Criado em 2011. Fui mais assíduo nas postagens, contos e comentários. Hoje o mantenho como esconderijo, aqui guardo meus segredos. Quase isso.
15/06/2013
Dona Dilma
Dona Dilma, na boa… que ninguém nos ouça, mas que tem inflação, tem sim. O custo de vida está subindo aqui em baixo. Pouco, mas subindo e o duro é que está dando sinais de que a coisa pode piorar. Se esforce ai, por favor, dona Dilma, não deixe ela voltar.
Sei que de onde está não é fácil contestar o incontestável, claro que não seria nada positivo se a senhora, do alto do palanque dissesse que o custo de vida subiu nos últimos tempos, mas se passar por perseguida pela imprensa não é legal, não é por aí, a turma aqui vai desconfiar. Isso é coisa de político velho, coronelões do tipo Odorico Paraguassu, lembra? kkk…
Sabemos bem que a senhora não faz bem esse estilo.
A imprensa de modo geral, faz, fez e fará panfletagens tendenciosas toda santa vez que se sentir ameaçada, faz parte do jogo, lamento, mas é assim em qualquer lugar do mundo menos nos países totalitários. Afinal ela tem dono e donos prezam pelo capital. Nada contra o capital, mas no terceiro mundo, o capitalista é mais perseverante… kkk
Dona Dilma, eu acho que além de corajosa e por várias oportunidades deu sinais disso a senhora é honesta, e não rouba, uffaa!!! Embora os que a cercam nem todos são da mesma linhagem. Cuidado, dona Dilma, prezamos muito pelo seu sucesso.
Deixo aqui três pequenas sugestões com intuito de contribuir com o governo da senhora, dona Dilma. São basicões, nada de novo:
1) Diminua o custo do governo, tem muita gente nele, dona Dilma, muitos ministérios, por exemplo, tantos órgãos que nem sabemos bem das suas serventias, além de acertos de alinhamentos políticos. São onerosos e nada necessários, a maioria, pelo menos. É muito caro tudo isso e pouco eficiente, dê um calote nos compromissos partidários, a turma aqui em baixo vai gostar… kkk…
2) Promova junto aos outros dois poderes, o legislativo e o judiciário a mesma faxina. Dá um jeitinho, use sua influência, seria por uma boa causa. Por lá, nem se fala… kkk… a sujeira talvez seja até maior, têm bandidos aos montes, dona Dilma, muitos, nem imagina quantos. O Lula, seu antecessor, agora diz que nunca soube de nada, sabia quando era iniciante de carreira, lembro até quando ele disse que no Congresso tinha pelo uns 300 picaretas. O Sarney para ele na época, era uma sarna (essas são palavras minhas, dona Dilma). Mas ele metia o pau nele… kkk Hoje o Lula jamais diria isso… kkk é foda né? Ôps… desculpe, dona Dilma;
3) Impostos, dona Dilma. São muitos, ninguém aguenta mais pagar tanto imposto. E pior, pouco ou nada deles retorna ao povo. Saúde, educação, transporte, estradas, segurança, só pra começar, mas tem tantas outras coisas em déficit que ocuparia muito do seu tempo se ficasse aqui listando todas. Muito imposto em país desorganizado como o que você herdou facilita a corrupção. A corrupção estimula a burocracia que estimula a corrupção que estimula a burocracia e assim vai num moto-contínuo. Os bandidos sentem o faro da grana fácil e se juntam fazendo cara de preocupados com o povo. kkk…
Dona Dilma, você é uma mulher forte e inteligente. Não se deixe abestar-se pelo trono como fez seu padrinho e outros tantos que o antecederam. Acredite nos seus ideais, lembra deles, dona Dilma, aqueles dos tempos da adolescência? Vá com a sua força atrás dos mal-feitores, mas sem armas dessa vez, pelo amor de Deus… kkk. E também esqueça essa história de comunismo/socialismo, isso é coisa provincianesca. Busque a praticidade, dona Dilma, isso poderá nos levar a um país de classe média de verdade, com poucos políticos, sem tiranias travestidas de democracias, sem nada dessas porras piegas. Ôps… desculpe de novo, é que estou meio nervoso só por falar com a senhora… kkk
Bem, dona Dilma, espero que me ouça, que tenha sucesso na empreitada e conte comigo para alguma ajuda se precisar.
Fique com meu abraço fraterno. (por enquanto, pois se fizer a mesma coisa que os outros, meto o pau na senhora… ops!)
