30/11/2011

Um bom e velho amigo.

Encontrei ontem um bom e velho amigo. Que alegria, que coisa boa rever pessoas que gostamos e que há muito não víamos, não é? Ainda mais quando não esperamos, quando o encontro é casual. Eu simplesmente adoro, ganho o dia quando isso acontece. Eu acho que todos nós somos assim. 

A vida pára por uns instantes e de pronto vem ao pensamento a história que se embaralhada, se mistura confundindo épocas e situações distintas, iludindo os felizes amigos. 
E claro, como se diz, cada conto um ponto - com o tempo as histórias meio que se transformam em estórias. Mesmo assim o que não seria tão verdade ganha um colorido todo especial, indefinível e passa a ser verdadeiro para ambos naquele momento.

As perguntas depois dos abraços entusiasmados e os elogios quanto as aparências são sempre as mesmas: como vai, meu amigo? O que anda fazendo? O que conta de novo? A gente quer saber tudo dele ou dela muito rapidamente.
Se estamos com pressa naquele momento e sem tempo para levar a conversa adiante, um encontro para breve, aliás, sempre muito breve, fica marcado. Mas, invariavelmente, a data e hora não ficam bem acertados - celulares e emails, um pega do outro e o amanhã te ligo, é o que se diz no final do encontro.
E depois cada um segue para o seu lado. E a vida continua até um próximo encontro casual.
Nem sempre se revêem, cada um tem sua vida e a distância os separam como óleo e água - mesmo que vivam na mesma cidade, às vezes até no mesmo bairro.

Enquanto a vida lhes deu oportunidade no trabalho, na escola ou em qualquer outra atividade, foram eternos amigos para sempre, inseparáveis. Mas quando se distanciam pelas brincadeiras do destino e se transformam em abóboras em noites de lua cheia, a lembrança, o intocável, com o tempo, parecem fumaça escura que muda de forma com o vento.

Muitas vezes as lembranças se sobrepõem ao fato. Ganham dimensão e enredos novos. O encontro casual é de satisfação imensurável, a sensação é de como tocar na memória, mexer nela, no tato, sentido-a na pele e nas digitais.

Algo equivalente a sensação de um bebê que leva tudo que encontra à boca.

Ao longo da vida conhecemos pessoas que deixam o carimbo em nossa alma, para sempre, marcando o espírito, definindo um período, difícil ou daqueles alegres. Até os difíceis se tornam memoráveis depois dos tempos.

É bom rever amigos, pois com eles resgatamos a história da nossa formação, da nossa educação.
Sinto saudades de tudo e de todos. De alguns e de algumas, um pouco mais.


Sinto saudades do meu pai. Faz dois anos, um mês e doze dias que não nos falamos pessoalmente, nem por celular, nem por emails. Só por pensamentos. Eu aqui e ele lá, onde um dia nos encontraremos.

Sempre juntos.


27/11/2011

O homem que gostava de pitangas


Velazquez

Só sei que o camarada seguia calmamente pela calçada daquela avenida super movimentada. Os carros buzinavam e alinhavam-se uns atrás dos outros aguardando o farol vermelho que tardava em abrir-se.  Ônibus freando de súbito, provocando fortes ruídos decorrentes da pressão das borrachas aos metais, estacionando no ponto de embarque e desembarque de passageiros que acotovelavam-se também ruidosamente. Mulheres em taires a “la francesa”, azuis, vermelhos e alguns amarelos, seguiam em passos determinados, dando a entender aos quem as reparassem que nova etapa de trabalho as esperavam em casa. Outras estampavam sorrisos discretos nas faces e seguiam aos encontros possivelmente nada atarefados. Todas carregando bolsas  de couro de diversas cores, presas aos braços de forma a dar-lhes maior segurança.
Os executivos, ao menos uniformizados assim aparentavam, riam ou resmungavam, sozinhos ou em grupos, esses últimos em discussões acaloradas sobre o dia de serviço ou do churrasco do domingo, regado a cervejas em latinhas guardadas no congelador.
Em meio à movimentação ele caminhava. E suas pernas longas e arqueadas buscavam passo a passo um destino não definido e equilibravam os quase um metro e noventa de altura de um corpo esfericamente obeso que lhe aferiam o quê do bonachão simpático.
O nó da gravata lilás, sutilmente estampada em detalhes brancos, estava ligeiramente solto e a gola do colarinho da camisa clara com o botão aberto, confortava o pescoço roliço e o paletó com dois botões, tinha somente o de cima fechado e este se sobrepunha à calça do terno em um azul marinho, amarrotado - aparência muito diferente da manhã que contava sempre com a supervisão atenta da esposa dedicada que a tempo retornava do plantão nas madrugadas onde trabalhava como enfermeira em um hospital para doentes mentais.

