1992,  ele lamentava até o último dia de vida seu desaparecimento, ocorrido naquele ano em trágico acidente aéreo no Atlântico norte quando esta viajava em férias com um amigo para as Ilhas Canárias. Deixa filha, genro, quatro netos e muitos amigos. O corpo está sendo velado na Capela de Nossa Senhora do Horizonte e o enterro será às 16 horas deste sábado no cemitério da Consolação.
Alguém já parou para ler notas de falecimentos pelos jornais? Quem não fez isso? Experimente, vai achar no mínimo curioso. Embora pareça mórbido, a sensação é de como ler um livro de história. 
Me lembro de quando assinava os impressos eu parava intuitivamente nesta parte do jornal e lia cuidadosamente, de ponta a ponta, quem, quando, onde, como, e por que o fulano ou a fulana de tal havia morrido. Os nomes dos familiares, dos filhos, filhas, genros, noras, netos e netas e um breve currículo do homenageado. 
Ocupava muitas vezes mais que meia página disputando espaço com vários anúncios publicitários. Isto é, virou entretenimento.
A televisão usa do mesmo recurso. Entre mortos e feridos, em HD ou analógico, misturam-se geladeiras e liquidificadores em ofertas com cadáveres escondidos em latas de lixo. Sempre tem, que matou quem e quem morreu quando. O público gosta. Se tivesse um teclinha no controle remoto "CURTIR" ela seria muito utilizada.
A TV nos deixou burro, muito burro demais.


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