13/06/2013
Gazelas
Abro mão por um instante do "politicamente correto". Espero que quem esteja lendo este desafogo, me perdoe. Realmente é um "pequeno desabafo" Afinal ninguém é de ferro e muito menos tenho eu, "sangue de barata" nas veias. Fui criado com muito molho de tomate.
Aproveito também para não ser "direto" neste texto e me apropriando da tática da "indireta". Artifício comumente utilizado pelos "não dotados de coragem", vide redes sociais e folhetins.
Minhas referências aos que ganham a vida sem nada produzirem.
Minhas referências aos que criticam tudo baseados, única e exclusivamente, no rancor notadamente oriundo das suas próprias frustrações.
Minhas referências aos sórdidos.
Minhas referências aos que jamais olham nos seus olhos quando sorriem para você.
Minhas referências a quem prolifera com astúcia as "não verdades", ou elas distorcem com objetivos obviamente mesquinhos.
Minhas referências aos dilacerados de lucidez.
Minhas referências aos que não sabem digerir o não. Aos acomodados, pequenos seres que choram pelo tempo que se foi.
Aos que sabem da sua mãe, mas que do pai, desconfiam de pelo menos uma meia dúzia.
Por esses a menção de um singelo animal, a Gazela.
"Gazela é o nome vulgar dado aos mamíferos bovídeos do gênero Gazella. O grupo reúne pequenos antílopes da África e da Ásia, de pernas longas e chifres espiralados, presentes em ambos os sexos. As gazelas vivem em manadas e têm um temperamento nervoso e assustadiço. Os filhotes são muito vulneráveis contra os predadores. Quando pequenas, as gazelas não tem cheiro. Com essa vantagem, os pais escondem sua cria no pasto mais alto, dificultando a ação dos predadores. São animais extremamente velozes. Tem boa visão e uma excelente audição"
Gazelinhas perdidinhas.
Aproveito também para não ser "direto" neste texto e me apropriando da tática da "indireta". Artifício comumente utilizado pelos "não dotados de coragem", vide redes sociais e folhetins.
Minhas referências aos que ganham a vida sem nada produzirem.
Minhas referências aos que criticam tudo baseados, única e exclusivamente, no rancor notadamente oriundo das suas próprias frustrações.
Minhas referências aos sórdidos.
Minhas referências aos que jamais olham nos seus olhos quando sorriem para você.
Minhas referências a quem prolifera com astúcia as "não verdades", ou elas distorcem com objetivos obviamente mesquinhos.
Minhas referências aos dilacerados de lucidez.
Minhas referências aos que não sabem digerir o não. Aos acomodados, pequenos seres que choram pelo tempo que se foi.
Aos que sabem da sua mãe, mas que do pai, desconfiam de pelo menos uma meia dúzia.
Por esses a menção de um singelo animal, a Gazela.
"Gazela é o nome vulgar dado aos mamíferos bovídeos do gênero Gazella. O grupo reúne pequenos antílopes da África e da Ásia, de pernas longas e chifres espiralados, presentes em ambos os sexos. As gazelas vivem em manadas e têm um temperamento nervoso e assustadiço. Os filhotes são muito vulneráveis contra os predadores. Quando pequenas, as gazelas não tem cheiro. Com essa vantagem, os pais escondem sua cria no pasto mais alto, dificultando a ação dos predadores. São animais extremamente velozes. Tem boa visão e uma excelente audição"
Gazelinhas perdidinhas.
10/06/2013
Pelo celular a Kombi guerreira e transgressora.
O nosso amigo da Kombi trafegava tranquilamente pela Marginal Tietê, na altura da Ponte das Bandeiras, sentido Ayrton Sena. Oito da noite, mais ou menos, trânsito relativamente calmo pelo horário de uma segunda feira brava.