Saboreava a tarde que se fazia ligeiramente fria, ainda com o sol desenhado timidamente no horizonte oeste lembrando fotografias típicas de final de tarde em dias de inverno. Só faltava a neve.
Parava de tempo em tempo observando uma vitrini ou outra com jeito de quem não quer nada e parecia não querer mesmo. Naquela tarde de sexta feira, saiu um pouco mais cedo do serviço, logo após ter sido demitido pelo gerente de alma fria que argumentara corte administrativo. 
Mesmo assim, procurou manter-se sereno, aparentava isso. O passeio lhe fazia bem naquela situação. Quem o visse defenderia até de baixo d’água tratar-se de um calmo. Só ele sabia o quanto estava sentindo e à mente vinham as consequências do emprego perdido. A dor da demissão inesperada é inigualável.
Pôs-se, então, a perceber as pessoas andando apressadas - moças bonitas, homens barrigudos, mães segurando os filhos pequenos pelas mãos, pedintes implorando ajuda, todos cruzando seu caminho. Num momento ao abaixar a cabeça viu o cadarço do sapato do pé esquerdo desamarrado. Deu-se conta também, num relance periférico, que debaixo do pneu de um carro preto estacionado à sua esquerda, metades de cinco notas de cem reais reluziam entre pontas de cigarros, cascas de bananas e alguns pedaços de papéis, quase molhadas pela água suja que corria na guia.
__ Caralho, é grana mesmo!  Pensou em voz alta, controlando-se em seguida.
Naturalmente a surpresa foi tamanha que o impulso do berro acabou sendo maior e mais rápido que a razão do silêncio apropriado para a ocasião.
__ Quinhentos contos debaixo da roda, não acredito! Metade da prestação do meu carro!
Agachou-se aproximando-se da guia se colocando bem ao lado do carro, cuja roda prendia boa parte do dinheiro. Apoiou a pasta executiva  que carregava deixando-a em pé ao chão, acobertando estrategicamente a visão dos curiosos afoitos.
Ajoelhado, lentamente amarrou o cadarço solto, ajustou o outro deixando ambos em laços ornamentados e o que poderia levar alguns segundos, gastou pelo menos uns dois minutos, tempo suficiente para avaliar a situação. Ainda agachado partiu para a primeira investida e num lance rápido levou a mão esquerda até debaixo da roda. Empurrou algumas cascas de bananas, limpou a área e puxou.
Nada. Não saia do lugar, nem se mexiam. Estavam bem presas. Voltou a cobri-las.

