25/05/2013

Vai e vem gostoso.

No vai e vem de todo dia a gente acaba se acostumando com a rotina. Reclama dela, de quanto ela é enfadonha e totalmente sem graça. Nos perguntamos se quando tudo isso terminar se sentiremos saudades, numa espécie de consolação, como um: aproveita e come, pois amanhã você vai sentir fome. Sabe aquela do relaxa e goza? Deve ser alguma coisa assim, eu acho.
Comprometido com horários, com gente pra tudo quanto é lado torrando a paciência, pressão de cima, dos lados e por baixo, geralmente das mesmas pessoas, algumas chatas e outras muito legais.
Pouco são os momentos em que nos encontramos sozinhos, são raros na verdade, pelo menos pra mim. No meu caso, pela fobia de transporte urbano é no meu carrinho de vai e vem que encontro essas oportunidades. Nele posso pensar, lembrar, rir, cantar e xingar.
Ouvindo rádio, raramente ouço músicas, nessas horas curto mais os noticiários e os comentaristas que sabem tudo. É chato eu sei, é coisa de velho gagá, mas é o que eu curto e desde bem mais jovem. Seria eu um nerd, um abdusido?

E assim vou e volto do meu trabalho todo santo dia e geralmente com a orelha fervendo, com o coração pulsando forte e o saco bem cheio.
Nesses momentos de isolamento procuro me distrair, mesmo cercado de coisas infernais por todos os lados - carros, caminhões e outros, sem contar os eventuais encontros com cadáveres estendidos às margens da avenida, próximos a motocilcetas retorcidas e viaturas piscando.

Fico doido da vida quando o celular toca nessas horas, me sobe o sangue, não é justo, eu penso e geralmente atendo grosseiramente:

__ Não posso falar agora, é urgente? Estou no trânsito, me liga daqui a pouco, por favor. Nem ouço a resposta, vou logo desligando. Pior quando dizem mais rapidamente que eu que tratar-se de coisa urgente. Já recebi cartinhas de multa por falar ao celular enquanto dirigia. Não pode, falam que é arriscado. Pode se maquiar, ler o GPS e qualquer outra coisa, mas telefone, nem pensar.
Desenvolvi uma técnica para me distrair enquanto dirijo preso ao trânsito lento de São Paulo: fotografar. Devo ter feito mais de mil fotos assim. Uso o mesmo celular da multa e posso receber outras sem mesmo estar falando ao telefone.
Já vi gente me olhando feio sendo fotografada, me divirto, eu capricho na cara de idiota e reduzo a velocidade, os caras ficam mais putos ainda.

Coisa de doido viver numa cidade desse tamanho, a gente arruma cada uma para passar o tempo.



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