O que chamou minha atenção e de certo dos outros motoristas foi o excesso de carga que ele transportada sobre o seu carro. Pareciam caixas de madeira, dessas que carregam frutas.Fiz uma conta rápida e não muito precisa, evidente - comprimento x largura x altura, 6 x 5 x 7, cheguei em pelo menos, duzentas e dez caixas.Calculei ainda o peso de cada uma delas, imaginei um quilo mais ou menos. Portanto, cheguei nos 210 quilos. Dando um desconto: 200 quilos. (duzentos quilos) A altura da carga era quase uma vez e meia a altura do próprio carro.Detalhe: as caixas estavam amarradas na Kombi de um jeito que nem sei como. Até eu ultrapassá-la elas se mantinham firmes sobre a Kombosa. Firmes que nem geléia em prato raso, mas estavam lá. Dançando pra lá e pra cá como lindas e gorduchas havaianas.Se repararem na foto perceberão que as lanternas do veículo estavam apagadas, a luz que se vê vem dos faróis do carro que vinha atrás dela.O legal disso tudo é que, apesar dos vários radares de velocidade e rodízio, mega ultra eficientes da Marginal, ela, a ilustre Kombi, trafegava linda, leve e solta, sem que nenhuma fiscalização interrompesse seu destino.Espero que ela o tenha alcançado com sucesso, pois, pelo que vi, tinha tudo para dar merda.
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Do Blog |
Já que nem tudo que é ilegal é preterido, anotei a chapa para uma fezinha no bicho. Deixo a dica para os transgressores: KIB 1094. Milhar e centena do primeiro ao quinto. Um bom palpite.
Em tempo: eu de celular na mão enquanto dirigia, é bem capaz de eu receber uma multa pra largar mão de ser besta e encher o saco de quem está trabalhando.
09/06/2013
Saudosismo, Nostalgia e Estupidez.
Sentir saudade de alguém, de alguma coisa, de algum momento específico da vida é bem gostoso, até o cheiro a gente sente. Mas de forma corriqueira, impertinentemente, comparando o ontem com o hoje, penso que é um modo de fugir do presente. Sem perceberem, essas pessoas deixam impressão aos demais a imagem de que são covardes.
O indivíduo que se permiti viver exclusivamente baseado no ontem, comparando tudo de hoje com o que já se foi me parece coisa de gente infeliz. E sofrer por idealizar algo comum da forma como ele gostaria que fosse e não é porque os tempos são outros, aí fica difícil.
Vejo pessoas perdidas o tempo todo falando do presente com desdém, criticando, metendo o pau nessa ou naquela figura, atacando daqui e dali como se estivessem numa trincheira disparando a metralhadora pra tudo quanto é lado. São como donos da verdade.
A verdade como sabemos se opõe à mentira e esta só é revelada no futuro e bola de cristal é assunto para bruxos.
Se opor, ter outras ideias e defende-las é sinal de saúde mental. Como conviver com a oposição é que são elas.
Do passado ficam as experiências, se bem diluídas ajudam no presente e garantem o futuro.
Vale o exercício. Pode-se sofrer menos e saborear melhor as lembranças.
Caros nostálgicos depressivos, morram de uma vez ou venham que a festa está no AR. Sempre.
O indivíduo que se permiti viver exclusivamente baseado no ontem, comparando tudo de hoje com o que já se foi me parece coisa de gente infeliz. E sofrer por idealizar algo comum da forma como ele gostaria que fosse e não é porque os tempos são outros, aí fica difícil.
Vejo pessoas perdidas o tempo todo falando do presente com desdém, criticando, metendo o pau nessa ou naquela figura, atacando daqui e dali como se estivessem numa trincheira disparando a metralhadora pra tudo quanto é lado. São como donos da verdade.
A verdade como sabemos se opõe à mentira e esta só é revelada no futuro e bola de cristal é assunto para bruxos.
Se opor, ter outras ideias e defende-las é sinal de saúde mental. Como conviver com a oposição é que são elas.
Do passado ficam as experiências, se bem diluídas ajudam no presente e garantem o futuro.
Vale o exercício. Pode-se sofrer menos e saborear melhor as lembranças.
Caros nostálgicos depressivos, morram de uma vez ou venham que a festa está no AR. Sempre.
07/06/2013
06/06/2013
Os Vivaldinos
Parece que o ganhador é sempre quem conta a maior mentira. Não é bem assim, mas parece. Ou pelo menos aquele que é mais veemente. Sendo eloquente transforma-se a mentira numa verdade aceitável. Com tanto petróleo o mundo se plastificou.
Normalmente ele acordava às seis, nesse dia acordou às sete e meia. Perdeu a hora e a oportunidade de emprego. A entrevista com Seu Jeremias Duran, marcada para às oito, era do outro lado da cidade. Dois ônibus, metrô e uma boa caminhada, não daria tempo.
Quem pagou o pato foi ela, a esposa, despertada aos solavancos. A coitada ouviu tudo e mais um pouco, com direito a dois sai da frente, sua estrupício e um, você só me fode mesmo.
