18/08/2012

George Orwell

Quando fizeram a revolução e tomaram posse da fazenda os animais se libertaram da opressão do homem. A partir dela deixariam o trabalho escravo, a dor, a fome e o menosprezo. Trabalhariam então, somente, para o seu sustento, respeitando os direitos e a vida de cada animal daquelas terras. Nenhum deles se submeteria a humilhações, devaneios ou a qualquer tipo de repressão. A liberdade seria plena e respeitosa. Tudo seria comum e de comum acordo tudo o que produzissem à todos caberia. A vida dali pra frente seria de felicidade e fartura. A fazenda seria modelo para o mundo todo.
Imediatamente após a conquista, movimento liderado pelos porcos, cometeram o primeiro engano: estabeleceram as primeiras regras, as leis que seriam soberanas e nelas nitidamente ficaram expostas a raiva e o ódio e se fez como contraponto aos valores do homem.



Os mandamentos somaram sete e foram fixados em letras grandes na porta do seleiro para leitura diária de cada animal da fazenda. Um grito de liberdade.
1 - Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo 
2 - Qualquer coisa que ande sobre quatro pernas ou tenha asas é amigo. 
3 - Nenhum animal usará roupas. 
4 - Nenhum animal dormirá em camas. 
5 - Nenhum animal beberá álcool. 
6 - Nenhum animal matará outro animal. 
7 - Todos os animais são iguais.
Tempos depois aos poucos percebeu-se a decepção na maioria absoluta dos animais. A vida dura não mudou,  mudou sim foi a interpretação da forma de como eram submetidos nos novos tempos. Os porcos assumiram a liderança, se instalaram na casa da fazenda e de lá ditavam as regras de pressupostos comunitários e aos poucos assumiram a mesma postura do antigo dono. Mas agora, tudo dentro da lei, em benefício de todos. Foram implementados somente pequenos ajustes na constituição:
4 - Nenhum animal dormirá em cama com lençóis
5 - Nenhum animal beberá álcool em excesso. 
6 - Nenhum animal matará outro animal sem motivo
7 - Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros.

George Orwell escreveu Animal Farm que no Brasil recebeu o nome de A Revolução dos Bichos, como uma metáfora até que humorada, criticando com seu modo libertário, qualquer tipo de autoritarismo, tiranias que vêm e que vão a todo tempo e que persistem na convivência entre os homens, em todos os níveis - em família, em comunidades, nas organizações religiosas, de trabalho, no capitalismo e no comunismo (solialismo em linguagem mais contemporânea).
Li o livro quando ainda era jovem, época imatura em que paquerava filosofias marxistas utópicas, hoje compreendidas por mim como impraticáveis pela nossa natureza. Agora, depois de décadas retomei a leitura e me surpreendi  o quanto a metáfora cabe em 2012. Infelizmente.
Recomendo a leitura. 

15/08/2012

…filho da p*!

Não sei quem é o autor da tira, gostaria de creditá-lo, mas realmente não o identifiquei. Encontrei a piada ao acaso navegando pela net sentado ao lado da paciente que se recupera da cirurgia.  O rosto do personagem diz tudo - da fé, da esperança ao sentido de frustração, concluindo com a raiva, normal dos seres vivos.
Acho que somos assim mesmo. Todos nós.


Vale sempre tentar outra vez, de outra forma inédita.

14/08/2012

Di Cavalcanti - O Samba se foi!

Para registro no Blog, o Samba se foi.


Do UOL Notícias


Peritos da Defesa Civil e técnicos da empresa de seguros iniciaram na manhã desta terça-feira (14) uma avaliação dos danos causados pelo incêndio no apartamento do colecionador Jean Boghici.
O fogo começou no início da noite de segunda-feira (13) e atingiu o primeiro pavimento do dúplex localizado na rua Barata Ribeiro, em Copacabana, zona sul do Rio.
A pintura "Samba", de Di Cavalcanti, foi destruída pelo fogo. A lista com as outras obras danificadas, no entanto, ainda não foi divulgada.
A família de Boghici ainda não teve acesso ao apartamento, que acabou interditado após o incidente.


