31/05/2013

Supermercado é coisa de Coxinha, legal mesmo é Feira.


Desde os Fenícios, 500 a.C. talvez, sabe-se lá quando esse negócio de feira começou. Um lugar cheio de gente onde em dias e locais definidos, pessoas expõem mercadorias pra vender e outras pra lá seguem afim de comprar. Sempre pechinchando, se não, não vale, perde-se a graça, sem o chorinho melhor ir no frio hiper super mercado.
Ruas, praças e avenidas onde em dias normais circulam carros apressados, nos dias de feira ficam reservados para o comércio de varejão, na essência, como os persas, tete a tete feirante e freguês.

Quanto tá? Tudo isso? Faz por oito? Duzia de treze? Sempre se leva um a mais.
A sensação de vantagem decente é grande e ninguém sai perdendo.
__ Mulher bonita não paga, mas também não leva, só se o marido pagar!

Na feira tem pastel, caldo de cana e sandália havaiana. De berinjelas, pimentões e abobrinhas e o homem que conserta fogão e geladeira. Salsinha, Almerão, biscoitos, balas, vestidos e lenços. Tem queijo do bom e também macarrão. Alface, agrião e repolho. Mandioca, cebola e tomate pro molho. E todo mundo fica de olho.
Tem beterraba, rabanete e bacalhau. Camarão, xuxu salmão e homem de avental.  Tem de tudo, até vizinhos colocando a prosa em dia.

É muito legal. Feira é feira, não tem igual. Até quando a tia da frente para de repente e nos olha com cara de serpente, o desculpe senhora tem resposta diferente: olha pra frente.


__ Quem vai e quem fica, moça bonita compra banana nanica.

Desde criança ouço isso e nunca me cansei, no feriado fui na feira e me esbaldei.

__ Mãe, compra abacate?

28/05/2013

Escovando os dentes com Deus, o Diabo e os Banqueiros.

Acreditar em Deus me deixa seguro. Acordei pensando nisso. Devo ter sonhado alguma coisa ruim e acordei com muito assustado. Um homem de quase sessenta anos com medo de escuro não é coisa normal. Me cobrei.
A ideia de existir alguém que possa estar em todos os lugares ao mesmo tempo, um que conheça nossos pensamentos, até os mais remotos, dizendo que devemos teme-lo, pois Ele detém a verdade, nos obrigando a seguir seus passos, me preocupa.
Será mesmo que Ele, na eventual existência da forma propagada, faria uma coisa dessas: ameaçar em um pobre coitado em troca da fidelidade? Seria um teste do tipo que o João Kleber faz na TV? Duvido.

Depois do medo ter passado, coisa que durou pouco, mas que foi muito intenso, quase uma paúra, escovando os dentes, eu pensei: porra nenhuma, inventaram um fantasma pra me controlar. Desde que me conheço por gente me fizeram acreditar que devo medo a essa entidade.
Na verdade inventaram dois, um do bem, que seria o próprio Deus, do qual deveria segui-lo incondicionalmente todos os instantes da minha vida e um outro, um do mal, este recebendo o nome de Diabo. Esse é o capeta, o cão, coisa ruim. Um se contrapondo ao outro. Deus e o Diabo, deveria tê-los escrito em minúsculo, mas acho que me traí aqui pela influência da educação. (ou medo remanescente do sonho não lembrado).

Poderosos se apossaram dessa ideia e batizaram com o nome de religião, assim mobilizando pessoas o tempo todo, ameaçando e cobrando nossa razão. Estimulam, se enriquecem e nos escravizam.
Ostentam templos gigantescos, emblemáticos, majestosos, por todos os cantos do mundo, sinal de dominação. Doutrinam nossa fé, aliás, fazem ela brotar diante das angústias e mazelas da vida. Nos fazem sentirmos a subserviência.

Do filme que assisti ontem, um documentário na verdade e que circula pelo YouTube, retirei uma frase: "A religião lida com bilhões de dólares".