Amarildo há muito aguardava o telefonema da Alcântara Indústria Química e no dia anterior, no final da tarde ele chegou anunciando o convite.
Soube que somente dois candidatos concorriam à vaga e a pontualidade valia pontos, dois pontos, disseram a ele.
Dois anos e meio de desemprego a falência bateu à porta dos Souza. Amarildo sentia-se o último da fila, deprimido, vivia reclamando da sorte pelos cantos da casa.
Dirce retomou a costura e os biscates garantiam o arroz e o feijão. Os filhos em escola pública se adaptaram, os cursos de inglês e judô há muito ficaram pra trás. Os amigos sumiram. As contas agora eram pagas, quando pagas, com dois meses em atraso.
Dirce retomou a costura e os biscates garantiam o arroz e o feijão. Os filhos em escola pública se adaptaram, os cursos de inglês e judô há muito ficaram pra trás. Os amigos sumiram. As contas agora eram pagas, quando pagas, com dois meses em atraso.
Amarildo, químico formado pela USP, depois de vinte e três anos, foi chutado para o escanteio. Alegação: redução de custos. Vai reclamar com o Papa, Amarildo.
Muito bem, o que fazer agora? Ligar para tentar mudar a entrevista para o dia seguinte ou hoje ainda, logo após o almoço? Inventando alguma desculpa esfarrapada, sei lá? Resolveu arriscar e arriscou.
O TELEFONEMA
O TELEFONEMA
tuuu… tuuu… tuuu…
__ É... bom dia. Com voz embargada. Gostaria de falar com Seu Jeremias Duran. Aqui quem fala é…
__ Um segundo, por favor, estou transferindo.
Meire, a secretária atendeu.
__ Sala do Dr Jeremias Duran, diretor industrial, em que posso ajudá-lo?
__ É… bom dia, aqui quem fala é Amarildo Pereira de Souza, químico formado pela USP, lembra? Tenho uma entrevista com o Dr Jeremias agora às oito e meia…
__ Não, Seu Amarildo, o horário seria às oito, daqui a quinze minutos.
__ Sabe o que é? Tive um problema no caminho, um problema sério. Fui assaltado por uns moleques de rua, desses que roubam celulares, mochilas e me levaram tudo e ainda tomei umas pauladas na cabeça, está saindo muito sangue. Um carro do SAMU está me socorrendo neste exato momento. Falo pelo celular de uma desconhecida que assistiu o assalto… a senhora quer falar com ela pra…
__ Nossa! Mas o senhor está bem?
__ Sim, sim… estou bem, um pouco zomzo, mas está dando pra falar, suportei bem pela minha determinação, graças a Deus. É que preciso fazer o BO e depois voltar pra casa, tomar um banho, trocar de roupa, ela está toda manchada de sangue e gostaria de ver com ele ou com a senhora, não sei, se haveria possibilidade de adiarmos a entrevista, se possível para amanhã no mesmo horário. Estou muito interessado no emprego a ponto de ter recusado tantos outros… Seria possível?
__ Seu Amarildo, o senhor está com sorte, apesar de tudo. O outro candidato acabou de nos ligar dizendo que teve problemas pra chegar também. E curiosamente ele nos disse que sofreu um assalto, bem parecido com o que o senhor sofreu e transferimos as entrevistas para amanhã. Ia ligar para o senhor agora mesmo.
__ Puxa vida, é mesmo? Lamento por ele. Quanta violência, não é? Mas ele está bem?
__ Sim, disse que sim.
Pensou: filho da puta, devia ter morrido o lazarento.
__ Ah que bom! Bem, então fica marcado para amanhã às oito, oito e meia. Pode ser?
__ Não, Seu Amarildo, para amanhã, quinta feira, às 08 horas, pontualmente. Oito da manhã. O senhor compreendeu?
__ Sim, sim… Olha, muito obrigado, Dona… Dona… desculpe, qual é mesmo o nome da senhora ou senhorita?
__ Meire. Sou a secretária do Dr Jeremias Duran, o diretor industrial.
__ Ah tá, Dona Meire, amanhã às oito, sem falta. Até logo, então. Até amanhã, quero dizer… he he…
__ Bom dia.
A ENTREVISTA
Quem pagou o pato novamente foi Dirce, a esposa costureira, pois não o lembrou de passar na farmácia para comprar algodão, mercúrio e um rolinho de esparadrapo.
