30/09/2013

Galinha Pintadinha

Pena a TV Cultura não exibir mais o TV COCORICÓ diário. Parece que agora é somente aos sábados e ainda só até dezembro. 
Devem ter suas razões. 
Em homenagem a esse fato lamentável mando um vídeo bem legalzinho também. 
A Galinha Pintadinha.

Bom outubro pra todo mundo. 

23/09/2013

Chácara dos Cabritos

Mando outro videozinho que postei no you tube. Fomos neste domingo almoçar num lugar super legal em Itaquaquecetuba, uns quarenta minutos da capital pela Ayrton Sena. É a Chácara das Cabritas e Cordeiros. O lugar é bacana, simples e a comida é muito boa. E ainda, nada caro.
O forte deles é o carneiro, mas tem de tudo, de frango a boi e até arroz e feijão.

Mesmo num domingo feião de chove e não molha, mas que molha, deu pra gente relaxar.



Se quiser ver os outros vídeos que postei, vai lá. No You Tube coloque meu nome e quando aparecer o meu canal, click e escolha.

Abraços.

22/09/2013

Preocupações burguesas, dissimuladas.


Nomes de pessoas caem em desuso e se tornam antiquados muito rapidamente. Isso é sabido, não fui eu que inventei essa estória, somente comento por aqui.

No mundo ocidental, principalmente, a validade das coisas é sempre para um período bem curto. Tudo tem que ser contemporâneo. Coisa velha é diferente, serve para ficar na estante como objeto de decoração, sugerindo que o dono tem gosto refinado.

Imaginem um adolescente em 2013, no auge da sua tenra idade com o nome de Arquibaldo, Evilásio, Antenor, Maria Estela, Conceição, Neide, por exemplo.

Difícil imaginar um bebezinho nascendo hoje recebendo dos pais orgulhosos o nome de Esperança.

__ Já sabem se vai ser menino ou menina? Menina?!?... que linda! Já escolheram o nome? 
__ Esperança ou Escolástica, estamos em dúvida.
Se a cena pudesse ser fotografada o espectador sentiria vergonha alheia.
__ Diferente, né?
Pessoalmente acho esses nomes muito bonitos, personalizados e cheios de charme. Adoro nomes assim, mas confesso que se tivesse um filho ou uma filha hoje, jamais colocaria um nome desses. Mesmo que quisesse, acho que não me deixariam. Danilo, Bruno, Guilherme, Sofia e até Helena seriam a bola da vez.

Onde estão os Joãos, Paulos, Josés e Franciscos? Marias, Sônias (com circunflexo) e Glórias? Voltarão, talvez, se a moda permitir.

Salvo, claro, àqueles que pensam de forma diferente. Os que tem um pezinho no universo riponga.

Preconceito? Acho que é. Mas pode ser medo. Sim, medo. Medo de que a criança possa sofrer bullyng na escola, na rua e até mesmo dentro de casa. Isso pelo menos até a maturidade dela, daí pra frente ela se vira. Mas até lá  o pau pode comer.
Pode ser também vergonha dos próprios pais em assumir a intenção de dar nomes singelos.

Conheço alguns Antonios que se rebatizaram de Tonys. Judiths e Joanas que insistem em se apresentar como Ju e assim vai.
Sem contar que a gente mesmo, numa situação dessas, teria algum receio de dizer o nome do próprio filho sabendo que a malhação viria em seguida.

Tenho duas tias com nomes bem personalizados - Assucena e Benvida. Quando nasceram lá pelos anos 40 do século XX meu avô teve essa liberdade e elas nunca sofreram qualquer tipo de gozação.

Parece que o mundo era mais livre antes, não existia com tamanha propriedade o conceito de ocidente e oriente, pelo menos da forma como conhecemos hoje e nem tampouco, do novo e do velho, menos ainda de fundamentalistas e coxinhas.

Cada um estava na sua.

Será que isso é evolução da espécie?

19/09/2013

Os 12 Condenados

Na boa! Alguém tem esperança no Brasil?

Oh! Sim, claro! Que pergunta mais sem sentido.

O Brasil é o país do futuro! No Brasil não tem guerra, não tem terremoto, o povo é pacífico, tem boa educação e bons serviços públicos. Tudo de primeira. 
O Brasil é penta-campeão, tem praias, mulher pra caramba. Tem cerveja gelada e com jeitinho, por aqui, tudo se resolve. 

Além do mais, Deus é brasileiro e vive entre nós curtindo um estado absolutamente democrático. 

Bla… bla… bla…

Dá vontade de vomitar. Mentiras safadas.