__ Puta que pariu! 
Olhou para os lados e levantou-se, pois era muito tempo para se amarrar os sapatos e alguém poderia desconfiar.
Aplumou-se, pegou a pasta e imediatamente levou a mão à cabeça como num gesto de surpresa - comum aos desatentos - encenação a um possível observador. Sim, a caneta havia lhe caído do bolso. Nos tempos de escola participou das aulas de teatro com dedicação.
Agachou-se novamente com sacrifício, pois o peso do corpo lhe restringia a agilidade, apoiou o joelho direito ao chão, a pasta numa posição de camuflagem, servindo também de muleta, retirou os detritos sobre as notas e puxou o volume. Puxa daqui, puxa dali, cada vez mais forte, mas elas se mantinham insensivelmente presas.
O movimento na calçada agora mais intenso, as pessoas seguiam seus destinos  e nem se davam conta da presença de uma pessoa em atitude no mínimo estranha - quase esparramada ao chão, como um enfartando.
__ Vai tomar no cú, filho da puta!  Sai, caralho!  Os resmungos continuaram por mais algum tempo. E nada, elas pareciam coladas no maldito pneu.
Escondeu o dinheiro sob a sujeira e levantou-se,  cansado, irritado e suado. 
__ Calma. Pensou ele, secando o rosto com o lenço azul claro que buscou no bolso do paletó.
Tentou empurrar o carro preto procurando não chamar a atenção. Difícil, mas empenhou-se na dissimulação.
Respirou, olhou para o dinheiro que somente ele sabia que estava ali e teve finalmente uma ideia. Pegou a pasta que ainda estava ao chão, alinhou-se e deu uns passos à frente. Olhou para trás. Ergueu os ombros e seguiu um pouco mais à frente. Pensou em chamar um guincho.
__ Estupidez, o que o cara iria pensar?  E ainda iria querer a metade do dinheiro, mais a conta do serviço de guincho, se me sobrar uns cem contos seria muito.
Inconformado, fez meia volta e retornou. Olhava para os lados, para frente e para trás. Ninguém se dava conta de nada, poderia ficar tranquilo. Coisas assim passavam por sua cabeça - somente ele sabia do dinheiro. Podia, então, acalmar-se, esperar pacientemente o dono do carro que não tardaria, o carro sairia dali e o dinheiro num passe de mágica iria para as suas mãos.
Em pé e cansado, sentou-se sobre o capô do agora percebido luxuoso carro preto, descansando assim as juntas das pernas e as costas que lhe doíam muito. Passou-se como dono do carro a espera de alguém. Olhava o relógio de tempo em tempo atuando como um ator assistido por milhares de pessoas em uma platéia enfervecida.
Olhava para a roda e via seu achado bem guardado, aliás bem guardado mesmo, uma sobre a outra, todas as notas debaixo do filha da puta de pneu.
Deu-se conta que duas horas tinham se passado. Quase oito da noite e ainda encontrava-se na mesma situação.
__ Bem que o corno, filho da puta, dono desta merda poderia vir  e tirar esta porra daqui. A educação fora para o saco. 
Mais uma hora se passou. Andava sempre próximo ao veículo, não se atrevia afastar-se mais que dez metros dali e sempre de olho no dinheiro. Tinha receio de se distrair, o carro partir e um  arrombado pegar a sua grana.
Quase dez e meia da noite e o frio cada vez mais intenso. Onze horas, meia noite. Uma da manhã. Com fome, vontade de ir ao banheiro, lembrava da demissão sumária - agora um desempregado fodido, cheio de dívidas, enrolado até o pescoço. Perguntava-se como uma pessoa de pouco mais de quarenta anos poderia arrumar outro emprego. Mesmo desconsolado não arredava os pés dali. 
Ouviu do nada um som, pareceu-lhe um líquido escorrendo. Um cachorro com a pata direita erguida urinava no pneu que prendia o dinheiro. 
__ Sai daqui filho da puta!  Deu um pontapé no cão sarnento que com um uivo alucinado correu com a bunda dolorida pela calçada afora, agora com menos transeuntes.
Os carros seguiam livremente nessa hora, o trânsito fluía com maior tranquilidade.
Algumas prostitutas faziam ponto exatamente naquele quarteirão. De quando em quando uma ou outra se aproximava dele oferecendo seus préstimos, anunciando o menu, item a item com os preços de cada prato.
__ Estou de serviço. Sai fora.
__ Vai tomá no cú, seu viado - era a resposta que mais ouvia.
Lá pelas tantas deu-se conta que estava em frente a um hotel. Um hotel pequeno de paredes amareladas e reboco fofo, de no máximo meia estrela, daqueles de curta permanência, onde o H da palavra Hotel no luminoso de neon de letras vermelhas mais parecia um M. Tática para iludir um consumidor incauto ou com pouco dinheiro no bolso.
__ Um puteiro e dos ramperos. Decretou.
Logo em seguida viu sair pela porta de vidro do hotel uma vistosa morena que, de salto alto muito brilhante, parecia ainda mais atraente - a dama da noite.  Trajava, se é que podemos chamar assim, uma curtíssima saia vermelha, justa ao corpo que realçava-lhe os glúteos e as coxas grossas delineadas e cobria-lhe os seios volumosos, parte destes vistos pelo decote caridoso, uma blusa branca de rendas delicadas que ainda deixava à vista ao freguês o umbigo e a cintura de Miss. 
Aparentava mulher de uns trinta e poucos anos, bem cuidada na produção a ponto de iludir o cliente que buscava uma adolescente.
O bonachão não fixou o olhar num único ponto do que compreendeu ser um monumento à sensualidade. Admirou, num espanto repentino, a formosura da obra como um todo. Ficou encantado.
Ao lado dela, bem colado ao seu corpo, um senhor bem apessoado aparentando um novo rico.  Ostentava pulseiras e correntes em ouro que tilintavam como música de bordel. Abraçava-lhe a cintura com intimidade guiando seus passos nos degraus que se entre punham à calçada. Ambos gargalhavam às alturas e no rítmo da música dourada dos colares e pulseiras.
Caminharam em sua direção. Na verdade, seguiam em direção ao carro preto onde ele apoiava a enorme bunda cansada.
__ Porra, finalmente! Deve ser o dono do carro, concluiu.
Sorrateiramente saiu de lado dando passagem ao casal aguardando a saída do veículo que por horas retardou o saque do tesouro escondido.
Qual fora sua surpresa quando o fino cavalheiro sorriu para ele e do bolso tirou algumas notas de vinte reais -   quatro delas e lhe ofereceu agradecendo a guarda do veículo. Instintivamente ele pegou os trocados e retribuiu com um sorriso sem graça.
Em seguida dirigiu seu olhar para os da divina morena. De sobressalto deu dois pulos para trás - Não é possível!  Ela se quer notou sua presença, parecia um pouco atordoada, talvez com umas doses de bebidas a mais, seguiu aos tropeços à porta do passageiro entrando e sentado-se ao banco do passageiro.
Enquanto isso o galante senhor do nada reparou as notas sob o pneu de seu carro. Entrou e sentou-se  rapidamente ao banco deste, virou a chave, engatou a primeira marcha e rodou uns trinta centímetros à frente, o suficiente para liberar as notas presas sob a roda.
Saiu do carro e pegou o volume entre a sujeira e urina de cachorro. Deu uma sonora gargalhada e num gesto nobre ofereceu todo o achado ao simpático guardador. 
__ Tome, fique como pagamento, você merece.
Voltou ao carro e nele arrancou em velocidade levando a formosa companhia para outros cantos. Ouviu-se um CD que tocava uma música que começava com algo assim:
Garçon, nesta mesa de um bar...
Embasbacado, atônito, o homem alto de pernas longas e arqueadas, de corpo em circunferência desproporcional, segurando os quinhentos e oitenta reais em uma das mãos e a outra apoiada à cintura, viu sua esposa, mãe dos gêmeos queridos, a mulher de quem recebera eternas juras de amor e fidelidade,  escafeder-se com seu cafetão num luxuoso carro preto.
Deu-se conta que a enfermeira na verdade, era uma puta.
Dali em diante, nunca mais trabalhou. Foram felizes para sempre, ela como enfermeira no hospício municipal e ele, eleito a vereador, reconhecidamente numa carreira promissora. 