O INCÊNDIO
O incêndio ocorrido na noite de segunda na cobertura do marchand e colecionador Jean Boghici deixou em estado de alerta o mercado de arte brasileiro.
Dono de uma galeria em Ipanema, ele mantinha em seu apartamento um acervo com pinturas de Tarsila do Amaral, Milton Dacosta, Cícero Dias, o quadro "Samba" de Di Cavalcanti, e outras dezenas de obras emblemáticas, brasileiras e estrangeiras.
Até as 22h desta segunda, ainda não se sabia a extensão dos estragos. Segundo os bombeiros, a família de Jean estava em casa quando o fogo começou, mas conseguiu escapar das chamas. Dois gatos morreram.
Diretor da Bolsa de Arte do Rio de Janeiro, Jones Bergamin classifica o acervo de Boghici como "a mais valiosa coleção particular de arte brasileira".

REPERCUSSÃO
"Não dá para calcular o valor das obras de Boghici. É algo na ordem de centenas de milhões de reais. Um pintura como 'Samba', de Di Cavalcanti, por exemplo, não tem preço", disse Jones à Folha, em entrevista por telefone, com a voz trêmula.
Nascido na Romênia, Boghici, 84, desembarcou no Rio, em 1949, e virou uma referência no mercado de arte da cidade, como galerista e colecionador.
Ivo Mesquita, diretor-técnico da Pinacoteca do Estado de São Paulo, chegou a ver de perto a coleção de Boghici.
"Cheguei a visitar duas vezes o apartamento dele. É uma coleção valiosíssima, formada por artistas-chaves para a arte brasileira. E o Jean ajudou a construir a história de muitos desses nomes. É um homem que ajudou a consolidar o circuito de arte no país", avaliou Mesquita, que recebeu a notícia quando participava da inauguração de uma exposição na segunda no Rio.
Amiga de Boghici, a curadora Vanda Klabin estava atônita diante da possibilidade de destruição das obras.
"Ele estava separando uma boa parte das obras na casa dele para o MAR [Museu de Arte do Rio, com inauguração prevista para setembro]", disse Vanda.

13/08/2012

Acompanhante

Agora está mais calmo o quarto verde. Só a luz da TV ilumina de leve o ambiente.

A paciente medicada teve a dor aliviada e está dormindo profundamente neste momento. São onze e pouco da noite e espero que durma até amanhã cedo. Decidi passar a noite aqui por segurança. Fiquei preocupado, afinal esta é a minha primeira investida como acompanhante. 

Caramba, parece que tem gente que gosta disso.

Na TV assisto um filme onde um sequestrador faz refém alguns passageiros de um vagão de um trem do Metrô de Nova York, os demais ele separa, não sei como fez isso. Ele se comunica com um funcionário controlador das linhas pedindo um milhão de dólares pelo resgate. Roteiro nada original, já assisti uns quarenta filmes parecidos com esse.

Acho que é por isso que a paciente dormiu - efeito da combinação dos remédios que recebeu com um filme chato. Eu que fiquei só com o segundo estou acordado.

Vida de acompanhante é sem emoção.

Aflição das 19h45

Continua a aflição do acompanhante, agora com a paciente ao seu lado. Parece que a cirurgia correu como deveria correr, em ordem, como manda o figurino. Acho que foram quatro horas de cirurgia e mais cinco na sala de recuperação.

Quem não está bem sou eu, o acompanhante. Nunca fui um na vida, no máximo nesse sentido fiz visitas e assim mesmo àqueles muito próximos, familiares ou amigos.
A cada gemido eu estremeço, dá um gelado na barriga que parece que os pontos a serem desfeitos são os meus quem nem os tenho.

No final vai dar tudo certo. A paciente se recupera e eu entro no lugar dela.

Aflição das 16h40

Pior que paciente é ser acompanhante do paciente a espera deste, enquanto ele (ou ela) passa pela cirurgia. O quarto de paredes brancas com o piso em verde água e com uma cama que mais parece uma geringonça espacial no centro dá a sensação a quem aguarda de que, cada minuto é mais parecido que anterior do que o que virá. Uma hora normal parece um dia. O relógio anda para trás ou de lado.

A paciente saiu do quarto deitada na maca e carregada pelo enfermeiro gentil. Disse ele a mim que o tempo estimado para o retorno dela seria em quatro horas mais ou menos. Já se passaram seis e nada. Seis que representaram vinte e quatro.