O filme em três blocos, discute em sua primeira parte a fé cristã e outras em paralelo. Assegura que Jesus Cristo talvez nem tivesse existido, não passa de mais uma história de doutrinação. Pra quem tinha Jesus como ídolo até bem pouco tempo, me choquei. Percebi que a ideia dele ainda me mantém preso.
Na segunda parte o filme induz acreditarmos que houve uma conspiração em torno do evento de 11 de setembro em Nova York, assim como em outros eventos catastróficos na história recente, com objetivo único de estimular o ódio contra alguém ou contra uma nação, justificando a guerra que é um grande negócio para quem detém o poder.
E na terceira e última parte, o poder nefasto do capitalismo e dos banqueiros internacionais. Mais do que nefastos, demoníacos.
Inicia contando um pouco da história da formação da América, de sua independência e de quando homens espertos se deram conta que a manipulação do dinheiro através de um Banco Central, em caráter internacional era um negócio da China.

No mínimo o filme é curioso. Se você assisti-lo, não se deixe levar pela boa edição que nos empurra à descrença na ordem geral. Mas quem afiança a veracidade ou não dos relatos? Ao menos este filme serviu para questionarmos a possibilidade da veracidade dos fatos históricos e suas cosequências nos dias de hoje. A mensagem final é clara: só o amor se contrapõem ao ódio e à cobiça.

Assim iniciei meu dia, com os dentes limpos, hálito puro e com boa fé, porém, cauteloso. Acho que essa é uma característica minha.

Se ficou curioso e tiver algum tempo, assista pelo YouTube.

Zeitgeist 1: The Movie (2007) Legendado.

Bom dia.

26/05/2013

O crime do Jardim Querosene

Mais um dia na periferia de uma cidade grande, super povoada, capital econômica de um país que fica distante, bem depois da Indonésia, muito longe daqui, diga-se de passagem.

O bar ainda estava aberto e olhe que já passava das onze. Seu Manoel normalmente baixa a porta do estabelecimento no máximo nove ou nove e meia, mas naquela noite, por descuido talvez e entretido no fechamento das contas, esqueceu-se da rotina.
O dia foi de boa féria e ficar marcando bobeira pra ladrão meter a mão, não era bom negócio e nem nunca foi.
Seu Manoel, Mané para os mais próximos, prático do fast food de periferia e antigo no bairro, sabia muito bem das consequências. Nem pensar em inventar moda. Pois!

Dois fregueses se apoiavam no balcão e pediram uma saidera rapidinha, foram servidos de contra-gosto pelo dono do boteco. Um outro tragava um cigarro mais ao canto, debruçado sobre a mesa de plástico amarela. A meia dose da branquinha no copo esperava para ser sorvida fazia mais de uma hora. A amargura deste era visível, compreensível por saberem todos que se tratava de um infeliz que fora traído pela mulher que lhe jurara eterno amor. O flagrante que foi dado, sem que ele reagisse, dois anos atrás, não lhe saía da cabeça.

Dona Maria, esposa de Seu Manoel ajeitava a cozinha que ficava nos fundos. Panelas guardadas, pia limpa e o fogão com a frigideira pronta para os salgadinhos da manhã seguinte. No chão engordurado duas baratas esmagadas ainda se mexiam.
Nas imediações era o único de portas abertas. O Evaristo do bar vizinho da frente que costumava ir até mais tarde, por luto em família, naquele dia não abriu. A morte do filho envolvido com o tráfico era comentada pelos fregueses da saidera em voz cautelosa.

Um rapaz com cerca de dezenove anos no máximo, vestindo bermudas, camiseta e chinelos, entrou subitamente e pediu um maço de cigarros, foi atendido com o Derby vermelho. Seu Manoel deu-lhe o troco. O rapaz pediu então uma pinga para arredondar a conta. Sem dirigir uma palavra ele o serviu com cara de quem não gostou do freguês de última hora.
O que poderia ser uma única talagada não foi. Uma bebericada e o descanso bruto do copo sobre o balcão de granito tilintou.

__ Estamos fechando. Ralhou Seu Manoel de cabeça baixa pra todos do recinto.
__ O Cleide, vanbora, pô! Vociferou para a esposa guardando as notas graudas envoltas em elásticos no bolso direito da calça.