__ É uma estrupício mesmo.
No dia seguinte ambos chegaram pontualmente às oito. Nem se olharam, somente Dona Meire notou um certo abatimento e um curativo bem feito na cabeça do outro candidato. Amarildo, o químico desempregado, esqueceu-se de fazer o seu. O outro ficou com a vaga.
Quem pagou o pato novamente foi Dirce, a esposa costureira, pois não o lembrou de passar na farmácia para comprar algodão, mercúrio e um rolinho de esparadrapo.
__ É uma estrupício mesmo.
05/06/2013
Oftalmologista
Óculos. Eu uso óculos desde os 16 anos de idade. Na escola vinha percebendo que sentado no fundo da sala não enxergava as letrinhas e os numerozinhos da lousa, aos poucos fui me aproximando dela e também da professora. Era uma briga comigo mesmo, os sentados nas primeiras carteiras eram os coxinhas e eu queria ser o kibe da escola.
Duas coisas eu descobri quando passei a usar óculos - que na lousa tinha coisas escritas muito certinhas e outra, mais interessante, que não somente a voz da professora era gostosa. Me declarei poeticamente a ela e me dei mal. Malditos óculos.
Quase dois terços da minha vida eu uso óculos e claro, tive que aprender como olhar o mundo com maior nitidez, acho que nasci míope e enxergar com foco é mais difícil do que aparenta. É difícil.
Outra coisa importante que desenvolvi usando óculos é que nem sempre devo dizer o que penso, embora ainda, vira e mexe caio numa emboscada por ser um boca mole. Os ancestrais sempre me alertaram para que eu olhasse mais e falasse menos. Outra coisa difícil.
Por isso gosto de escrever. Devo aos óculos o vício pela leitura e este foi quem me empurrou para o prazer de escrever.
Escrever é silencioso, gostoso, íntimo, nítido, quase que um orgasmo. Para um míope a nitidez é um tesão e escrevendo vejo o desfocado mais claramente. O que preciso mesmo é aprende a escrever melhor.
Melhor é outra coisa que me aborrece. O que é melhor? Para quem e por quem escreveria melhor? Sem respostas, optei por escrever para mim mesmo.
Por tudo isso vou hoje ao oftalmologista. Minha última consulta faz quase três anos e de certo estou nas primeiras fileiras da classe sem ter me dado conta disso. Isso não é bom, já me dei mal uma vez.
Duas coisas eu descobri quando passei a usar óculos - que na lousa tinha coisas escritas muito certinhas e outra, mais interessante, que não somente a voz da professora era gostosa. Me declarei poeticamente a ela e me dei mal. Malditos óculos.
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Outra coisa importante que desenvolvi usando óculos é que nem sempre devo dizer o que penso, embora ainda, vira e mexe caio numa emboscada por ser um boca mole. Os ancestrais sempre me alertaram para que eu olhasse mais e falasse menos. Outra coisa difícil.
Por isso gosto de escrever. Devo aos óculos o vício pela leitura e este foi quem me empurrou para o prazer de escrever.
Escrever é silencioso, gostoso, íntimo, nítido, quase que um orgasmo. Para um míope a nitidez é um tesão e escrevendo vejo o desfocado mais claramente. O que preciso mesmo é aprende a escrever melhor.
Melhor é outra coisa que me aborrece. O que é melhor? Para quem e por quem escreveria melhor? Sem respostas, optei por escrever para mim mesmo.
Por tudo isso vou hoje ao oftalmologista. Minha última consulta faz quase três anos e de certo estou nas primeiras fileiras da classe sem ter me dado conta disso. Isso não é bom, já me dei mal uma vez.
04/06/2013
Corte brasileira sob licença poética.
Me perdoem os do bem. Mas o respeito que sinto pelos políticos brasileiros é exatamente o mesmo que tenho dos ácaros que se hospedam nas carapaças da baratas.
Não me importaria se um dia acordasse cedo e lesse pelos jornais que uma súbita epidemia de um vírus absolutamente desconhecido, tivesse atacado os desonestos durante a madrugada.
Que tivesse entrado pelos ânus desses mal-feitores através do papel higiênico que utilizam em abundância, provocando danos irrecuperáveis em seus corpos, de tal forma que os olhos de cada um deles tivesse explodido no ar.
