05/08/2012

Ode madrileño

Em descanso todos os pensamentos vêm à mente. Pra relaxar eu me deixo levar por tudo que me vem na cabeça, assim é que eu descanso, diferente dos caretas que preferem o hoje é dia disso. Eu também sei ser careta, mas agora prefiro não ser. 

Do julgamento do mensalão, jogos olímpicos, aporrinhações do serviço, dias longos e nervosos da semana, hoje me lembrei da Marlene. Ah dona Marlene! Espanhola proprietária das assombrosas tetas que fascinavam a todos e em especial a molecada da rua, menos ao Luis, o filho pentelho que se confundia nas ideias toda vez que falávamos das montanhas encantadas da dona Marlene.
Vaca profana, beata das manhãs de domingo, mulher colossal que diziam alguns em voz baixa estar cercada de amantes super secretos. Não se sabia de nada de concreto, as vizinhas megeras de poucas tetas e com caras de mães rabugentas insinuavam isso, retorcendo seus narizes quando diziam da mulher do 116. Para nós era o alimento alucinado da puberdade. Eu estava entre eles e cada vez mais magro.
O corpo escultural com dois enormes seios à frente encobertos quando os ventos permitiam pelos cabelos longos quase pretos que escondiam o decote atormentador. 
A voz rouca e ligeiramente grave somado aos olhos grandes e azulados do rosto angulado acentuavam a trama na mente infantil. De perto ninguém é normal.

Mudaram-se tempos depois e nunca mais vimos as formosas tetas. Claro que elegemos outras, mas nunca foram majestosas e onipresentes como as dela. Um ode madrileño.



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