13/08/2012

Aflição das 16h40

Pior que paciente é ser acompanhante do paciente a espera deste, enquanto ele (ou ela) passa pela cirurgia. O quarto de paredes brancas com o piso em verde água e com uma cama que mais parece uma geringonça espacial no centro dá a sensação a quem aguarda de que, cada minuto é mais parecido que anterior do que o que virá. Uma hora normal parece um dia. O relógio anda para trás ou de lado.

A paciente saiu do quarto deitada na maca e carregada pelo enfermeiro gentil. Disse ele a mim que o tempo estimado para o retorno dela seria em quatro horas mais ou menos. Já se passaram seis e nada. Seis que representaram vinte e quatro.

Nesse tempo li alguma coisa pela internet, comprei duas revistas sobre fotografia digital na banca da esquina, almocei um mini virado a paulista de gosto insosso que me custou R$ 18,00, cochilei na poltrona verde (do mesmo tom do piso), do claustrofóbico quarto 309. Atendi alguns chamados pelo celular com parentes querendo notícias da paciente e cochilei mais um pouco. Na TV o canal 67 mostra o status da cirurgia. Devem colocar esse serviço para evitar que acompanhantes à todo momento recorram ao serviço do balcão de enfermagem. 

Na tela diz que a paciente está agora, 16h40 e desde às 14h30 na Sala de Recuperação.

Sala de Recuperação pode ser compreendido como restauração após ato cirúrgico em si. Isso é bom. Mas também poderia ser interpretado, pelo mais afoito, como tentativa de resgate. Valha-me Deus! Nessas horas a gente fica aflito. Tudo acabará bem. Mas vou buscar informações. Esse quarto realmente prende a alma da gente.

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