Na direita da esquerda ou pela esquerda da direita é como dar uma guinada de 360˚ para reformular.
Quando criança eu pensava que depois do ano 2000 o mundo seria totalmente diferente.
Na época se dizia que no futuro, embora distante para as crianças, teríamos um mundo espetacular. Um lugar maravilhoso, todo automático, prateado, reluzente, brilhante, refletindo azul, amarelo e vermelho em tudo.
Acreditávamos no futuro como sendo uma coisa do outro mundo, um lugar cheio de seres extra-terrestres, de raios ultra-magnéticos catalisadores do bem, de cosmonautas errantes, de homens do espaço iguais aos das séries da TV em preto e branco, do tipo O homem do Espaço de 1962.
Acho que esta série foi exibida em São Paulo pelo Canal 7 - TV Record. O bispo, ainda criança como eu, nem imaginava que no mundo laminado ele seria o dono desse templo. (Será que não?)
Imaginávamos um mundo de telepatias, de objetos que se movimentariam pelo ar somente com a força do pensamento.
Imagine uma criança de 8, 9, 10 anos de idade pensando nesse futuro. Que mundo seria esse dos mais estranhos?
Confesso que me sentia alguma vezes um pouco assustado com essa expectativa. Duvidava desse futuro tão cinematográfico, mas também não via a hora do tempo passar só para conferir a veracidade da lorota.
De certa forma o mundo prateado, futurista e espetacular, aconteceu. Chegou de mansinho, aos poucos, bem à sua forma, e nele estamos, e diante dele nos debruçamos.
Em nosso país, dito como o mais encantador recanto do planeta, o canto que neste 2014 - ano da Copa do Mundo, o evento que emudeceu nativos de todas as cores pela realidade que se mostrou racional em excesso, diga-se, pelos sete a um e 3 a 0, numa espécie de estupro de orgulho de país do futebol, o mesmo ano que quem prometeu mudanças de um passado de chumbo e que nada ou quase nada fez e sabe que precisa fazer alguma coisa para se manter no trono, a tecnologia ultrapassou muitas das expectativas.
Nem o mais otimista dos futuristas poderia imaginar um mundo tão conectado como o que dispomos hoje. Mesmo que por aqui a banda larga seja ainda um pouco estreita.
Mentira, alguns mais atentos imaginaram sim. Até mesmo antes dos meus tempos de criança, alguns se atreveram às profecias e se deram muito bem.
Mudou muita coisa é verdade, mas na essência, na carne, no sangue e na alma, somos exatamente os mesmos como eram os nossos pais. (Viva Belchior)
Trocamos de roupa, talvez. Limpamos o suor com o banho com a água que ainda nos resta. Vestimos uma nova roupa, mas ainda gostamos de andar de nariz empinadinho.
A charge foi inspirada numa postarem da net. O intuito foi chamar a atenção para a mentira em que nos meteram.
O sistema é tão presente nesse futuro que sorrateiramente se aproximou que nos ilude, nos faz pensar que gozamos da liberdade e que podemos escolher os caminhos que quisermos, mas na verdade ele esconde o ímpeto tirano. Nos ilude com um pseudo livre-arbítrio.
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