22/09/2013

Preocupações burguesas, dissimuladas.


Nomes de pessoas caem em desuso e se tornam antiquados muito rapidamente. Isso é sabido, não fui eu que inventei essa estória, somente comento por aqui.

No mundo ocidental, principalmente, a validade das coisas é sempre para um período bem curto. Tudo tem que ser contemporâneo. Coisa velha é diferente, serve para ficar na estante como objeto de decoração, sugerindo que o dono tem gosto refinado.

Imaginem um adolescente em 2013, no auge da sua tenra idade com o nome de Arquibaldo, Evilásio, Antenor, Maria Estela, Conceição, Neide, por exemplo.

Difícil imaginar um bebezinho nascendo hoje recebendo dos pais orgulhosos o nome de Esperança.

__ Já sabem se vai ser menino ou menina? Menina?!?... que linda! Já escolheram o nome? 
__ Esperança ou Escolástica, estamos em dúvida.
Se a cena pudesse ser fotografada o espectador sentiria vergonha alheia.
__ Diferente, né?
Pessoalmente acho esses nomes muito bonitos, personalizados e cheios de charme. Adoro nomes assim, mas confesso que se tivesse um filho ou uma filha hoje, jamais colocaria um nome desses. Mesmo que quisesse, acho que não me deixariam. Danilo, Bruno, Guilherme, Sofia e até Helena seriam a bola da vez.

Onde estão os Joãos, Paulos, Josés e Franciscos? Marias, Sônias (com circunflexo) e Glórias? Voltarão, talvez, se a moda permitir.

Salvo, claro, àqueles que pensam de forma diferente. Os que tem um pezinho no universo riponga.

Preconceito? Acho que é. Mas pode ser medo. Sim, medo. Medo de que a criança possa sofrer bullyng na escola, na rua e até mesmo dentro de casa. Isso pelo menos até a maturidade dela, daí pra frente ela se vira. Mas até lá  o pau pode comer.
Pode ser também vergonha dos próprios pais em assumir a intenção de dar nomes singelos.

Conheço alguns Antonios que se rebatizaram de Tonys. Judiths e Joanas que insistem em se apresentar como Ju e assim vai.
Sem contar que a gente mesmo, numa situação dessas, teria algum receio de dizer o nome do próprio filho sabendo que a malhação viria em seguida.

Tenho duas tias com nomes bem personalizados - Assucena e Benvida. Quando nasceram lá pelos anos 40 do século XX meu avô teve essa liberdade e elas nunca sofreram qualquer tipo de gozação.

Parece que o mundo era mais livre antes, não existia com tamanha propriedade o conceito de ocidente e oriente, pelo menos da forma como conhecemos hoje e nem tampouco, do novo e do velho, menos ainda de fundamentalistas e coxinhas.

Cada um estava na sua.

Será que isso é evolução da espécie?

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