Sempre juntos.

24/11/2011

Seguir o coração sem razão.


Tudo é muito frio. Vamos relaxar mais.

“Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões.
Porque quase tudo - expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar - caem diante da morte, deixando apenas o que é importante. 
Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração”.

Essa ideia não é minha. Li uns dois meses atrás e resolvi publicar aqui no Blog.

O breve da frase, não se assustem os que me consideram e nem comemorem os que não, no meu caso digo em relação a não ter data e nem período determinado. Não sei quando isso acontecerá comigo, mas que a coisa é certa, é sim. 
Eu você e tudo que é vivo. Mórmido, não? Sem estar muito doente não se sabe ao certo quando será a nossa vez.

O sujeito que pronunciou a frase de fato morreu pouco tempo depois, muito doente, sua morte era anunciada.

O que me chamou a atenção foi a lucidez dele diante do inevitável - "Lembrar da morte (fatal) é a ferramenta mais importante para me ajudar a tomar grandes decisões" "lembrar que você vai morrer é a melhor maneira para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder"

E se vivêssemos, não lembrando dela o tempo todo, mas dando conta de que estamos em passagem, rápida em relação ao infinito, e assim dirigirmos melhor nossas decisões?

"não há razão para não seguir seu coração"

Somos demais apegados nas coisas que vamos deixar por aqui. Poderíamos equilibrar um pouco mais esse peso, são importantes sim, não as deixamos de lado, mas até a primeira página. Os medos bobos sim, de lado e em frente quebrando mais as regras.
Seguir a intuição. Acho que é a mensagem.

Sempre juntos, sempre.



22/11/2011

A casa e a caverna

Em casa a gente se sente bem, não é?  Eu pelo menos me sinto em casa na minha casa. Não poderia ser diferente.
Acho que é meio que correr pro colo da mãe quando criança nos momentos de aflição. Alguma coisa assim.

Depois de um dia duro seja lá o que fizemos nele a sensação de voltar para seu canto é um alento. É relaxante.
No carro, no ônibus, no metrô, na bicicleta ou mesmo a pé, quando voltamos para casa a sensação de conforto invade a alma e a gente nem se dá conta da importância deste momento no dia.

Quem teve a oportunidade de ficar fora de casa durante muito tempo, um mês pelo menos, em viagem a trabalho ou mesmo em descanso, de férias, sente a mesma coisa quando retorna ao quarto do hotel. A casa temporária o recebe bem.

Que coisa é essa que sentimos e não sabemos de onde vem? O fato é que queremos sempre retornar. Podem argumentar: 

__ Claro, meu caro! É na sua casa que você toma o seu banho, se alimenta, se acomoda para o sono, conversar com os seus.

Mas não é só isso. Penso que é muito mais. 

Voltar pra casa hoje é equivalente a voltar para as cavernas como faziam os primatas. 
A gente traz no DNA alguma informação nessa direção. Refugiar-se no seu canto, sentir o local seguro, livre de ataques dos animais ou de outras bestas, sentir-se livre e planejar a caça do dia seguinte.
Nas cavernas surgiram os primeiros sonhadores, eles manifestavam-se riscando as paredes.

Em grupos os primatas com medo do escuro, da lua e das estrelas, amontovam-se rodeando a fogueira que os aquecia dentro das cavernas. 
Nelas eles dividiam amistosamente a carne do mamute abatido no dia, obedecendo a intuição que vinha de um plano de caça sonhado na noite anterior. Ali descobriram o fogo, o reservatório de água, a pedra entalhada que servia de faca e posteriormente serviram de armas.


E nas cavernas procriaram, às pencas em primatas fornicações.

Portanto, meu caro amigo ou amiga que me dá a honra de sua atenção, toda vez que estiver retornando para casa, fique atento. Ao chegar pare em frente a ela, observe-a, faz tempo que você não faz isso, não é? Acomode-se na calçada, só um pouco. Olhe para ela e lhe dê atenção por alguns segundos. Você vai descobrir coisas novas. 
Em seguida entre e contemple as pessoas que nela estão. Os familiares - esposa, marido, filhos e filhas, pais, mães, tios, tias, avós, amigos e seu animal de estimação. É muito gostoso encontra-los. Eles também vieram de caçadas e pode ter certeza, não foram nada fáceis.