Os quatro fregueses depois dessa se dispuseram apressadamente a pegar seus caminhos.  O Mané quando dizia que ia embora tinha que ser na hora. A saidera e os restos das pingas nos copos americanos desapareceram como num passe de mágica. Até o infeliz da mesa amarela se mexeu. Mão nos trocados, acerto de contas e…

Surge do nada uma linda morena de fechar o comércio. Alta, esbelta, de cabelos tingidos num loiro provocante, presos a uma maria-chiquinha verde, de um corpo realmente fora de série. Lindas coxas grossas, bronzeadas e bem torneadas, joelhos simétricos que chamavam a atenção pelos movimentos harmônicos e altamente sedutores. O decote arrojado do vestido ressaltavam o volume dos seios, deixando os mamões ainda mais esplêndidos. De salto alto, o traje justo à pele não cobria metade das pernas. A mulher era um verdadeiro espetáculo, um show de bola, um tesão, como concluíram os últimos fregueses do dia, até mesmo o infeliz do homem traído se deu a olhadela.
Alguns segundos de silêncio. Seu Manoel ergueu a cabeça, meio que de rabo de olho, franzindo o nariz, pôs-se a observá-la.

__ Boa noite, posso usar o banheiro?
__ Desculpe dona, estamos fechando, já se faz tarde.
__ Por favor, estou apertada. É rápido, preciso mesmo.
__ Já falei, estamos fechando. O banheiro está entupido, cheio de bosta até o talo, só amanhã vai ser consertado. Não dá.
__ Mas…
__ Cai fora, vá mijar em outro lugar, caralho. Aqui não é lugar de puta cagar e nem mijar.

Ela voltou-se constrangida, pelo menos se fez passar como tal. Deu saída a passos largos na direção da porta tardiamente aberta e desapareceu na escuridão sob olhares e risos discretos do público presente.

Não passou um minuto e meio quando duas outras pessoas camufladas com bonés e tocas pela cabeça, aparentando "de menores",  entraram com armas em punho, gritando: caiu… caiu… seus filho da puta!  Vários estampidos e gritos de pelo amor de Deus foram ouvidos pela vizinha que no exato momento assistia ao capítulo da novela onde o mocinho revelava toda a trama.

Disseram eles depois aos policiais que aos poucos foram chegando que pelos menos uns cinquenta pipocos foram disparados. Foi uma puta lambança que não parava, disse um menino com ar experiente.
Ninguém viu nada e muito menos sabiam de nada sobre a autoria dos crimes. Coisa comum no Jardim Querosene, lugar onde o urubu chupa cana e engole o bagaço.

No dia seguinte Evaristo abriu o bar mais cedo, cinco e pouco da manhã lá estava ele firme e forte. O luto de um dia era mais que o suficiente e nada melhor que o trabalho para distrair as desgraças da vida.
A multidão aguardava a chegada da polícia técnica, a perícia precisava ainda ser feita e alguns PMs se esforçavam para impedir a entrada de curiosos afoitos que insistiam em fotografar pelos celulares os corpos dilacerados em meio ao monte de sangue.
Duas emissoras de TV faziam entradas ao vivo nos seus telejornais matinais. Repórteres de rádio, internet e de tabloides impressos anunciavam mais uma cena de violência descabida na cidade.

Mais uma noite de violência. O crime está no comando, foi a manchete em um dos telejornais.

O dia prometia ser longo, agora, somente o bar do Evaristo estaria servindo as coxinhas, kibes, pedaços de torresmo, ovos cozidos, salsichas no palito, pinga e cerveja gelada num raio de dois quarteirões. Nenhuma concorrência e isso, de certo lhe traria muito trabalho e lucros significativos.

Bom para ele, bom para todos, ótimo para a economia do país emergente que fica distante, bem depois da Indonésia, longe daqui, graças a Deus.

Portanto, bom domingo de paz para nós.

25/05/2013

Vai e vem gostoso.