O sistema, meu camarada, é mais forte que esse Deus nacionalizado. Esse que foi inventado pelo próprio Sistema para ser como doses homeopáticas de cocaína que depois, mais em conta, virou crack.

Em junho passado até ameacei a acreditar numa revolução. Vi pessoas andando pelas ruas indignadas, berrando palavras de ordem. Pensei que as coisas pudessem mudar na essência, que nada. Fui idiota mais uma vez. Acho que pelo desejo de mudanças verdadeiras me deixei ser envolvido. Nem bem acabou a Copa das Confederações a turma esqueceu e os ratos voltaram à cena.

Não tem jeito.

Esperança mesmo era o nome da minha professora no 4˚ ano do Grupo Escolar Julio Ribeiro, lá na Vila Moraes. Ela sim, foi uma revolucionária. O resto é balela.

Aos doze condenados, meus parabéns! Agora vocês são ex. A Justiça brasileira, pressionada, reviu a decisão anterior. E só em 2014 vocês serão julgados novamente. 
Mas relaxem, tudo indica que serão absolvidos ou, quando muito, penalizados com distribuição de cestas básicas. O partido pagará a conta, não se preocupem.

Deverá acontecer imediatamente após a Copa do Mundo onde a seleção da TV Globo provavelmente será mais uma vez campeã. 

O país estará vivendo um período de muita felicidade e os brasileiros estarão na mesma de sempre - duros, espionados, mas felizes com seu Deus no coração e reelegendo todo mundo.

E viva o sistema! 

18/09/2013

O Conto que eu conto.

Não sei de onde sai tanta bobagem, mas de vez em quando me pego escrevendo compulsivamente, incontrolavelmente, abusivamente, que nem me lembro como e quando comecei. Só me deixo levar nessas horas, escrevo sem me prender a nada e exatamente o que me vem à cabeça. Sem censuras, sem nada.

Gosto de contos e através deles coloco algumas ideias e bem ou mal eles acabam saindo.
Pra quem tiver paciência, confesso que acho que eu mesmo não a teria, segue mais um deles. Ao menos guarde para ler mais tarde. 

O CONTO QUE EU CONTO
por Romeu Paris

O encontro foi marcado na terça-feira para a noite de sexta da mesma semana. E seria por volta das nove e meia. 
O local foi definido para o Restaurante Fuji-Katawa que fica na esquina da Avenida 11 de Agosto com a Rua Joaquim Pinto de Macedo na Penha, zona leste de São Paulo.

Por que lá? Porque foi sob a marquise do prédio que abriga este restaurante onde eles se conheceram três anos antes. 

O local pareceu aos dois uma zona neutra e assim pudessem esclarecer dúvidas de forma natural.

Explico.

Juliano e Fabiana se protegiam da chuva forte num início de noite de uma quarta-feira, logo após saírem do trabalho, quando ele tomava rumo de casa e ela da faculdade. 

Ele um homem de meia idade e ela uma estudante de zootecnia.

Depois de alguns olhares e sorrisos fortuitos se apresentaram e deram início a uma conversa que durou mais de uma hora. Parecia um encontro de velhos amigos tamanha a afinidade que despertou entre os dois. 

Tempos depois reconheceram o intenso magnetismo que os prendeu, desde o primeiro instante quando se viram. Coisa inexplicável para quem busca razão em tudo. Não tente.

Marcaram um encontro com a intenção de esclarecer de corpo e alma lavada, coisas que por telefone ou pelas mensagens diretas no Face não teriam condições de faze-las, para definitivamente dirimir as dúvidas e os mal entendidos que fustigaram mágoas um ao outro quando, num dia de outono, abruptamente, não se falaram mais. Isso depois dos nove meses de um quase namoro, pois de certo, quem os vissem conversando julgaria de pronto tratar-se de namorados em conluio. 

Quase um namoro, como assim? 

Explico novamente. 

Eles na verdade nunca foram namorados e nem se quer cogitavam qualquer coisa desse tipo, pelo menos da forma convencional, um namoro clássico como conhecemos. 
Consideravam-se bons amigos. Se diziam verdadeiros amigos, se protegiam de maior aproximação convencendo-se de que eram amigos de verdade, nada mais. 
Tornaram-se confidentes, cada vez mais um confiava no outro. Jamais trocaram abraços nos encontros diários lá no ponto do ônibus. No máximo se cumprimentavam e se despediam com beijinhos no rosto ou com apertos de mãos dos mais comuns. Escondiam sim, sem dúvida, olhares intensos que ameaçavam seus segredos inconfessáveis. 
De vez em quando, por duas ou três vezes, combinaram almoços, aliás, nesse mesmo restaurante. Afinal, que mal tem? Amigos também almoçam juntos.