Se você mora sozinho, ou está sozinho, encontre uma forma de materializar essa sensação, use a criatividade. Todos temos.

Sempre juntos, sempre.














19/11/2011

Aos bisbilhoteiros, um abraço!


Ô semaninha brava! Mesmo com um feriado no meio dela, os dias pareceram intermináveis. Longos, corridos e nervosos. Semana truncada e sobrou até trabalho para eu fazer em casa no sábado e domingo. 
Minha querida esposa reclama disso sempre que me pega trabalhando por aqui, diz que perde minha atenção, que eu deveria relaxar para retomar na segunda com mais gás. Mas compreende que é questão de sobrevivência e pior, sabe do meu defeito de fabricação - que não suporto me render quando desafiado. Isso na verdade me dá uma espécie de prazer, instigado vou até o final das consequências. Sem querer me parecer arrogante, raramente perco.

Janelas - Machu Pitchu (Wikipedia)
Até aí, tudo bem. Meio que estou acostumado com isso, afinal, a vida toda foi assim e lá no fundo até que gosto da correria e dos desafios. O cérebro não pára, as ideias vem aos montes e a energia corre pelo corpo em alta velocidade. Gosto ou me acostumei. Trabalho e trabalho muito. Vejo meus colegas fazendo a mesma coisa. A maioria pelo menos, não todos. Uns mais outros menos. Alguns, nada, absolutamente nada, diante de sua pequenez, só enrolam e bisbilhotam tentando tirar partido. Articulam numa paranóia obsessiva escondendo a mediocridade latente.
Algumas espécimes, não raras, estão ao mundo com este propósito. Na sua intimidade sofrem com seus rancors intermináveis. 
Outros, menos raros, são só medíocres, embarcam na fila e não se dão conta da infelicidade. São só infelizes.
Contudo não devemos desejar o mal para elas. Se não o bem pelo menos, não o mal. Não vale o caldo ou a perda de tempo. Aliás, num muro bem erguido, nem todas as pedras são bem assentadas.
Dando conta agora que o dia clareou e me pego na felicidade - que bom estar vivo e sentir o cheiro da manhã, a vida continua e nela continuo!
Bom dia, vou trabalhar.

Estejamos juntos, sempre.

16/11/2011

14/11/2011

Escrever é provocar.


Pois é, cada um tem uma mania. Eu, por exemplo, quando me deparo com alguma situação não muito comum costumo lembrar de coisas que até então mantinham-se esquecidas. Um simples abrir de uma garrafa de Coca Cola com o som da tampinha se desprendendo com o gás me leva a algum momento da vida. Bobagem, não é? Mas eu sou assim e acho que estou ficando velho - um saudosista de carteirinha.
Uma música, um aroma ou uma frase já são suficientes para eu me remeter ao passado. Isso vem acontecendo com certa frequência. Acho que por essa razão me chamam de desligado. Estou ficando fora do tempo.

Ontem, arrumando as coisas do quartinho que fica nos fundos do quintal encontrei uma velha parceira. Uma boa amiga que há muito não via - minha Máquina de Escrever - uma Olivetti - Lettera 22
Quando a comprei, acho que em 1982, nem sonhava que um dia poderia escrever utilizando um computador - na época computadores eram coisas gigantes que somente os bancos tinham. Tudo se fazia no toque objetivo dos dedos sobre um teclado com os marcadores de letras dispostas em harmonia num painel aparentemente robusto e cada uma das teclas em acabamento de matéria plástica reluzentes. Se nervoso, a letra teclada, num impulso mecânico se estampava com mais profundidade no papel e, se impressa erradamente, nada de deletes - corrigia-se com um lápis borracha, com muita habilidade para não ofender o papel branco ou, então, passava-se bem suavemente o branquinho - líquido à base de látex que com um pincel pequeno cobríamos a palavra ou as letras indesejadas.
Quando a pressa não permitia restaurações usávamos o tatatata, uma sequência de X sobre o que erradamente escrevíamos. Isso um computador até hoje não faz, letra sobre letra.
lápis borracha e o branquinho faziam parte dos tempos mais recentes, máquinas elétricas ou eletrônicas - pré lap tops. Um pouco antes disso usávamos uma borracha azul que moldávamos cortando em pontas agudas para que ela se encaixasse entre letras batidas. Isso quando o documento permitia leves rasuras.

Olhei pra minha antiga máquina com simpatia e uma ponta de melancolia. 


Quanto tempo, heim! O que faz aqui escondida?

Por alguns minutos fiquei olhando para ela com carinho, segurando-a nas mãos, acariciando o seu rosto, sentindo o seu cheiro que me provocavam lembranças. Tudo parecia estar acontecendo naquele momento.


