18/10/2014

O Ateu, o Caraio e os Políticos

“Políticos e fraldas devem ser mudados frequentemente pelas mesmas razões”

Frase atribuída a Eça de Queiroz, segundo postagens do Facebook, sala onde, invariavelmente, lemos coisas das mais mentirosas. Esta guardei pois senti verdades verdadeiras e gostei da ideia.

Imagem - Google
Tempos atrás achava que meu problema eram as baratas. Odeio esse inseto que pra mim representa um resquício de crença na existência do tinhoso e, portanto, uma ponta de fé no seu contra-ponto.

Me tornei um ateu de uns anos para cá, porém, ainda recente de convicção, me pego às vezes usando expressões do tipo, Minha Nossa! Meu Deus! Pai Amado! Mãe do Céu! Além do famoso, Caraio é claro. 

Ah e dentro de aviões reavalio a possibilidade de pensar melhor a despeito do mistério-da-fé

No entanto, quando o medo passa vem a certeza que após a morte a vida se encerra por completo. Nada de espíritos, nada de almas e nem energias para nos assombrar.

Bem, retomo o assunto. 

Além das baratas descobri que tenho um profundo asco de políticos. Peguei um nojo tão grande dessa categoria que sinceramente questiono se eles são gente de verdade ou só se assemelham a nós para nos confundir. 

Será que são um tipo específico de vida, um entre tantos neste pequeno planeta escondido na imensidão do espaço? Há de se pensar.

Políticos fazem cada uma que fico arrepiado só de lembrar. 

Uma característica da espécie é a semelhança dos seus membros entre si próprios. Eles são extremamente parecidos no conteúdo. Uns mais afoitos, outro menos, mas todos em comum têm falta de escrúpulos e isso os fazem ser iguais.

Os humanos são assim também? Me pergunto.

Não, os humanos são diferentes no conteúdo. Eles se dividem entre pessoas boas, pessoas mais ou menos boas, pessoas mais ou menos más e também as que são totalmente más. 

Esta última seção de humanos está mais próxima da espécie a qual desenvolvi a fobia.

Assistindo esta semana ao debate dos candidatos à Presidência da República, fiquei atento aos seus olhares durante a apresentação do programa, observando minuciosamente as reações de cada um deles diante da tensão que crescia à cada minuto.

Busquei detalhes nos reflexos, nas respirações, nas pontas dedos, nas mãos, nas sobrancelhas, nos sobressaltos.
Esses pormenores revelam o nível de ansiedade de cada um e por mais que buscamos esconder as mentiras, elas acabam se mostrando de alguma forma.

Tentei notar diferenças entre ambos mas não consegui. Mentiram, agrediram, iludiram e para mim ficou clara a semelhança entre os dois postulantes, até nos trejeitos.

Sabe quando você se surpreende com uma barata desafiando a lei da gravidade na parede da sala de sua casa? Enorme, escura, com as antenas mexendo de um lado para outro feito chifres do demônio?

Sabe quando ela pára de correr em diagonal, de uma velocidade espetacular, parecendo que te descobriu ali, estatelado no sofá feito um mísero e patético ser estranho olhando para ela? 

O corpo da tinhosa crescendo, as asas se abrindo deixando a forma mais pavorosa do que é naturalmente. 

Nossos olhos se arregalando, o coração pulsando mais forte, os dedos dos pés se encolhendo. Um calafrio que percorre o corpo da ponta dos pés até o último fio de cabelo. 
Ficamos inertes a espera do ataque que poderá ser mortal.

Meu Deus, e eu ainda nessa de ser ateu? Minha Nossa Senhora dos Insetos e da Invisibilidade, me ajude, por favor!

É assim que me sinto quando vejo ou ouço falar de políticos e de baratas. 

Ao inseto do trubufu batizei de Caraio, preciso agora encontrar um nome para os políticos. Pensei em Buzanfan.

Observo pessoas inteligentes, sensatas, intrigantes, enfim, admiráveis e outras sem tanto talento e ainda outras, nada respeitáveis. Mas todas absorvidas pelas sus fés.

Imbuem-se do mais profundo senso de patriotismo e solidariedade humana. Tornam-se preocupas com o desemprego, com a distribuição de renda, com o Pré-Sal e com caralho a quatro.
Falam da macro corrupção e esquecem das pequenas que praticam no cotidiano diante da malandragem que o brasileiro carrega.

Assim como mães e pais que protegem a prole, como torcedores fanáticos com pedaços de paus nas mãos pra sentar nas cabeças dos adversários. Como crentes que garantem que somente a fé levará o fiel aos céus, da mesma forma os militantes tentam se impor suas ideias monopolizando a verdade. Acho até que acreditam de verdade no que pregam. Mas lamento por eles, estão sendo ludibriados.

Não sinto dó, não sinto raiva, não sinto nada além da perplexidade que invade a minha, o que quando tinha fé chamava de alma. 

Não sei o que pensar diante do que leio, do que ouço e vejo, além de me convencer da capacidade dos políticos em iludir os seres humanos. 

Não vejo nada de novo entre os atuais postulantes ao cargo da Presidência da República. 

O que está por de trás deles é o que me preocupa. Por mais que uns e outros tentem me convencer eu continuo acreditando que político não é gente e que eles se blindam num sistema o qual, seja lá quem estiver no comando, pensa que comanda mas na verdade quem comanda é o próprio sistema.

Sozinhos políticos são passivos de pena, mas em bando são doenças contagiosas. Tipo Ebola, sem cura.

Sabe quando você abre a tampa de um esgoto e se surpreende com a quantidade de baratas que vê, lembrando e bem um exército do mal pronto para o ataque? 

Pois é, é assim que me sinto em relação aos políticos.

Depois do dia 26 a vida voltará ao normal, a tampa fechará o boieiro e seja lá quem for o vencedor do pleito, o pobre ficará com o pobre, o rico com o rico, e a classe média com a classe média. Ah e os políticos com os políticos. Nada de novo mais uma vez.

Preciso tratar dessas minhas fobias, urgente e que Deus nos ajude.


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