09/03/2013

Breves observações de um extra-terrestre.

Identificamos cerca de sete bilhões de humanos habitando o planeta azul, o terceiro na órbita da estrela de quinta grandeza da pequena galáxia a qual nos encontramos.  
Os humanos dominam a espécie animal existente e se agrupam pela coincidência da linguagem. Uma característica notada que nos surpreendeu muito: eles utilizam o som na transmissão dos códigos de comunicação. Existem outras formas, mas esta nos pareceu a mais utilizada. Chamam esses códigos de línguas, o mesmo nome que dão ao órgão flexível embutido no orifício da face identificadora deles, o qual também é porta de entrada para ingestão de alimentos e de outras coisas que prefiro não mencionar. Há uma diversidade bastante significativa de línguas entre as sete bilhões de vidas e muitas subdivisões dessas e são conhecidas como dialetos. Línguas são códigos de comunicação da espécie que foram se estalecendo durante a formação de cada grupo.  
A história deles é recente, não mais que cinco ou seis mil anos no tempo local (0,000001YXZN em nosso tempo). Os dialetos são utilizados pelas micro comunidades dentro dos grandes grupos e é uma linguagem paralela, talvez decorrentes de desentendimentos passados. São códigos complexos e alguns até indecifráveis.  
O número de grupos pelo planeta é alto e cada grupo é chamado de nação. Os primatas ainda não desenvolveram o sentido do único.  
A língua de cada nação é a segunda maior afinidade entre os primatas. A primeira, sem dúvida, é uma velha conhecida nossa, o instinto de sobrevivência. Aqui como em outros cantos do universo por onde passamos, onde havia vida, identificamos essa mesma característica. A primeira afinidade, ainda não bem diagnosticada e talvez decorrente da segunda, é conhecida como fé. Não temos dados a respeito dessa energia, a decodificação está difícil, pois os computadores da nave acusam erro à cada tentativa de análise. Uma coisa  nos parece certa, ela é própria da espécie, somente os predominantes as têm e pior, nem eles mesmos conseguem decifrá-la, simplesmente deixam-se levar por ela. A fé lhes traz a paz e pela paz fazem guerras e das guerras morrem e nascem novos grupos. A incoerência é um atributo humano.  
O relevante é que alguns dos primatas fazem uso da comunicação de forma excepcional, induzindo à comunhão, um volume cada vez maior de seguidores e é dessa forma que sustentam a própria sobrevivência. 
Em resumo, recomendo a não dizimação total da vida no planeta como de início planejado. Detectamos boas possibilidades de evolução em outras tantas espécimes, essas estão em processo acelerado de desenvolvimento. Até mesmo entre os humanos, na verdade, numa parcela significativa deles, manifesta-se traços de inteligência. Estão deixando de ser primatas inconsequentes para usufruir da abundância dos neurônios.  
Um dado altamente positivo que devemos considerar neste planeta é que há muita poesia e como sabemos, somente no céu encontramos tal energia.  
Nesse breve relato envio também imagens onde um primata altamente dizimável se manisfesta através do poder de comunicação. Somente um exemplo de psicopatia entre tantos existentes por aqui. Através da pregação da "palavra" incita a segregação. Peço que reparem na assistência, aparentemente em hipnose coletiva, a platéia exercita o sentido da sobrevivência em estado de demência.
Sem mais, fico no aguardo de novas instruções. 
Atenciosamente, me despeço.   
J. Silva - Interno n. 216 - Ala B. 
Hospício São Carlos da Fé

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