Quantas coisas fizemos juntos, garota, lembra-se? Quantas ideias você me proporcionou, minha amiga. Bons bocados passamos lado a lado, você e eu. Sempre disponível pra mim e eu pra você. Me permitindo o toque pelos meus dedos que obedeciam o comando frenético e alucinado da minha imaginação fugaz. Suave e romântico às vezes, malicioso e caloroso em outras. Quando você parecia exausta, se irritava e prendia-se toda, travando-se com os seus tipos. E eu, com jeitinho e muita paciência te recompunha com carinho, fazendo com que você aos poucos voltasse para mim, aos cantos, deliciando-se com os meus toques. Você continua bonita e atraente, garota. Gosto ainda de você.


Nesse curto espaço de tempo me lembrei de muitas coisas que estavam guardadas lá no fundo da memória, praticamente esquecidas.
O papel carbono, o vidro de cola com goma arábica, o cacoete na tecla de maiúsculo, batendo em quanto aguardava impaciente a palavra adequada para a frase que escrevia. Lembrei da chave que revertia a cor preta para a impressão em vermelho; a outra chave de regulava a pressão do rolo e o alinhamento que se fazia para o texto ficar equilibrado com o papel. Lembrei rapidamente de tudo que fazia parte daquela época.
De 1982 num salto fui parar em 1968. Escola de datilografia no Instituto Saldanha Marinho na Avenida Celso Garcia quase esquina com a Rua Belém. Naquela época diplomavam-se os que concluíam o eficiente curso que durava cerca de três ou quatro meses. Com o diploma de datilógrafo em mãos a chance de se conseguir um bom emprego, num escritório por exemplo, era maior.E se tivesse o curso de contabilidade, então, ninguém segurava, o futuro vinha certo.
O meu primeiro salário com carteira assinada foi de CR$ 64,80 - sessenta e quatro cruzeiros e oitenta centavos - salário mínimo de menor registrado como auxiliar de escritório e serviços externos numa fábrica de copos, pratos e jarras de vidro, bem perto de casa e onde meu bisavô também trabalhou quando chegou da Itália.  
Passei no teste mesmo sem saber datilografar direito, acho que era bom de papo, ganhei a simpatia das pessoas do Departamento Pessoal, porque falava como gente grande, embora fosse um pirralho metido a besta e ainda sendo muito tímido. Precisava daquele emprego e consegui, no grito.


Quanta gente veio à cabeça enquanto relembrava. Pareciam fantasmas que se apresentavam um a um diante de mim - dona Zuleica, a gorda mal encarada da Tesouraria, seu Cláudio da Contabilidade, um homem grande que falava alto provocando medo nas pessoas; uma crente de cabelos lisos e muito compridos e com os olhos amendoados, ligeiramente tristes. Judith era o seu nome e trabalhava no Arquivo, uma sala grande com prateleiras de madeira pintadas de marron escuro, carregadas de pastas, documentos e fichas. Um ambiente pouco iluminado e com jeito de mal assombrado - ela falava muito baixinho, quase nem se ouvia. A gostosa de seios enormes e coxas grossas, chamada Meire, secretária do diretor financeiro que atendia pelo nome de doutor Osvaldo Haddad. Ela brincava comigo e eu acreditava tratar-se de nítidas insinuações libidinosas. Dizia que eu era um bom menino, bonito, mas  um pouco atrevido para a minha idade, talvez porque vira e mexe ela me pegava com cara de tonto observando suas curvas delineadas, escondidas nos vestidos estampados, justos e ligeiramente curtos que usava - motivo pelo qual dominavam a imaginação do adolescente sonhador durante os banhos prolongados que invariavelmente eram interrompidos pelos berros ameaçadores de sua sempre atenta, mãe - Termina logo com esse banho, moleque sem vergonha, pára de gastar água a toa, se não entro ai e te arrebento!!!













Meu chefe chamava-se seu João Forcinitte, um sujeito legal e não tinha pinta de chefe e nem gozava do respeito dos seus subordinados. Me lembro que era meio desleixado,  desarrumado e por isso vítima preferida de piadas que eu mal compreendia. Era diferente dos outros chefes que na maioria se faziam passar por homens sérios e bem sucedidos, principalmente o Dr Osvaldo da secretária Meire, a gostosa.


No enorme escritório, muitas máquinas de escrever, nem sei quantas, mais de quinhentas eu acho. Nas mesas enfileiradas os funcionários se alinhavam diante de seus instrumentos de trabalho e como músicos obedecendo a batuta de um maestro, após o toque do apito que por todo o bairro se ouvia, num sincronismo absoluto, iniciavam suas tarefas. A orquestra nada sinfônica era mais ruidosa que os fornos acesos da fábrica cozinhando os copos de vidro nos enormes galpões que tomavam todo o quarteirão. 
Eu admirava aquilo tudo e me sentia feliz por ser um datilógrafo - quase diplomado, de uma grande empresa de vidros e cristais.
Minha paciência durou um pouco mais de um ano, mandei todo mundo à merda quando me dei conta que não queria fazer nada sob o comando de uma sirene idiota.