Se queriam bem, isso era fato. Gostariam de se ver mais vezes, eles adoravam os encontros do final do dia, não escondiam isso um do outro e esses, aos poucos, deixavam de ser casuais. Contavam os minutos do dia para que a noitinha chegasse e sabiam que teriam pouco tempo, mas também sabiam que seriam plenos. 
Trocavam emails e  mensagens pelo celular ou eventualmente conversavam por telefone, uma ou outra vez, inclusive, nos finais de semana. Esses carregavam palavras de carinho de forma, pode-se dizer, codificada, atrás de cada frase, de cada palavra havia sempre muita ternura. 
Curtiam-se muito e nem compreendiam a razão para tanta curtição. Confundiam-se às vezes no afeto, ficavam constrangidos.
Talvez já escondessem de si mesmos sentimentos que lhes pareciam totalmente inconvenientes. O que o mundo iria dizer? Isso seria loucura!

As circunstâncias, essas eram bem claras a ambos, não deixavam nenhum rastro para qualquer possibilidade de uma aproximação mais íntima, mais profunda, uma daquelas totalmente reveladoras. Nem ele e nem ela se manifestavam por esse caminho, ao menos de forma declarada. Havia um bloqueio nesse sentido e, pior, ambos sabiam e bem o quanto eram comprometidos em suas vidas pessoais - ele casado e ela praticamente noiva.

De forma inesperada se afastaram e tudo indicava que seria para sempre, jamais se veriam novamente. Foi tudo muito rápido e incompreensível. Ficou uma lacuna no ar, um hiato. Uma brecha de tempo que nenhum deles conseguia esquecer.

Embora não tivessem trocado uma única palavra durante o tempo em que estiveram distantes, período que durou pouco mais de dois anos, mantiveram-se conectados no pensamento, somente eles sabiam disso e por um fio tênue, frágil como uma linha de algodão, ligados pela rede social. Não se atreveram depois da separação a bloquear a amizade virtual. Esse cordão precisava ser mantido.
A atração que sentiram um pelo outro realmente não tinha explicação, pareceu eterna, beirando a transgressão da ordem natural. Não havia lógica.

Ele tomou a iniciativa depois de muito relutar e provocou a moça utilizando-se do recurso tacanho do cutucar da rede social. 
Juliano sempre foi um sujeito criativo, mas para as questões inexplicáveis, nitidamente, revelava-se um zero a esquerda. Ele sempre foi assim.
Depois de cinco dias de notar que foi cutucada por Juliano, Fabiana finalmente tomou coragem e num ímpeto de despojo do orgulho ferido e da mágoa guardada pela sensação de abandono de dois anos antes, respondeu cutucando Juliano.

Algumas cutucadas se seguiram e essas se deram com intervalos cada vez menores. Pareciam se medir. Até quando ele tomou coragem e postou um OI na caixa de mensagem dela. 
A resposta não foi imediata como ele esperava. Juliano pensou que teria abusado do relaxamento de Fabiana. Ela não se conteve, ruborizou, praguejou, lacrimejou e até se perguntou do porquê do mal-caráter ter procurado ela depois de tanto tempo. O que ele está querendo comigo agora? Canalha, covarde, filho da puta!
Contudo, duas semanas depois, com o mesmo despojo de antes, somado a uma boa dose de coragem e resignação, ela respondeu e enviou um OI a ele. 

E assim se desenhou o encontro. Na verdade um reencontro. 

Esse encontro ou reencontro ainda não aconteceu, acontecerá. Mas quando Juliano e Fabiana estiverem juntos para conversarem, numa sexta feira qualquer, ou mesmo num outro dia, sei lá, eu conto aqui no meu conto, como o Conto que eu Conto termina de verdade. O final será surpreendente.

Por hora, torço por eles. E você?

16/09/2013

O Pouso da Garça

Ela pousa e posa para o mundo como que dele nada pretendesse. 
O véu que carrega a faz parecer uma noiva. 
Ela está serena e aparentemente sem qualquer interesse.  
A natureza lhe deu esse atributo. A natureza nos deu esse atributo.


Mas ela tem planos. Esconde um desejo. Nós todos temos planos, vivemos de desejos.
Sábia, não revela - por que deveria faze-lo? Somente a ela interessa suas vontades. 
O mundo não precisa saber. Ninguém precisa saber. O desejo é só dela.


Astuta, parte para o ataque decidida. 
O alvo não percebe. Sempre existe um alvo.






Satisfeita, parte para outra. E a vida segue.


Em todo canto a natureza se manifesta.

