Quando fizeram a revolução e tomaram posse da fazenda os animais se libertaram da opressão do homem. A partir dela deixariam o trabalho escravo, a dor, a fome e o menosprezo. Trabalhariam então, somente, para o seu sustento, respeitando os direitos e a vida de cada animal daquelas terras. Nenhum deles se submeteria a humilhações, devaneios ou a qualquer tipo de repressão. A liberdade seria plena e respeitosa. Tudo seria comum e de comum acordo tudo o que produzissem à todos caberia. A vida dali pra frente seria de felicidade e fartura. A fazenda seria modelo para o mundo todo.
Imediatamente após a conquista, movimento liderado pelos porcos, cometeram o primeiro engano: estabeleceram as primeiras regras, as leis que seriam soberanas e nelas nitidamente ficaram expostas a raiva e o ódio e se fez como contraponto aos valores do homem.
Os mandamentos somaram sete e foram fixados em letras grandes na porta do seleiro para leitura diária de cada animal da fazenda. Um grito de liberdade.
1 - Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo
2 - Qualquer coisa que ande sobre quatro pernas ou tenha asas é amigo.
3 - Nenhum animal usará roupas.
4 - Nenhum animal dormirá em camas.
5 - Nenhum animal beberá álcool.
6 - Nenhum animal matará outro animal.
7 - Todos os animais são iguais.
Tempos depois aos poucos percebeu-se a decepção na maioria absoluta dos animais. A vida dura não mudou, mudou sim foi a interpretação da forma de como eram submetidos nos novos tempos. Os porcos assumiram a liderança, se instalaram na casa da fazenda e de lá ditavam as regras de pressupostos comunitários e aos poucos assumiram a mesma postura do antigo dono. Mas agora, tudo dentro da lei, em benefício de todos. Foram implementados somente pequenos ajustes na constituição:
4 - Nenhum animal dormirá em cama com lençóis.
5 - Nenhum animal beberá álcool em excesso.
6 - Nenhum animal matará outro animal sem motivo.
7 - Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros.
George Orwell escreveu Animal Farm que no Brasil recebeu o nome de A Revolução dos Bichos, como uma metáfora até que humorada, criticando com seu modo libertário, qualquer tipo de autoritarismo, tiranias que vêm e que vão a todo tempo e que persistem na convivência entre os homens, em todos os níveis - em família, em comunidades, nas organizações religiosas, de trabalho, no capitalismo e no comunismo (solialismo em linguagem mais contemporânea).
Li o livro quando ainda era jovem, época imatura em que paquerava filosofias marxistas utópicas, hoje compreendidas por mim como impraticáveis pela nossa natureza. Agora, depois de décadas retomei a leitura e me surpreendi o quanto a metáfora cabe em 2012. Infelizmente.
Recomendo a leitura.
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