Daquele tempo guardei o gosto pela máquina de escrever e sempre quis fazer dela um melhor uso. Escrevi com tantas outras máquinas até comprar a minha própria, minha Lettera-22. Nem todo mundo tinha uma, eu tive, pagando muitas prestações no Mappin.


Depois de anos, insensível me rendi. A substituí pela agilidade de um computador. Depois por outro e mais outros, ano a ano. E agora com este mega moderno equipamento digital, cheio de memórias e recursos, escrevo para lembrar das boas e velhas amigas, Remington, Olivetti e Royal.
Aos seus toques vivi como quem amava os Beatles e os Rolling Stones. Do Calhambeque do Roberto Carlos, do É proibido proibir, dos rebeldes e liberalistas estudantes franceses, dos hippies enfumaçados e da arrogância dos militares golpistas do Brasil.
Para mim elas representam uma época, representam momentos definitivos da minha vida, deram sentido à minha história. De cada uma guardo doces recordações.
A última deixou mais saudade. Quando a reencontrei ontem fiquei emocionado, agradecido, mas não me atrevi ir além disso. Preferi devolve-la rapidamente ao armário e ficar com a nova amiga, mais ágil e que não precisa de branquinhos. A antiga voltou para a história. 
Desculpe, Lettera, sinal dos tempos. Você se mantém convicta na sua essência e eu respeito, mas preciso ir seguindo, adaptando-me aos tempos. Bola pra frente que atrás vem gente, colega. Estamos em 2011 e quase em 2012.










Escrever é provocar.
Li isso em algum lugar e datilografei aqui.

12/11/2011

Borocochô


Obra de Benedito Calixto - Proclamação da República
Nada como despertar de bem com a vida. Respirar, dar conta de que está vivo, bem vivo. Mesmo num dia não tão colorido como o de hoje. Quando a gente se sente bem parece que tudo está certo, tudo caminha na mais perfeita harmonia. A vida é bela.




Não é bem o meu caso, hoje.
Na verdade não ando lá essas coisas, meio borocochô, (acho que é assim que se escreve), sem graça e com muita preguiça. Não gosto de ficar reclamando e nem ficar escrevendo sobre o meu humor, afinal, ninguém tem nada com isso e nem merece ficar ouvindo ou lendo lamúrias pela Internet. Cada um com seus problemas, como dizem.
Mas o fato é que me percebo descontente. Nada de grave está acontecendo comigo, acalmo os meus próximos - família, amigos, emprego, saúde perfeita, contas em dia, tudo como manda o manual da sobrevivência. 
Acho mesmo que estou cansado, meio de saco cheio esperando alguma coisa diferente acontecer, enjoado da rotina.
Incrível como se ouve durante o dia esta frase - tô de saco cheio! e geralmente vem seguida de um palavrão. Preste atenção, quando não dizem, compreendemos ela estampada nos rostos das pessoas. Anda todo mundo nervoso, muito nervoso.
A rotina oferece ao cidadão que paga suas contas e impostos corretamente, a sensação de segurança, de bem estar e de inclusão. Mesmo sabendo que boa parte desses impostos, quase tudo na verdade, cai nas mãos de pessoas não honestas, o ser igual ou melhor é cada vez mais valorizado. A cada dia intensificamos essa valorização nos deixando cada vez mais dependentes da rotina.
Vivemos como numa espécie de fábrica com linha de produção bem definida onde somos o produto manufaturado.
No entanto, reconhecemos, deixando as lamúrias de lado,  que muita coisa boa pode-se tirar dessa fábrica. Cada um encontra nela algo interessante para si. Difícil dizer aqui quais, pois cada um sabe da sua lista. Ela é enorme - de A a Z, pense e com esforço faça a sua, parece difícil mas não é.

Feriado prolongado é uma das coisas que colocaria na minha lista. Viajando  pra qualquer lugar, longe ou perto ou mesmo ficando em São Paulo para curtir a cidade vazia, realmente é uma delícia.
Raramente lembramos da comemoração do feriado, olhamos mesmo se ele não cai de quarta, pois ai somente ficamos com o dia do feriado que já é bom. 
O que mais gosto são os que caem nas terças feiras. Ah! esses são ótimos, o final de semana é longo, o domingo lembra sexta feira a noite e o sábado parece uma sexta de feriado, são quatro dias diferentes, seguidos, muito bom.
Pra quem viaja, principalmente o retorno fica um pouco complicado com as estradas e aeroportos congestionados, mas o prazer de ter curtido uns dias fora quebrando a rotina, compensa o desconforto.
Alguns até dividem seus feriadões, retornam antes para também curtirem a cidade vazia. Tudo vale para quebrar a maledeta.
Bom, mas o que eu queria dizer na verdade hoje no Blog é que, embora me sinta meio borocochô e sabendo que muitos possam estar assim, desejo e espero de verdade que tenhamos um bom feriadão que se inicia neste sabadão. Ficarei em São Paulo trabalhando um pouco e descansado muito.
Viva Marechal Deodoro da Fonseca! que num golpe militar derrubou o Imperador de Dom Pedro II proclamando a República no Brasil, fazendo assim com que 122 anos depois ganhássemos um feriadão maravilhoso, cujo 15 de novembro fez cair numa esplendorosa, terça feira, que pra mim é o dia da semana mais borocochô.


