
Pouco são os momentos em que nos encontramos sozinhos, são raros na verdade, pelo menos pra mim. No meu caso, pela fobia de transporte urbano é no meu carrinho de vai e vem que encontro essas oportunidades. Nele posso pensar, lembrar, rir, cantar e xingar.
Ouvindo rádio, raramente ouço músicas, nessas horas curto mais os noticiários e os comentaristas que sabem tudo. É chato eu sei, é coisa de velho gagá, mas é o que eu curto e desde bem mais jovem. Seria eu um nerd, um abdusido?
E assim vou e volto do meu trabalho todo santo dia e geralmente com a orelha fervendo, com o coração pulsando forte e o saco bem cheio.
Nesses momentos de isolamento procuro me distrair, mesmo cercado de coisas infernais por todos os lados - carros, caminhões e outros, sem contar os eventuais encontros com cadáveres estendidos às margens da avenida, próximos a motocilcetas retorcidas e viaturas piscando.
Fico doido da vida quando o celular toca nessas horas, me sobe o sangue, não é justo, eu penso e geralmente atendo grosseiramente:

Desenvolvi uma técnica para me distrair enquanto dirijo preso ao trânsito lento de São Paulo: fotografar. Devo ter feito mais de mil fotos assim. Uso o mesmo celular da multa e posso receber outras sem mesmo estar falando ao telefone.
Já vi gente me olhando feio sendo fotografada, me divirto, eu capricho na cara de idiota e reduzo a velocidade, os caras ficam mais putos ainda.
Coisa de doido viver numa cidade desse tamanho, a gente arruma cada uma para passar o tempo.
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