11/09/2013

Constrangimentos dos outros nos constrangem também.

Quem nunca passou por uma situação embaraçosa como a da repórter da TV? Nem precisaria ser diante de uma câmera ao vivo em rede nacional, bastaria um público de não mais que duas ou três pessoas. O mico mata a gente de vergonha.
Duvido quem não tenha sentido na pele, pelo menos uma única vez na vida, um calafrio inesperado, um do tipo que dá vontade de sair correndo e não olhar pra trás. Daqueles que a barriga gela, o suor congela e a gente perde o rebolado, além do fôlego e da lucidez. 
Até mesmo as pessoas mais tranquilas quando se percebem diante de um branco, pensam no pai, no filho e no espírito santo, menos no que precisaria dizer ou fazer de verdade.
O pior é que quando nos deparamos com constrangimentos dos outros, os chamados "alheios", também nos constrangemos. A gente quer se esconder de nós mesmos, ficamos morrendo de vergonha sem termos culpa no cartório - Ai se fosse comigo! Acho que por isso que criticamos quem está pagando o mico. Talvez pelo susto que ele nos tenha provocado.
Sem críticas, todo mundo erra e eu já me dei conta que quando não tem jeito mesmo, quando o leite derramou pelo fogão, digo pra mim mesmo - Foda-se! Na próxima eu acerto. Dá um alívio na hora. 

05/09/2013

Pluralidade dos Sonhos

Levantou-se cedo como de hábito, dez minutos depois estava na cozinha tomando um café. De licença médica por uma semana, Edinelson ainda reclamava das fortes dores pelas costas. Mais quatro dias estaria de volta ao trabalho.

De sua mochila sacou o laptop e logo estava On Line. O WiFi instalado há pouco fazia com que ele se sentisse mais prático.
Sabia bem o que ia buscar - o resultado da Megasena divulgado na noite anterior. Apostou no jogo mínimo numa sequência de números que fazia todo sentido para ele. Sonhava com esses números todas as noites, desde muito jovem.

Conferiu uma vez, duas e três. Na quarta começou a acreditar. Imediatamente abaixo dos números sorteados vinha a informação de que um único cartão havia conferido o prêmio. E o valor deste ultrapassava os dezoito milhões. E a cidade do ganhador era a mesma que a sua.

Após um desmaio rápido, recuperou-se. Levantou-se, conferiu novamente a tela do computador e cartão de aposta e foi até o seu quarto para comunicar a patroa - aos berros, pois os gritos ela teria ouvido minutos antes.

Dois meses e meio depois os três filhos do casal ganharam dos pais, cada um deles, uma linda e confortável casa própria. Filhos, genro e noras estavam felizes. Dois netos também.

Edinelson e Marlene finalmente conheceram um SPA. Perder vinte quilos, ele e trinta e oito, ela eram as metas. Entraram num avião a jato da GOL com as passagens compradas com cartão de crédito e o Rio de Janeiro e Foz do Iguaçu colocaram os pés e os olhos logo de cara. Deslumbraram-se com o hotel quatro estrelas.

Todos os carnês foram quitados, inclusive o financiamento da casa. Mais 15 anos aguardavam o desfecho. A TV HD 3D foi uma das primeiras compras.
Montou seu próprio negócio - uma papelaria, coisa pequena, mas com certeza iria dar bons lucros todo mês.

Tudo isso sem contar a reparação nos dentes. Tanto Edinelson como Marlene implantariam dentes novos. E com pagamento à vista sem mendigar descontos ao doutor.

Da noite para o dia a vida mudou. Se sentiam plenos de felicidade e agradeciam a Deus pelas graças concedidas.


De novo.

Levantou-se cedo como de hábito, dez minutos depois estava na cozinha tomando um café. De licença médica por uma semana, Edinelson ainda reclamava das fortes dores pelas costas. Mais quatro dias estaria de volta ao trabalho. 

De sua mochila sacou o laptop e logo estava On Line. O WiFi instalado há pouco fazia com que ele se sentisse mais prático.

Sabia bem o que ia buscar: o resultado da Megasena divulgado na noite anterior. Apostou no jogo mínimo numa sequência de números que fazia todo sentido para ele. Sonhava com esses números todas as noites, desde muito jovem.

Conferiu uma vez, duas e três. Na quarta desistiu. Mais uma vez passou longe, sequer um número acertou.

Edinelson e Marlene são de classe média ascendida. Ele torneiro mecânico na pequena metalúrgica do cunhado com mais cinco anos para se aposentar. Ela trabalha de segunda a sábado no controle de estoque do Magazine 2 Irmãos. Foi funcionária do mês, este mês.