21/02/2012

Tensão



Lá estava eu novamente envolvido até o pescoço com uma transmissão de carnaval. Dessa vez foi em São Paulo, num domingo a tarde, logo depois do almoço até a segunda feira pela manhã. Dez horas ao vivo e praticamente sem nenhuma falha.
A noite toda com um friozinho na barriga torcendo para que tudo desse certo. E deu.
Deu pelo esforço da equipe de técnicos, operadores, produtores e apresentadores, todos com uma garra admirável.
Dessa vez transmitindo pela TV Cultura. Fazia muito pela Band onde aprendi o modelo, aqui em São Paulo e em outros estados do Brasil.
Tudo novo num ambiente antigo. Fazendo as mesmas coisas com um novo time. Time bom esse que estou, guerreiro demais. No final, confesso que senti muito orgulho.
Imagino que a sensação seja a mesma para um jogador de futebol consagrado, quando passa a jogar por outra equipe, finalizando o gol depois da bola ter resvalado em seus pés. Foi construído por todos da equipe e somente no final a bola passou por ele seguindo até a rede.

Esses momentos para um profissional são determinantes. Eles dão o gás para continuarmos por mais um tempo.
Acreditem, o frio na barriga é intenso. Muita ansiedade até a hora de começar e geralmente no início se estabelece uma espécie de pânico controlado em todos e durante a transmissão o desejo que o tempo passe é enorme.
Do colorido na pista até o cinza dos bastidores o ambiente é nervoso, o palavrão é o meio de desabafar, dá um certo alívio na alma, o tom de voz se altera a adrenalina transborda.

Na medida em que as coisas vão saindo das ideias, tornando-se reais, deixando o papel e caminhando num fluido natural, a tensão diminui. Melhor, ela se transforma. É interessante vermos os sonhos se materializando. Saímos de um  cinza escuro e entramos num ambiente de cores. Algo como depois de uma chuva intensa, repentina que alagada tudo, a luz do sol que aparece entre o punhado de nuvens remanescentes das trevas. É a cor da esperança.


Depois dessa fase vem a manutenção do jogo.

__ Caramba, está dando tudo certo, agora é não deixar a peteca cair. Nada poderá atrapalhar o andamento do trabalho e tentar acalmar os que estão ainda presos na primeira etapa de tensão, para isso preciso me tranquilizar também. Óbvio.

É assim que a gente se sente. Por mais experientes, seguros de si próprios, ninguém pode negar a aflição e a torcida para que o tempo passe.






E assim foi. O tempo passou o juiz apitou e o jogo acabou.
O desfecho é sempre o mesmo. Acho que todos ali sentiram-se felizes.
Após horas e horas de absoluta tensão a sensação é de cansaço, mas também de felicidade, ainda mais quando se vence o jogo. Esse time é muito bom.
Na sexta tem mais. Até lá!









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