Na última postagem do ano deixo uma lembrancinha, quase um dengo ao meu bairro, o Belém, Belenzinho.
Nasci na Penha, morei no Ipiranga quando muito criança e logo me mudei para o Belém onde fui criado.
Mesmo antes de residir neste tradicional pedaço paulistano, cheio de histórias, não saia da casa dos parentes que sempre moraram por lá.
Eu simplesmente adorava andar de bonde e olhar as ruas de paralelepípedos. Ver as lojas, as pessoas elegantes indo para todo lado com pressa. Era uma vida de cinema para mim.
Gostava muito de apreciar os casarões, mesmo os decadentes, que já na época guardavam histórias, resquícios das saraivadas de balas da Revolução de 32. A arquitetura rebuscada das fachadas e seus reboques de cimento cintilante me instigavam.
Ouvia relatos que envolviam meus bisavós, avós, pais, tios e tias, onde o cenário eram sempre as ruas deste meu bairro. Rua Saldanha Marinho, Avenida Celso Garcia, Rua Catumbi, Maria Zélia, Largo São José do Belém, Rua Herval, Julio de Castilhos, Avenida Álvaro Ramos, Rua Cajurú, Dr Clementino, Pimenta Bueno, Irmã Carolina, Redenção.
Grupo Escolar Amadeu Amaral, Cine Teatro São José, Cine Ibéria, Multividro, Cristaleria Lusitana, Casa Silva, Brinquedos Estrela, Agostiniano São José.
Ontem fui almoçar com minha mulher na Pastelaria Japonesa que fica na Rua Belém, entre a Visconde de Parnaíba e a Cajuru, uma pastelaria à moda antiga fundada em 1971.
Fomos lá só para matar saudades e a fome, naturalmente.
Numa das paredes notei uma exposição de fotografias em preto e branco e coloridas, estas bem desbotadas e entre elas, duas me chamaram a atenção, eram da construção e inauguração do Viaduto Guadalajara, isso entre 1969 e 1970. A inauguração se deu logo após a Copa do Mundo no México, ainda sob a euforia do TRI e por isso recebendo o nome, numa espécie de homenagem a receptividade do povo de Guadalajara.
O pastel estava uma delícia.
Andar pelas ruas do bairro é como andar pelo quintal de nossa casa. Cada cantinho tem um pedacinho de nossa história. É só prestarmos atenção que a memória nos alcança.
FELIZ 2015 PARA TODOS NÓS
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