No vai e vem de todo dia a gente acaba se acostumando com a rotina. Reclama dela, de quanto ela é enfadonha e totalmente sem graça. Nos perguntamos se quando tudo isso terminar se sentiremos saudades, numa espécie de consolação, como um: aproveita e come, pois amanhã você vai sentir fome. Sabe aquela do relaxa e goza? Deve ser alguma coisa assim, eu acho.
Comprometido com horários, com gente pra tudo quanto é lado torrando a paciência, pressão de cima, dos lados e por baixo, geralmente das mesmas pessoas, algumas chatas e outras muito legais.
Pouco são os momentos em que nos encontramos sozinhos, são raros na verdade, pelo menos pra mim. No meu caso, pela fobia de transporte urbano é no meu carrinho de vai e vem que encontro essas oportunidades. Nele posso pensar, lembrar, rir, cantar e xingar.
Ouvindo rádio, raramente ouço músicas, nessas horas curto mais os noticiários e os comentaristas que sabem tudo. É chato eu sei, é coisa de velho gagá, mas é o que eu curto e desde bem mais jovem. Seria eu um nerd, um abdusido?

E assim vou e volto do meu trabalho todo santo dia e geralmente com a orelha fervendo, com o coração pulsando forte e o saco bem cheio.
Nesses momentos de isolamento procuro me distrair, mesmo cercado de coisas infernais por todos os lados - carros, caminhões e outros, sem contar os eventuais encontros com cadáveres estendidos às margens da avenida, próximos a motocilcetas retorcidas e viaturas piscando.

Fico doido da vida quando o celular toca nessas horas, me sobe o sangue, não é justo, eu penso e geralmente atendo grosseiramente:

__ Não posso falar agora, é urgente? Estou no trânsito, me liga daqui a pouco, por favor. Nem ouço a resposta, vou logo desligando. Pior quando dizem mais rapidamente que eu que tratar-se de coisa urgente. Já recebi cartinhas de multa por falar ao celular enquanto dirigia. Não pode, falam que é arriscado. Pode se maquiar, ler o GPS e qualquer outra coisa, mas telefone, nem pensar.
Desenvolvi uma técnica para me distrair enquanto dirijo preso ao trânsito lento de São Paulo: fotografar. Devo ter feito mais de mil fotos assim. Uso o mesmo celular da multa e posso receber outras sem mesmo estar falando ao telefone.
Já vi gente me olhando feio sendo fotografada, me divirto, eu capricho na cara de idiota e reduzo a velocidade, os caras ficam mais putos ainda.

Coisa de doido viver numa cidade desse tamanho, a gente arruma cada uma para passar o tempo.



24/05/2013

Renan, o presidente do Brasil.

Só para registrar.

Hoje, 24 de maio de 2013, o Sr. Renan Calheiros, do PMDB-AL, presidente do Senado, assume interinamente, por um dia, a presidência da República.


Dilma, foi para a Etiópia participar do Jubileu de Ouro da União Africana, imperdível  e Temer, o vice, para Quito, prestigiar a posse do presidente, Rafael Correa. E nós por aqui, numa boa.

Não dá pra levar  isso aqui a sério, não me venham com nhem nhem nhem, disso ou daquilo. Vão se catar.

A democracia brasileira é uma falácia, uma mentira de fiéis estuprados.




23/05/2013

Muro branquinho para um: ei tô aqui!

O Facebook é um muro branquinho, recém pintado onde a gente pode escrever o que quiser a qualquer hora, sem se preocupar com o guarda. Ele é sempre repintado e disponível aos pixadores.
Diretas, indiretas, fotografias, desenhos, pensamentos, lamentações, recados, reencontros, time do coração, onde estou… tudo vale.
Será que tem alguém registrando nossos rostos quando escrevemos nesse muro?
Não se imaginava pouquíssimo tempo atrás um lugar assim, tão disponível. (seria mesmo livre?)
Parece um púlpito a céu aberto bem no centro da praça em frente à Igreja do Largo da Matriz. É só ir lá e botar pra fora, sem se importa se quem pagou quer ouvir. É um entretenimento isolado, um bota pra fora e dane-se, uma espécie de - ei tô aqui!
Acho legal quando leio: Não queria dizer, agora disse… pronto…

22/05/2013

Parabéns, São Paulo!