Nesse tempo li alguma coisa pela internet, comprei duas revistas sobre fotografia digital na banca da esquina, almocei um mini virado a paulista de gosto insosso que me custou R$ 18,00, cochilei na poltrona verde (do mesmo tom do piso), do claustrofóbico quarto 309. Atendi alguns chamados pelo celular com parentes querendo notícias da paciente e cochilei mais um pouco. Na TV o canal 67 mostra o status da cirurgia. Devem colocar esse serviço para evitar que acompanhantes à todo momento recorram ao serviço do balcão de enfermagem. 

Na tela diz que a paciente está agora, 16h40 e desde às 14h30 na Sala de Recuperação.

Sala de Recuperação pode ser compreendido como restauração após ato cirúrgico em si. Isso é bom. Mas também poderia ser interpretado, pelo mais afoito, como tentativa de resgate. Valha-me Deus! Nessas horas a gente fica aflito. Tudo acabará bem. Mas vou buscar informações. Esse quarto realmente prende a alma da gente.

12/08/2012

Ovnis or UFOs

Objetos Voadores Não Identificados nos céus de algumas cidades do interior. Difícil acreditar na sua existência, porém, mais difícil ainda é acreditar que estamos sós nessa imensidão que é o universo.
O tema é fascinante e sempre me atraiu a possibilidade de vida além do muro, independente da sua veracidade ou não. Só de imaginar um eventual contato com inteligência extra tudo que entendemos ser real, por si só, vale. Além do que dá a sensação de que nossas mesquinharias não ficam sem razão de existirem e se tornam absolutamente nada.
Para quem curte o assunto é só seguir o vídeo aqui postado que foi capturado do You Tube. Para os céticos, nem percam seu tempo e para os curiosos, àqueles que nunca levaram a sério o assunto mas gostam dele será legal assistir.


Me pergunto às vezes se esses contatos, uma vez sendo reais, não seriam eles alguma tentativa de interação de inteligências vindas do futuro do nosso tempo. Mente aberta para pensarmos.

My father in the sky with diamonds and Jawa

Meu pai nunca fez música pra mim, nem cantou cantigas de ninar. Ele era do tipo quietão e meio tímido e não era dado aos afagos. Isso era coisa de mulher. Manisfestava seu amor pela família - sua esposa e seus dois filhos com a presença constante, fiel e silenciosa. Em cinquenta e seis anos nunca ouvi meu pai gritar, quando muito ouvi soltar um ou outro palavrão com fala de gago, pois assim ele ficava quando estava muito nervoso. 
Trabalhava muito se esforçando pra não deixar faltar nada em casa. Comida e estômago cheio eram suas prioridades pra família. Às vezes não conseguia, a vida era dura, mas mesmo nessas ocasiões ele não reclamava, fazia. Dava um jeito e conseguia mais alguns grãos de feijão para os buchos dos seus protegidos.
Meu pai era um artesão, mecânico de mão cheia. Inteligente e com visão espacial como poucos. Sabia fazer de tudo, de projetos de engenharia civil e mecânica num pedaço de papel qualquer a cadeiras de aço e mesa de fórmica. Inventor nas horas vagas, criava objetos, peças, instrumentos. Meu primeiro projetor de filmes foi ele quem fez. Na verdade era um de sildes - uma caixa de metal com uma lâmpada dentro e um tubo deslizante à frente com uma lente na ponta, onde por ele eu ajustava o foco na projeção. Pra mim aquilo era um sonho. Eu fazia desenhos em tiras de papel vegetal com personagens e estorinhas que eu criava. Rabisco até hoje as caricaturas quando estou ao telefone. Cheguei a ganhar alguns tostões nas sessões de cinema de domingo a tarde e fiquei orgulhoso uma vez quando comprei um litro de leite para o café com leite num domingo a noite.
Meu pai sempre dizia que a gente tem de aprender a ganhar dinheiro de forma justa, com trabalho e jamais se apropriar do que não é seu. O seu, dizia ele, só é seu quando você compra com dinheiro que fez por merecer, com suor que molha a camisa. 
Essa frase traduz bem como o via, como tenho na memória a sua personalidade - honesto, correto e muito orgulhoso. Orgulhoso de ser um homem livre, de não se deixar levar por vaidades. De não se curvar ao mais fácil.
Não era um mestre nas palavras, praticamente um semi analfabeto como a maioria foi no seu tempo. Ri muito quando li o que escreveu em letra corrida e mal organizada num bilhete deixado sobre a mesa - cortei o dedo e fui no ospitau.

