05/07/2014

A VIUVA PORCINA SABE DAS COISAS

Imagem - Google
Eu disse a um amigo que se a seleção brasileira continuasse jogando sem brilho como anda jogando, provavelmente ela voltaria para casa antes do final da Copa e a vida por aqui voltaria ao que era. 
O amigo apressou-se na correção e bastante ríspido disse que isso não aconteceria de modo algum e em caso de acontecer, a seleção “não voltaria” pois ela já estaria em casa. 
Calmamente respondi que ele enganava-se, pois nem a Europa e muito menos a Ásia ficam aqui pelos trópicos. Me referia, evidente, aos jogadores da seleção que retornariam aos seus clubes pelo mundo afora. 
Ele me deu às costas esboçando um ar de desprezo cinematográfico e ainda me chamando de "coxinha". 
Tive a sensação também de ouvi-lo dizer bem baixinho que eu era um "reaça". 
Caramba, as coisas não mudaram mesmo e não havia me dado conta de quanto não mudaram.  
A censura ideológica permanece atenta na nova ordem regional. 
Pensei: acho que ele está preocupado com o sucesso da Copa e os dividendos políticos que este sucesso traria para os seus e no caso negativo,  quanto e qual seria a repercussão. 
Afinal, muita coisa se falou a respeito da Copa, da Fifa e do governo brasileiro que fez de tudo e mais um pouco pra trazer o evento para cá. 
Bem, continuando e para quem não sabe, alguns tementes batizaram de "coxinhas" os que dizem que os ladrões, incompetentes e mal intencionados existem em todos os cantos da política, inclusive no canto deles. 
E nesse ambiente também é reconhecidamente um cozinha de marca maior o sujeito que pertence a classe média ou a classe alta, indistintamente.  
As castas fazem parte da relação humana, sempre fizeram e talvez existam pela natureza nefasta da nossa espécie. Há de se evoluir e não se sabe ainda o caminho para isso. 
Uma coisa  me parece certa: pela regra do temente, os pobres não podem ser coxinhas de jeito nenhum. Isso é impensável, intolerável. Coxinha é coisa da classe dominante. 
Mas quem é que domina agora? 
Segundo a cartilha o pobre quando ascende deve manter-se fiel às raízes. 
Correntes de ouro e celulares para as selfies podem ser de bom tom, mas sem exageros, pois os excessos levam o incauto à coxinhice. 
E nada de mudar de bairro. Pobres devem caiar as paredes dos antigos castelos com o verde-telefônica muito em moda e se tiver que mudar de endereço que mude logo de continente, pois o Haiti não é aqui. 
Os tementes enxergam o mundo divido em dois lados distintos: num lado ficam os cozinhas  os adoecidos pelo complexo do vira-latismo,  e que não possuem opinião própria e do outro lado, em destaque, cheios de soberba, os modernistas, os novos donos da verdade. Simples assim. 
Tal como dizia Sinhozinho Malta, o caricata personagem da novela Roque Santeiro do escritor Dias Gomes: 
“Ou está comigo ou está contra mim”. 
A viuva Porcina fazia com que este exótico personagem se rendesse a ela como um vira-latas dos mais submissos. 
AUuuuu... Uuuuu.... AUuuuu.... amarrado e lambendo a pulseira de ouro, cravejada de brilhantes de sua dona. 
Deixei-o ir e voltei a torcer pela seleção brasileira.


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