Antes que eu esqueça, me antecipo e deixo aqui minha mensagem parabenizando a cidade pelo seu aniversário de 560 anos que será comemorado em 25 de janeiro de 2014.

Google
Paulistano de sangue e da Penha de França, dos imigrantes migrados do Brás, de sessenta anos por entre edifícios, vilas e vielas, passivo de ser assaltado e morto por entre suas ruas, faço minha história dentro de você, minha cidade que ainda me devoto. Soy loco por ti San Pablo de Piratininga, Nova York dos anos quarenta, dos bolivianos e coreanos do Pari, Mooca e Belém, outrora dos portugueses, espanhois e italianos.São Paulo de areia, cimento e zinco, do bloco baiano presos ao barro sem muito afinco. Das ruas estreitas, avenidas congestionadas de automóveis, motocicletas e caminhões. O ciclista que se inclina para não ser esmagado no vai e vem dos ônibus lotados de gente apressada com fones aos ouvidos, imprensadas pelo tempo que corre mais rápido. O minuto em São Paulo equivale a dez em outros lugares.Lugar da fome e do dinheiro em abundância. Lugar que estimula, que ofende, que atrai, que absorve e desagrega agregando. Que tem violência e ostentação lado a lado, par a par, mano a mano ao misericordioso, discordioso e concordante. Infinito aglomerado de mal cheiro, angustiado, empacotado e por isso, desbotado. O erre aqui é mais forte, o sotaque é arrogante, o nariz é empinado e o rebolado das meninas é engraçado. O sorriso é frio mas envolvente, deixa a gente doente e preocupado. Por você SP, sinto tanto desprezo, mas tanto mesmo, insuportavelmente te desprezo, que chega a dar volta no marcador alcançando a paixão eterna.Queria falar mais de ti minha cidade amada que já foi anã, mas o tempo não permite. Outros compromissos me esperam, tenho que ir, pois se eu perder esse trem, só amanhã de manhã.

21/05/2013

A espécie

(Imagem Google) - O que você vê?

Atire a primeira pedra quem não sentiu saudade uma única vez. Daquelas que dói o peito e dá vontade de sair correndo sem direção.

Levante a mão direita quem não sentiu vontade de voltar no tempo sabendo do seu próprio futuro. Nem se fosse por um único instante, num breve lapso de tempo, um bem sublime, para saboreá-lo novamente.
Dê dois passos à frente quem não teve medo de escuro um dia e preferiu deixar a luz acesa antes de deitar-se.
Fique em pé e cante as duas partes do hino nacional quem nunca mentiu. 
Faça a volta em torno da mesa somente com um pé, o esquerdo, aquele que nunca se arrependeu de nada nesta vida. 
Fique um mês sem tomar banho a pessoa que jamais amargurou ódio ou inveja ou desejo incontrolável de exterminar o próximo.
Aprenda em seis dias como falar fluentemente o árabe quem nunca desejou o que não poderia ter sido seu.
Quem nunca rotulou, blasfemou, julgou, roubou, se aproveitou, denegriu, feriu, omitiu…de ou para alguém?
Quem nunca deixou-se ser iludido sem ao menos, por um instante, imaginar que poderia estar sendo?
Quem um monte de coisa? Quem?

19/05/2013

Domingo emergente

Domingão, dia de não fazer nada, mesmo sabendo que vai se fazer um monte de coisa. Mas o que importa mesmo é que é domingo, domingão, o melhor dia da semana. Faça chuva ou faça sol, domingo é domingo e fim de papo.
Tem futebol na TV, macarrão da mama dos bons, com muito molho de tomate, tem o vinho, o queijo e o pão. Equilibrando vêm as brajolas. Tesão.
Sai daqui, sai dali, a patroa pede logo cedo para irmos até a feira, ao mercado e se passa na banca de jornal. A PlayBoy do mês está escancarada e a morena está um show. 
O papo na padaria é sagrado, ai daquele que não der uma passadinha por lá. Ou o cara ganhou na loteria ou está devendo na quitanda. Tem que botar a conversa em dia. Os barrigudos se encontram por lá e não deixam escapar nada.
A soneca depois do almoço é certeira, no sofá é mais gostosa. Apoiando a cabeça com a mão e o cotovelo suportando o peso do sono-pesado, meio que fatal, jogado no encosto de braço da poltrona desbotada até a pança murchar, claro, soltando puns, pois no sono ninguém segura.
Todos os dias deveriam ser domingos. Domingos de sol e de céu azul, de pescaria e churrascaria. De papo furado, lavando o carro com alegria. Acho que era assim no começo, mudaram por alguma razão e nós, que não somos bobos nem nada, seguimos o carrilhão.