Foto disponibilizada no Google
Apesar de ser tímido era risonho e gostava de contar piadas que ele mesmo criava. Ele ria das próprias piadas. Muitas vezes só ele ria e eu sentia uma ponta de vergonha, quando as pessoas falavam que o Romeu era um tonto e isso hoje me aborrece quando lembro. Sentia vergonha quando ele me dava carona em sua velha motoclicleta, acho que era uma Monark Jawa da década de 50, bordô e com uma parte do tanque de gasolina cromado. Enquanto os colegas chegavam a pé ou de carro com os pais mais afortunados, eu descia da garupa de cabeça baixa e pedindo a ele pra que me deixasse uma rua antes, mas ele insistia em parar bem em frente ao portão para facilitar a minha chegada. Idiotice a minha.
Somente anos depois fui me dar conta de sua sabedoria. Eu adulto, embora ainda jovem e já casado e com três dos quatro filhos que tenho hoje, chorei copiosamente. Chorei escondido por dias e dias e por meses seguidos. Foi um período difícil de identificação de valores. Minha vida, desde a mais remota lembrança veio à tona. Rastreei passo a passo, dia após dia, ano após ano da minha vida. Passei a idolatrar meu pai, compreender o significado do que fez e como fez por nós, minha mãe, meu irmão e eu.
Sozinho, sem deixar ninguém perceber a fragilidade em que me encontrava, chorava e me arrependia por nunca ter manifestado a minha admiração, de não ter agradecido até então pelo quanto ele se esforçou para nos ensinar, mesmo sem palavras e frases gramaticamente corretas,  mas com atitudes, compreendidas agora como nobres.
Vejo os meus filhos e minhas netas com traços da personalidade dele. Sinto orgulho.

Hoje ele vive no céu com os diamantes e provavelmente passeando com sua Jawa 58. Quando eu for pra lá quero pegar uma carona, na garupa agarrado à sua cintura e feliz por ele ser meu pai.



05/08/2012

Ode madrileño

Em descanso todos os pensamentos vêm à mente. Pra relaxar eu me deixo levar por tudo que me vem na cabeça, assim é que eu descanso, diferente dos caretas que preferem o hoje é dia disso. Eu também sei ser careta, mas agora prefiro não ser. 

Do julgamento do mensalão, jogos olímpicos, aporrinhações do serviço, dias longos e nervosos da semana, hoje me lembrei da Marlene. Ah dona Marlene! Espanhola proprietária das assombrosas tetas que fascinavam a todos e em especial a molecada da rua, menos ao Luis, o filho pentelho que se confundia nas ideias toda vez que falávamos das montanhas encantadas da dona Marlene.
Vaca profana, beata das manhãs de domingo, mulher colossal que diziam alguns em voz baixa estar cercada de amantes super secretos. Não se sabia de nada de concreto, as vizinhas megeras de poucas tetas e com caras de mães rabugentas insinuavam isso, retorcendo seus narizes quando diziam da mulher do 116. Para nós era o alimento alucinado da puberdade. Eu estava entre eles e cada vez mais magro.
O corpo escultural com dois enormes seios à frente encobertos quando os ventos permitiam pelos cabelos longos quase pretos que escondiam o decote atormentador. 
A voz rouca e ligeiramente grave somado aos olhos grandes e azulados do rosto angulado acentuavam a trama na mente infantil. De perto ninguém é normal.

Mudaram-se tempos depois e nunca mais vimos as formosas tetas. Claro que elegemos outras, mas nunca foram majestosas e onipresentes como as dela. Um ode madrileño.