O Marechal sentou o pau e quebrou a rotina.

05/11/2011

Despertando



Minha neta Catarina Paris escreveu e eu adorei. 


Que impulso é esse que leva a gente à construção de mega pontes, naves espaciais, a plantar feijão e o trigo, a cantar, matar, roubar, pintar um quadro, fazer uma música, esculpir ou a escrever? Esse é o espírito humano. Nossa natureza.


Resolvi publicar.


QUE BELEZA... 
             É A NATUREZA.


QUE ALEGRIA...
             É UMA FOLIA.


QUE AMOR...
             É O SABOR.


QUE LEGAL...
             UM DIA ESPECIAL.


QUE CORAÇÃO...
             É MUITA EMOÇÃO.


QUE NATURAL...
             UM DIA BEM LEGAL.


                                Cacá Paris


03/11/2011

Indignado












Fiquei tão indignado com o que li que resolvi reproduzir aqui a matéria do UOL Notícias. Mais para registrar, refletir e desabafar.

Como alguém pode ser tão cruel? Não se faz isso com seres humanos, por mais perversos e medíocres como este cidadão de Piracicaba, nem com os animais que convivem com a gente e esperam de nós somente o bom exemplo.
Assim como os anjos nos guiam e protegem, os humanos devem a mesma atenção aos animais.
A natureza pode tolerar o instinto da sobrevivência, o abate para a alimentação, por exemplo. Os maus tratos é pura afronta à vida, afronta à Deus.
Questionam ainda a existência do mal, o que representa o que é de pior, o próprio demônio.
Um verdadeiro filho da puta, esse tal de Cláudio César Messias. (ironia, um Messias).




























"O cachorro é meu, faço o que quero com ele", disse homem que arrastou cão por ruas de Piracicaba (SP)

Maurício SimionatoEspecial para o UOL NotíciasEm Campinas (SP)

Um cachorro da raça rottweiler foi amarrado com uma corda pelo próprio dono a um carro e arrastado por vários quarteirões na tarde de ontem (2), em Piracicaba (160 km de São Paulo). Testemunhas disseram que o motorista da picape Ford Courier disse, após deixar o veículo: “O cachorro é meu, faço o quero com ele”.O animal passou por cirurgia e corre risco de ter uma das pernas amputada. Ele perdeu a parte de baixo das patas, chamadas coxin, e teve escoriações na barriga. A parte óssea das patas ficou exposta em alguns pontos. Ontem, moradores da cidade realizaram uma manifestação contra o crime, que revoltou a cidade.Na tarde desta quinta-feira a polícia localizou o dono do cão, o mecânico Cláudio César Messias. Ele alegou em seu depoimento no 2º DP de Piracicaba que passeava com o cachorro e este teria pulado da carroceria da picape. Ele declarou que o cão pode ter sido arrastado por pelo menos um quilômetro.O dono do animal alegou ainda que só percebeu que estava arrastando o cachorro depois que um motoqueiro o parou e o avisou. Ele disse que fugiu do local e deixou o bicho porque achou que ele tivesse morrido, segundo a Polícia Civil. O presidente da SPPA (Sociedade Piracicabana Protetora dos Animais), Luiz Américo Chittolina, disse ao UOL Notícias que entrará com uma representação nesta sexta-feira (4) no Ministério Público cobrando que Messias seja punido com multas e prisão por maus tratos aos animais.O boletim de ocorrência foi registrado no plantão policial como prática de abuso contra animais, crime previsto no artigo 32 da Lei de Defesa ao Meio ambiente.“Eu cheguei ao local logo que recebi informações. As testemunhas relataram que o motorista estava visivelmente alcoolizado e que disse que não queria mais saber do animal. Infelizmente não foi feito teste de bafômetro”, afirmou Chittolina.No boletim de ocorrência consta que duas testemunhas gritaram para alertar o motorista, que então parou o carro no meio da rua. “Foi um absurdo o que aconteceu. Uma barbárie. O responsável tem de ser punido exemplarmente”, disse ele. “Vamos também cobrar que ele pague pelo tratamento do animal.”Chittolina disse que o animal passa bem, apesar dos diversos ferimentos. “Ninguém sabe ao certo por quantos metros ou quilômetros o cachorro foi arrastado, mas o fato é que ele estava bastante ferido”, afirmou.O presidente da SPPA estimou, pela dentição do animal, que ele tenha por volta de três anos de idade. Nesta tarde, o cachorro estava em uma clínica particular.