Bom domingo e bom macarrão.


Imagem Google

17/05/2013

Governabilidade

Palavrão de quinze letras e sete sílabas cujo sentido sugere atos falhos justificados pelo decorrente benefício destinado a uma maioria.

Não há limites para a megalomania da classe política que emprega o novo palavrão intensamente e descaradamente (outro palavrão), mais propriamente por aqueles que um dia se apresentaram como redentores. 

A palavra inspira ideia de coisa que não deveria ser feita e explica o "dizer uma coisa e fazer outra" como assistimos passivamente todos os dias.

Com isso a classe e seu jargão lembram, de certa forma, um antigo ditado  "façam o que eu mando, mas não façam o que eu faço". Caso contrário você será taxado como um intolerante, talvez, pelos que mais a utilizam - um golpista e reacionário. Tudo de uma vez.

Muito mais moderno que o iPhone com pacote de dados e o iPad de última versão é aceitar esse palavrão como modelo de democracia.

Portanto, por deboche, crio outro palavrão, mais incoerente e sem sentido ainda: INGOVERNABILIDADEPARADOXAL.

15/05/2013

Aos cubanos e ao amigo poeta.

Que sejam bem-vindos os cubanos! Se fossem bolivianos, tchecos, americanos ou sirilanqueses também seriam bem-vindos. Há carência de médicos por aqui, além da fome e da segregação por castas, o país caminha firme mantendo-se preso às suas raízes de indolência.
Mas que dá vergonha dá, não dá? Essa coisa de que o temos cerca de 400 mil doutores e que formamos todo ano mais de 10 mil e que somente 30% deles atuam nas regiões norte, nordeste e centro-oeste, regiões nitidamente mais carentes de infra estrutura, a coisa é mais do que lamentável.  É vergonhosa.
Faltam médicos, engenheiros, químicos, quitandeiros, sapateiros e exterminadores do futuro em boa parte do país. Falta de tudo e mais um pouco nesse brasilsão-véio-de-guerra, o da Copa do Mundo de 2014. Só não faltam: vergonha na cara e ladrões. Bandidos temos aos montes, de armas na mão ou engravatados escondidos nos palácios. Por que será? 
Não imagino como recomeçar o Brasil, apagar para passar tudo a limpo, a máquina é tão poderosa, tão nefasta que não deixa margem para qualquer intervenção. Até aqueles que ingenuamente acreditei que pudessem iniciar essa revisão, renderam-se à soberba cometendo os mesmos devaneios.
Por que será? O que tem de tão bom do outro lado do muro que muda as pessoas? Assim fica difícil.
Portanto, que venham os cubanos e outros tantos de onde vierem. Dane-se o Brasil, o seu orgulho e o meu RG.

Li uma frase outro dia no facebook que me tocou, muito mais que as infinitas fotografias chocantes, insistentemente publicadas por lá, aquelas onde as pessoas lançam palavrões cheias de ódios e pudores. O sujeito que a postou, prefiro não citar o nome, um  amigo de origem pernambucana, dado à poesia, foi muito feliz na expressão. Atrás de suas palavras estava a angústia e a indignação pela entrega de mais uma arena da Copa do Mundo, construída provavelmente à custa de muita corrupção, se contrapondo às necessidades mais evidentes do país. Entre tantas, a seca pelo nordeste, por exemplo.
"Em cada assento fofo encarnado da Arena Pernambuco, vou assentar uma carcaça de uma rês que morreu de sede"