04/09/2016

Pasárgada de Manuel Bandeira

CONTEMPORÂNEO
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.



03/09/2016

Caçar Pokémon não é coisa de viado



Antes eu diria: caçar pokémon é coisa de viadinho.

Hoje, com o patrulhamento ideológico eu não me atreveria a utilizar tal expressão. Reza a cartilha contemporânea que é preciso considerar que nem todo viado, além de sentir prazer em dar o cú, nas horas vagas também caça pokémons e de certo, os viados e os patrulheiros me acusariam de homofóbico doente, de retrógrado, de tosco, de conservador, de coxinha, de Bolsonaro, de Russomano, de Serra, de golpista, no mínimo. Sem contar a possibilidade de sofrer um processo onde me acusariam de discriminador social, racial ou de outro caralho a quatro qualquer.
Amigo, a coisa está preta, ops... está feia. É nego te medindo o tempo todo. (... quis dizer, gente te medindo)

Então eu digo que caçar pokemon é coisa de mi mi mi. Coisa de quem não tem o que fazer na puta da vida. Coisa de idiota, só isso.

Espero que os patrulheiros não me venham em defesa dos mimimentos, ou dos idiotas ou dos quem não têm o que fazer na puta da vida. 
Parece que o mundo era mais livre antes da liberdade de expressão.