01/07/2013

Vazio

Amanheceu chovendo em São Paulo nesta segunda feira de primeiro de julho. Está frio por aqui e em dias assim me recolho para dentro mim. Me isolo, como se estivesse buscando um cobertor que me aquece, sem perceber que faço isso. 
Minhas pálpebras ficam pesadas, minhas costas pedem descanso, meu coração bate desordenado e minhas mãos escondem meus dedos.
Encontro pessoas nos pensamentos, elas vêm de tempos diferentes. De longe, de muito longe, de perto e de muito perto. Fora de ordem cronológica, do nada pululam na minha mente, irônicas, reveladas, vindas não sei de onde. Algumas felizes com o reencontro, outras nem tanto e ainda algumas indiferentes. Ouço suas vozes, mas não compreendo o que dizem. Nem eu mesmo compreendo o que vejo.
Quero falar com elas, tocá-las, apertar suas mãos, abraça-las com afeto, mas não consigo. Desaparecem quando ameaço aproximar-me. Estão numa vitrine que se ilumina na medida em que as encontro. Inacessíveis, foras de liquidação. Lembram fumaças que se perdem na medida  em que os ventos sopram, mesmo com os mais leves. 
Indefinidas num fundo escuro, misturando-se entre si, uma a outra, não deixando cheiros, marcas, cores, vestígio algum. Fica um vazio que paralisa o coração e me magoa. 
Se é preciso chuva para florir, como disse o poeta num ímpeto de esperança, eu não sei. Hoje eu não sei. Hoje nada sei. 
Fico com sua esperança para que amanhã eu me recobre para assim ver a cor do futuro.

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