04/08/2012

Os idiotas

Do nada cruzamos com pessoas estranhas, esquisitas, meio doentes. Algumas ainda conseguem nos iluder por algum tempo, deixando-se passar por pessoais legais. Mas também do nada percebemos o engamo, às vezes em curto tempo, outras tempos depois. 
O ledo engano se transforma em mágoa, frustração, raiva e no meu caso, após essas etapas, desenvolvi o sentido do esquecimento, deleto da memória e guardo somente o episódio como lição.
Lembrei-me de uma professora que certa vez falou sobre o significado da palavra idiota. No contexto do comentário que fazia a respeito Chico Buarque de Holanda, isso em vista da idolatria manifestada pelos alunos na sala de aula - do nada ela dirigiu-se a mim e soltou - idiota é um cara sem ideias, depois que a ditadura acabou, Chico ficou sem emprego, perdeu as ideias. Levou uma saraivada de vaias dos pseudos intelectuais da sala.
Claro que pensei tratar-se de uma indireta, a mim, ao resto do grupo ou à todos nós. Fui buscar no dicionário após a aula o significado da tal palavra que por coincidência foi num velho Aurélio que guardava na estante - Auréio Buarque de Holanda.
Lá vi que o sentido de idiota era outro, talvez o mais próximo ligado ao comportamento patológico de um cidadão - um deficiente mental.
Minutos atrás lia um artigo onde o autor mencionou o idiota e o site, significados.com.br quando imediatamente me remeteu trinta e tantos anos atrás. Tudo isso porque um pouco antes de ler o artigo lembrei de algumas pessoas que me aborreceram e disse a mim mesmo, são uns idiotas. Fui ao site e lá fui lançado pelos inícios dos oitenta. A cabeça da gente não para nunca. Escrevi a palavra idiota no campo de busca. Das interpretações mencionadas percebi que todas levavam ao mesmo caminho, um sujeito idiota não tem ideias.
Discordei em seguida. Alguns idiotas têm ideias sim e geralmente não são boas. 

"Idiota é um termo com origem no grego "idiotes" que significa "pessoa leiga, com falta de habilidade profissional" por oposição àqueles que desenvolviam algum trabalho especializado. Na acepção original, idiota designava literalmente o cidadão privado, alguém que se dedicava apenas aos assuntos particulares em oposição ao cidadão que ocupava algum cargo público ou participava dos assuntos de ordem pública. O termo evoluiu de forma algo depreciativa para caracterizar uma pessoa ignorante, simples, sem educação. Popularmente, um idiota é um indivíduo tolo, imbecil, desprovido de inteligência e de bom senso.  
Na Psiquiatria, a idiotia é o diagnóstico atribuído ao indivíduo mentalmente deficiente, com grau avançado de atraso mental. No estado de idiotia profunda, o portador desta patologia tem suas capacidades vitais reduzidas num estado semelhante ao coma"

Devemos tomar cuidado com os idiotas.

02/08/2012

Debate

Estou em São Paulo e neste momento confortavelmente acomodado no sofá na sala de casa assistindo TV. O lap no colo e os dedos nervosos pela ansiedade teclam como se tivessem vida própria.

Do site band.com
O que assisto? Debate entre os candidatos à prefeitura da cidade. Vejo o programa por questão profissional e não por opção de lazer, e nem, muito menos, porque o assunto me interessa. Realmente não me interessa. Não me iludo com as promessas e a tentativa de mostrar ao público o quanto eles conhecem os problemas da cidade. São bem orientados. Alguns mais e outros menos calejados.
Incrível como o estilo do programa não mudou ao longo dos anos. Hoje são transmitidos em HD, antes no saudoso e borrado analógico. 
A luz contrastada, o cenário dado ao comportado mesclado a um high tech. O som ambiente que se ouve ao fundo é o do ar condicionado do estúdio. Um painel de leds de alta definição ilustra um grafismo abstrato meio sem sentido e fica cintilando atrás dos candidatos. 
Os candidatos - esses são os artistas do programa. Como são iguais, bem vestidos, maquiados e bem alinhados. Como fazem perguntas uns aos outros e nem se olham para ouvi-las. Você faria uma pergunta para uma pessoa que está a seu lado olhando pra outra que está à sua frente? Não soaria como uma indireta?
Eles dedicam seus manifestos devidamente posicionados para as lentes das câmeras que os focalizam.
O que eles falam é tudo aquilo que gostaríamos que um dia fizessem. Sabemos que não farão. 
O circo é em nome da democracia.  Esta infelizmente se cala.  
É uma mentira. A sensação é que melhor seria assistir um debate entre oito putas. Acho que seria mais digno e meu tempo melhor aproveitado. Sou só um contribuinte em um país que não contribui em nada comigo.