22/02/2015

Urgente, Cidade Atenta

Imagem - Google 
OS ZUMBIS EXISTEM
Não gosto dos programas policiais da TV. Eles me deixam ansioso e deprimido. 
As reportagens apresentadas neles escancaram o aspecto mais negativo da natureza humana, uma coisa feia de se ver em alta definição: o ódio na plenitude e os limites da maldade. 
Esses extremos parecem ter se desenvolvido somente nos humanos. Acredito que outras espécies não tenham a mesma deficiência. Não matam e nem judiam do próximo por mera satisfação. 
Enfim, evito assisti-los e até os considero pouco ou nada jornalísticos, pra mim são shows de reportagens dramáticas, uma espécie de Reality`s tão em moda hoje em dia. 
Mas, confesso que às vezes relaxo a guarda e me pego grudado em um deles. Coisa de doido ou da traição do inconsciente de um profissional de TV. 
Um dia desses assisti a um deles que apresentou uma reportagem mostrando a barbarie na condição mais absoluta possível.  Quinze homens, alguns casados, inclusive, onze adultos e quatro adolescentes, que estupraram uma menina de 13 anos. Uma criança que esteve por horas nas mãos sádicas de quinze homens ávidos por sexo, num terreno baldio nos fundos de uma escola estadual. 
Disse o vizinho resignado na reportagem: Graças a Deus ela sobreviveu!  
Como assim, Zebedeu? Acho que nem Deus saberia dizer como ela e a família sobreviverão com as lembranças da violência pelo resto de suas vidas. Um calvário dos mais injustos, pensei. 
A legenda na tela da TV destacava a matéria com letras vermelhas, num fundo azul e branco:  Estupro coletivo em Escola Estadual. 
Em relação ao programa que há tempos não via, ele continua o mesmo: completamente fiel à fórmula, regado de opiniões do apresentador e muito repetitivo. 
E em relação aos estupradores, indignado, me perguntei a razão da tamanha brutalidade. 
Hoje ainda procuro palavras para classificar as quinze "deformações", talvez elas estariam mais próximas dos zumbis do que propriamente dos humanos. 
Pai, perdoem, eles não sabem o que fazem? 
Me veio a frase lá dos tempos do catecismo. A memória, quando provocada, trás à tona referências da nossa formação. 
Como deixei de crer no além e para mim as religiões se tornaram um mal do qual a humanidade um dia se libertará, sem pretender ofender crente algum, me sinto agora livre para considerar a possibilidade de extermínio de todo e qualquer tipo de aberração que tente se passar por gente. Por injeções letais, de forma sumaria e rápida. 
Esses quinze elementos químicos de íons negativos, por exemplo, depois de capturados e rigorosamente constatados autores do crime, seriam de pronto encaminhados para Câmaras Letais, sem qualquer intervenção jurídica ou apelações de entidades de direitos humanos, até porque, dentro desse novo contexto, não os consideraríamos humanos. Portanto, sem qualquer direito. Da mesma forma como fazemos com os ratos e as baratas.
Em nome do que ou de quem não fazemos tal coisa? 
A resposta me vem na velocidade da luz, também por influência da formação católica: do negócio. 
Essa solução seria considerada demasiadamente reacionária, coisa de coxinha, da classe média, da elite branca que está mais preocupada com a gordura localizada e com o tamanho dos seios da vizinha do que qualquer outra coisa. Pensamento de quem diz: mata logo e pronto.  
Além de ser uma proposta encharcada de ódio, possivelmente do mesmo ódio dos estupradores e sem a consideração da fé que impõe que somos todos irmãos perante a Deus. 
E ainda complementaria o meu inquiridor com dedo em riste:
Não se constrói uma sociedade através da violência, pois violência gera violência. E todos, temos o mesmo direito, o direito a um julgamento “justo" baseado nos termos da lei. 
Fica para mim a questão: quem são todos? 
Seriam mesmo humanos as quinze aberrações que vi na reportagem?  
Hum… sei! Então é pra ser hipócrita? 
A hóstia regenera a alma, limpa meus pecados, mas me põe de joelhos diante de um Deus? 
A gente sabe que coisas jurídicas não funcionam bem, ainda mais no terceiro mundo. Quem garante que os quinze anômalos não estarão circulando pelas ruas em poucos anos, livres pra qualquer coisa e por entre nós? E ainda nas bases da lei. Os quatro adolescentes não ficarão detidos por mais que um ou dois anos, isso já temos certeza. 
Não sei onde vamos parar e nem com quem buscar as respostas. Me sinto sozinho nessas horas, ansioso. Só sei que vou me esforçar para não assistir tais programas policiais. Eles me fazem muito mal.  
Mãe, as aberrações têm cura? O Pai disse que sim! 
Oremos, então, meu filho!
Deus, dá uma força aí.
A coisa tá pegando por aqui.
Ninguém entende mais nada. 
Sabe os da espécie inteligente?
Aqueles que você criou no Éden 
e ainda cantou de galo? Lembra? 
Pois é, bingo! 
Tá dando tilt no sistema. 
Tá quase fora do AR.
Dá um jeito na bagaça, pelo amor de Você.
Amém pra todo mundo!



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