O impedimento e as investigações
Duas considerações para o impeachment da presidente Dilma: as pedaladas fiscais, constatadas e não explicadas pelo seu governo e o dinheiro, muito dinheiro de origem escusa utilizado indevidamente pelo partido na campanha em 2014. Esse item ainda na condição de forte indício, muito forte indício, diga-se.
Temperando e inflamando os nervos das pessoas, cada vez mais perplexas, prós e contras, estão as investigações da Polícia Federal que deixaram políticos e empresários de cabelos em pé, levando alguns para a cadeia com consequentes e surpreendentes delações.
A operação Lava-Jato ficará na história do país pela objetividade, a que deu subsídios ao judiciário para o enquadramento dos criminosos. Pode-se dizer isso deles, c r i m i n o s o s.
O enredo se complica quando entram em cena os deputados federais e senadores. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha é réu e mais que sabido por todos que é um mal caráter de primeira e o presidente do Senado, Renan Calheiros, também investigado pela Lava-Jato, estão em postos estratégicos no sistema. Eles encabeçam a lista dos políticos citados nas delações dos presos pela operação Lava-Jato.
Para complicar ainda mais vem a ala oposicionista dessa classe degenerada, políticos contrários ao governo, cacifes e andorinhas com históricos cheios de tramoias no âmbito municipal, estadual e federal. São tão ou mais deliquentes quanto os constatados atuais.
Esse naipe é quem definirá a continuidade ou não da presidente, num cenário absolutamente inverso a tudo que seria de mais claro possível.
Como coiotes no sio, deputados e senadores oposicionistas articulam-se para uma composição pós Dilma impedida. A ideia deles é o vice Michel Temer assumir a presidência com o apoio do Senado e da Câmara para que tudo volte à acalme e a vida possa continuar bela para eles como sempre foi, deixando a forca somente para o PT e aos seus. Parece que a articulação corre amiúde nos bastidores da corte.
Nada contra o PT ir para a forca, penso que esse partido, não os simpatizantes de modo geral, traiu o povão e merece mesmo perder o fôlego em público. Mas e o resto dos bandidos? E os outros que estão camuflados de bons brasileiros?
Alguém daria um cheque em branco ao Aécio Neves, por exemplo, ou a outro cacife do PSDB ou do PMDB ou de qualquer outro partidão? Duvido. Claro que não.
Caso o impeachment ocorra de verdade e o vice assuma a presidência conforme prevê a lei, com ele recebendo o apoio de uma composição nefasta, as investigações não poderiam esmorecer e nem se encerrar como que se elas tivessem sido concluídas com a queda do PT.
Mas alguém acreditaria que as investigações seguiriam com o mesmo empenho?
Sei não, pessoalmente acho que não.
Então, o que fazer? Nada de impeachment, nada de investigações do Lula, sua família e de outros?
Por ela ter sido eleita, não se discute mais o assunto?
Também não, não é por ter sido eleita legitimamente, ela ou qualquer outro teria hábeas corpus para irregularidades.
Portanto, sim para o impeachment, mas também sim para a continuidade das investigações.
E quem garantiria a continuidade das investigações?
Deus, oras! Afinal, não se diz que ele está no comando?
Impeachment e continuidade nas investigações com o mesmo empenho, pois lugar de bandido vivo é na cadeia.
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