E ainda, para não deixar vestígios maléficos sobre a face da terra, cada corpo, antes mesmo de apodrecer, fosse transformado em cinzas escuras e essas, como mágica divina, fossem carregadas pelo vento até uma única vala. Uma que desse acesso ao núcleo do planeta e num movimento tectônico essa vala fosse definitivamente lacrada e nela nascendo uma única flor, uma de plástico de cor lilás.
O duro é pensar que se isso acontecesse eu carregaria para o resto da vida um sentimento de culpa. Afinal eles também eram filhos de Deus e como disse Jesus, amai-vos uns aos outros como a ti mesmo.
Essa máxima colocou essas pessoas em tais postos ou foi a nossa idiotice que permitiu tal feito?
Deus que me perdoe.
03/06/2013
Equilíbrio
Concentração. Equilíbrio. Percepção. Determinação.
É sempre possível se superar. Olhar em volta, medir, enxergar um pouco mais do que se vê.
Já postei antes, mas pra quem não viu, veja agora. É estimulante. Clique no link abaixo.
http://www.youtube.com/watch_popup?v=jJrzldDUft4&vq=medium
Boa semana, vamos em frente que tem mais pela frente.
02/06/2013
A revelação de Josmar.

Saindo da Brasilândia o caminho mais curto era chegar na Marginal do Tietê, atravessar a Paulista, descer a 23 e antes da entrada do túnel, pegar à direita. Muito fácil.
Desde o início da semana ele, a esposa e os dois filhos pequenos só falavam disso. Domingo ia ser o dia da alegria. Pai, mãe, filhos e o cachorro Dog no Ibirapuera.
Encheram a caixa de isopor com cervejas, refrigerantes e lanches feitos pela mãe. Não sabiam se poderiam comer na área do do parque, se tinha lá um lugar para um pique-nique, caso não pudessem iriam fazer a refeição no carro mesmo. Tudo bem, era dia de festa.
Sete e meia da manhã todos prontos, o dia tinha amanhecido perfeito. Um sol forte que desde às cinco e meia já mostrava que viria com tudo.
Embarcaram no Chevette 76 que Josmar recuperou a duras penas. Todo pintadinho de azul escuro, parecia carro de rico e melhor ainda, documentado. Os pneus segurariam a onda até o próximo mês. A parte elétrica estava em ordem - faróis, buzina, setas. Tudo bacana mesmo.
Chave no contato, ele se sentido o dono da cocada preta, camiseta polo listrada em vermelho, branco, verde, azul e lilás, num perfeito arco-iris, permudão jeans e sandálias de couro.
Sai daqui, sai dali, alcançaram a Marginal e nela seguiram até a Ponte da Casa Verde, um pouco antes dela entraram à direita e foram caindo para a esquerda. Um viaduto à frente dividia os caminhos, faróis num grande cruzamento. Por ser um domingo cedo Josmar notou que o trânsito estava um pouco acima do normal e comentou com a mulher:
__ Cacete, tá cheio hoje aqui. Deve ter alguma merda lá na frente.
Rosália não reagiu pelo desabafo do marido. Continuou olhando o trânsito, os edifícios e os carros ao lado. Alguns carregavam pessoas estranhas de cabelos e óculos coloridos.
Os meninos seguindo orientação do pai permaneciam quietos. Somente Dog, o cão, não se continha, latia para os vizinhos o tempo todo.
Quando chegaram próximos da Avenida Dr Arnaldo, numa ladeira que dá acesso a ela, Josmar reclamou de novo:
__ Não falei, tinha merda mesmo! Que caraio de tanto carro e tanta gente esquisita.
__ Deve ser alguma missa de gente importante, Jo. Tentou justificar a esposa fiel.
__ Porra, mas justo hoje, caraio?
Seguiram quando o farol finalmente permitiu. Atravessaram a avenida com muito custo entrando à esquerda para pegarem a direção da Paulista. Quase parados, dez por hora.
Josmar não conhecia direito a região, ficou com receio de sair do trajeto minuciosamente estudado ao longo da semana e se perder. Foi em frente lamentando a lentidão.
Olhava para o relógio a cada 30 segundos. Reclamava, dizia que estava perdendo tempo e sempre com um putaquepariu.
Faróis, carros saindo de uma pista para outra e Josmar finalmente chegou na Avenida Paulista. Queria mostrar para a família o quanto ela era bonita.
__ Nossa pai, é grande mesmo!
__ Maior que na novela, né mãe?
As crianças e a mulher só conheciam a famosa avenida pela televisão. Estavam em São Paulo não fazia três anos e tudo era novo para eles. Nunca tinham visto de perto tanta gente numa única rua.
O Chevette 76 pintado de azul escuro, com elétrica em dia não resistiu a tanta troca de marcha. A fricção abriu o bico, só entrava primeira e a terceira, mesmo assim com certo esforço.
__ Puta que pariu!
__ Calma, Jo. Encosta o carro na calçada, e vê o que foi que aconteceu.
__ O que que aconteceu, pai?
__ Essa porra está dando merda. Fica quieto ai, não enche o saco!
O cachorro só parou de latir depois de ter levado dois safanões bem dados por Josmar e escondeu-se assustado no assoalho acarpetado do carro.
Subiu com dificuldade com as rodas direitas na calçada e estacionou. Desceu, abriu o capô tentando encontrar algum fio solto. Mexe daqui e dalí e nada.
__ Olha vocês ficam aí que eu fou procurar algum mecânico. Deve ter um por aqui e volto logo.
Saiu com a cara emburrada, chingando o vento à procura de socorro.
__ Que merda é essa! Nunca vi tanto viado junto. O cidade de gente doida essa! Falou sozinho
A Paulista no domingo estava lotada. Polícia, jornalistas, fotógrafos, televisão, rádio, gente pra tudo quanto é lado. Parecia festa, pensou ele.
__ Não é missa porra nenhuma, só pode ser coisa do capeta.
Josmar alimentava desde criança uma aversão muito grande por homosexuais, bichas, como ele dizia. Isso desde quando seu pai pegou o irmão de Josmar, o Lucio em carícias íntimas com um vizinho seminarista. O pau comeu solto, sobrou até para os irmãos. Ter um irmão gay era motivo de muita vergonha para Josmar.
Foi em frente, determinado, atravessando a multidão, entre os carros alegóricos, gente colorida, cantando, brincando, se divertindo e ele, todo sério, sem olhar para os lados. Lia cartazes com letras escritas com purpurina.
Sentiu passadas de mão e abraços fortuitos de rapazes admirando a macheza do morenão peludo. Homem alto, forte, pele de índio. Barba por fazer, era atraente aos festivos da avenida. Ele mais que rapidamente tirava a mão suave de cada um deles com um soco no estômago bem dado no camaleão filho da puta.
Num posto de gasolina encontrou o que procurava - um mecânico de plantão e este o seguiu até o carro e lá constatou que problema era simples de resolver, somente prender um cabo de aço que havia se soltado. Nada mais que 50 reais pela mão de obra e o transtorno.
__ Filho da puta, deve ser viado também. Ralhou em voz baixa.
O dia seguiu sem mais contratempos e até encontraram lazer entre as árvores do parque. O dia, apesar de ter iniciado difícil, terminou bem. Lá pelas seis voltaram pra casa.
Qual foi sua surpresa à noite quando assistindo o Fantástico, Josmar se viu por entre tanta gente colorida.
A reportagem registrava a Parada Gay que tinha acontecido naquele dia na Avenida Paulista. O câmera da reportagem destacou o rosto dele entre tantos na multidão. Sabe-se lá porque. Algumas tomadas, ainda pior, bem fechadas no rosto de Josmar não deixavam dúvidas, era ele.
Rosália ficou quieta, os filhos rindo baixo, o cachorro nem se mexeu. Josmar, num súbito ódio e profunda vergonha sentiu uma forte pressão no peito e caiu duro sobre o Dog.
Infarto fulminate, todos comentavam no velório. Talvez fosse pela revelação, pela descoberta de algo que ele, o defunto, quando vivo guardava a sete chaves.
__ Bem que eu desconfiava. Comentou com alguns o farmacêutico da rua de cima.
Por mais que Rosália explicasse à vizinhança, que na verdade estavam só de passagem, que o carro pifou, que ela e os filhos aguardavam o retorno do marido e pai exigente, que saiu a procura de um mecânico, ninguém acreditava na história.
__ Um mecânico.. ah sei, sim claro. Quem pensaria alguma coisa diferente.
A própria esposa, lá, bem no fundo, começou a suspeitar, afinal ela e os meninos ficaram no carro por umas três horas.
Josmar foi enterrado na segunda feira como um homem que na verdade poderia não ser tão homem assim. Pelo menos a vizinhança toda tinha certeza que não era.
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